1. Nunca recuse um chocolate quente romano

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Nico di Angelo

Estávamos tomando chocolate quente enquanto esperávamos o início do fim do mundo.

Eu já estivera em Roma, a Roma italiana, pelo menos foi o que Stella disse e o que as fotos que Bianca tinha guardado provaram. Eu não me lembrava, mas acho que sua beleza poderia ser equiparada com Nova Roma com seus jardins elevados, fontes e os templos, as ruas sinuosas com calçamento de pedra e as vilas brancas e reluzentes.

Não estava frio para se tomar chocolate quente, mas só um louco negaria o chocolate quente de Nova Roma. O líquido cremoso preenchia minha boca e minhas narinas eram preenchidas pelo cheiro doce.

-Você vai ficar aqui? Lutando por Roma? - Pergunto para Hannah que também aprecia sua bebida quente.

-Você sabe...eu vim para cá antes da maioria. - Ela pousa o copo de chocolate quente na mesa e suspira como se estivesse com a cabeça muito distante. - Eu passei pelo treinamento de Lupa com cinco anos. À maioria só chega aqui depois dos onze. Eu passei o primeiro ano aqui, mas eu era muito pequena, talvez Lupa tenha cometido um erro ao me trazer tão cedo.

-Pensei que Lupa não cometesse erros.

-Acho que já sou a exceção para tantas coisas, talvez essa seja mais uma.

Semideuses gregos eram normalmente guiados até o acampamento por sátiros, criaturas da natureza metade humanas, metade bode. Os romanos tinham a Loba Lupa. Os mitos diziam que a loba criará Rômulo, que futuramente se tornaria o fundador de Roma. Quando chegava o momento certo ela levava os verdadeiros romanos para um treinamento que os preparariam para servir à Nova Roma. Lupa era severa e acreditava que os semideuses tinham de provar o seu valor. Hannah, acreditando ou não nisso conseguirá, conseguirá de alguma forma o respeito de Lupa, então não poderia ser o desastre que afirmava.

-Mas você é um Legionário, significa que conseguiu um marco, provou seu valor.

-Acho que sim, mas não é sobre isso a história. Depois do primeiro ano eu consegui uma autorização dos pretores e do senado, para passar apenas os verões no acampamento, o que era incomum, quando se é romano devesse orgulhar e lutar até a morte defendendo Roma, mas eu sentia que meu lugar não era nos Jogos de Guerra com uma espada nas mãos. Eu achava que não merecia ser uma romana. Talvez não mereça, mas, apesar de tudo, essa é quem eu sou. Sou filha de Roma esse é o meu lugar, e eu daria minha vida por ele.

Hannah Lewis era atípica, em todos os sentidos. No último verão, enquanto a versão romana do meu pai apresentava a mim e minhas irmãs para uma multidão de romanos eu pude vê-la no meio da multidão, parecia impossível, porque eu estive com ela no acampamento meio-sangue, um acampamento de verão para semideuses gregos, apenas algumas semanas antes. Fora a primeira regra quando chegamos ao acampamento Júpiter: Gregos e Romanos não podem saber da existência uns dos outros, mas ela sabia. Por cauda de um acidente, mas sabia.

Hannah era o que os mortais chamavam de precoce. Ela passará da primeira série direto para a faculdade. Enquanto as outras crianças aprendiam a ler, ela ficava quieta em sua carteira decorando o nome de cada osso do corpo humano. E apesar de ser simplesmente extraordinária, tinha dificuldade em acreditar nisso e acreditar que realmente pertencia a algum lugar. Fora por isso que me senti tão próximo a ela tão depressa. Eu sabia como era a sensação de não pertencer.

-Mas se, Percy completar dezesseis anos e o mundo não acabar. Você vai voltar para faculdade?

-Eu não sei, talvez eu complete a faculdade de biologia, mas eu não sei se meu pedido para entrar na escola de medicina vai ser negado de novo. - Fala com frustração na voz, voltando a bebericar seu chocolate quente. - Eu fiz alguns exames psicológicos no hospital e expliquei para eles que precisava enviar os resultados para os mortais. Meu pai me enviou uma carta dizendo que vai tentar resolver a papelada, mas no fim a decisão é da juíza.

Di Angelo 3 | O filho de CronosOnde histórias criam vida. Descubra agora