Capítulo Dezesseis

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Bryan
Depois que acordamos eu e Xamã tivemos uma conversa muito longa, muito longa mesmo. Tipo, papo da gente acordar pra conversar às 7:30 e terminar de conversar às 12:50. Ficamos 5 horas conversando, ele basicamente prometeu nunca mais fazer aquilo, e eu acreditei, é óbvio que eu acreditei. Tinha sinceridade em sua voz. Eu também tive que prometer não cobrar tanto dele, ele está pensando de uma forma de assumir o nosso namoro, então não quer que a gente fique tão exposto em público. Ele está com medo de se assumir bissexual, eu entendo, afinal o mundo não é mil maravilhas como algumas histórias gays representam. É tão difícil ser você mesmo na mídia, você recebe tantas críticas que você mesmo se pergunta se está errado e no que você precisa mudar. Sendo que você só está sendo você mesmo.
Depois da nossa conversa eu peguei um Uber para ir para casa e me arrumar, eu e Xamã fomos chamados para o podpah para falarmos sobre o novo álbum dele.
Eu estava esperando ele na porta do prédio e o porteiro de lá chegou, e eu comecei a puxar assunto com ele.
– Opa seu Antônio.
– Tudo bom meu fi?
– Tudo bom graças a Deus, e com o senhor?
– Tô bem também. Meu pai Oxalá garante que fique tudo bem comigo.
– Que bom né seu Antônio.
– E aí? Ficou sabendo que a mulher do apartamento 311 traiu o marido?
– Aquela velha? Mentira, com quem? - Eu coloquei o celular no bolso e me apoiei na janelinha da cabine dele.
– Disseram que foi com entregador de comida.
– Mentira…
– Ela pedia todo dia comida nesse restaurante que quando chegava lá no estabelecimento o motoboy já sabia que era ela e já se voluntariava para ir entregar.
– Mas desde sempre aquela mulher foi bem atirada mesmo né. Eu lembro que no dia que meu chuveiro estragou e eu liguei pro moço vir consertar quando eu estava na porta acertando o pagamento com ele, ela passou e começou a dar mole pra ele.
– Sério? Isso eu não sabia não.
– Isso é uma cachorra, menina. E vem cá, como ele descobriu?
– Porque a tia dele era dona do restaurante, e quando viu estranhou. E então, quando ela pediu, a tia dele seguiu o motoboy até aqui e viu tudo, filmou e mandou pro marido dela.
– Gente, que loucura.
Eu olhei pra rua e vi o carro de Xamã chegando, eu me despedi de Antônio e fui até o carro. Entrei no mesmo e beijei Xamã, ele estava com um óculos escuro, uma calça rasgada preta, uma blusa branca e um casaco preto.
– Quem é aquele velho? - Ele perguntou dando partida.
– O porteiro do prédio.
– O que vocês estavam conversando?
– Fofoca do prédio.
– Entendi.
– Liga o rádio.
– Amor, tá muito frio, não tô no clima pra música.
Eu revirei os olhos e deitei minha cabeça no ombro dele e seguimos caminho.

Tudo Muito Bem (Versão de 10 Sentimentos) - XamãOnde histórias criam vida. Descubra agora