3.Quando eu quase "matei" minha tenente

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Bianca di Angelo

Quando eu estava em Hestover Hall, o último internato que estudei com meus irmãos antes do meu juramento à Ártemis, eu me tornara uma espécie de arqui-inimiga da bibliotecária do colégio. Eu nunca soube exatamente o porquê, mas acho que ela não aprovava muito o mesmo gosto literário, já que se esforçava incansavelmente para me fazer ler algum dos livros clássicos. O mais próximo disso foi quando eu cedi e li as aventuras de Robin Wood.

Eu não era uma fora da lei me escondendo na Floresta de Sherwood no meio do alvorecer, mas as batidas frenéticas e irregulares do meu coração, a onda de calor que percorria todo o meu corpo e se concentrava nas pontas dos meus dedos enquanto eles seguravam meu arco e uma flecha pronta para ser lançada, podiam facilmente me convencer que em breve eu viveria uma cena de perseguição pelo Shades State Park.

Naquele momento afastada do acampamento e da maioria das trilhas, com aquele arco na mão prestando atenção a cada mísero som e movimento eu me sinto abraçada por uma confiança inabalável, como se eu pudesse lutar contra qualquer um e vencer. Era efeito da adrenalina, mas eu não me importei, sem ela eu provavelmente não teria notado o som de um graveto quebrando, foi suave o bastante para nem os pássaros nas copas das árvores perceberem e se afastarem. Eu me virei tão rapidamente e estava pronta para deixar a flecha ir em direção ao esqueleto, mas me contive antes de acertar a garota de quinze anos na minha frente, de novo.

—Calma aí, princesa das trevas! — Disse Thalia Grace com um sorriso divertido no rosto, levantando as mãos na altura do rosto como se eu realmente fosse atirar nela. talvez eu devesse.

—Fique quieta. — Murmuro. E tento voltar o foco.

—Ei! Eu ainda sou a sua tenen— Ela se interrompe quando minha flecha cruza o ar, muito perto do rosto da Tenente de Ártemis, mas segue até que um dos meus esqueletos a segure antes que ela arruíne seu externo ou uma de suas costelas expostas. Eu suspiro, relaxando os músculos, baixando o arco e deixando que uma leve risada escape pelos meus lábios. Thalia olha exasperada para trás com uma cara dramática para mim. — Bianca!

—Desculpe-me, minha tenente. — Reviro os olhos e sorrio, enquanto ando em direção ao esqueleto pegando minha flecha de volta e guardando na aljava presa ao meu quadril.

—Você quase me matou, de novo!

—Eu não quase te matei! — Protesto prendendo o arco nas minhas costas. — Foi um acidente, eu estava aprendendo e foi só um corte superficial no ombro.

—Quem disse que foi superficial?

—Phoebe, sua curandeira.

—Preciso ter uma conversa com ela sobre sigilo médico. — Seu tom é frustrado e quando cruza os braços parece muito com uma criança irritada quando a mãe não permite repetir a sobremesa.

—Você estava me seguindo?

—Eu estava te procurando. Vamos dar uma volta. — Ela se aproxima passando o braço pelos meus ombros despreocupadamente. Eu dispenso o esqueleto que um movimento da mão e observamos juntas ele se transformar em uma pilha de ossos que logo desaparece em sombras. —Você treina muito com esses mortos-vivos.

—E a sua solução é lutar com uma imortal?

—Nah...não quero lutar. — Andamos por uma das trilhas e seguimos até uma queda d'água. — Vou te ensinar um truque.

—Um truque?

—É, não vai salvar sua vida, mas eu tenho certeza de que você vai me agradecer por ele. Você sabe... — Sentamos em um tronco de madeira no chão. É uma clareira reservada e o som da água tornaria um lugar perfeito para meditar e relaxar. — Quando você sair da caçada.

Di Angelo 3 | O filho de CronosOnde histórias criam vida. Descubra agora