Bianca di Angelo
Desde a minha estadia no castelo da noite e da minha benção de Nix, a noite se tornou um momento bastante reconfortante. Ter a proteção de algo tão vasto como a noite me acalma. Nix não era alguém muito fácil de se lidar, ela era inconstante e autoritária, mas ela poderia ser bastante benevolente e compreensível.
Foram seis meses conturbados. Participando de ritos antigos e bailes sendo a única mortal entre diversas divindades. Nix me tratou como uma de suas filhas e serei eternamente grata.
Fazia alguns meses que eu estive em Nova York, mas fora uma visita rápida, nem sequer pisei em Mahattam. Ela era bonita assim, com as luzes ligadas, como se ninguém ali pudesse verdadeiramente dormir. Estávamos no topo de um daqueles prédios, ele parecia ser o único com as luzes apagadas. Era uma ótima vista, eu conseguia ver a ponte de Manhattan e algumas embarcações que cruzavam o rio Este na distância.
Nix era uma figura indefinida, como se feita de cinza e fumaça, seu vestido era negro feito o vácuo e se misturava com a escuridão, com as cores de uma nebulosa espacial, como se galáxias nascessem de seu corpete. Era difícil ver o rosto em detalhes, exceto pelos pequenos pontos de seus olhos que brilhavam como quasares. Eu gostaria que tivessem estrelas no céu, mas a poluição luminosa tornava impossível encontrar no céu até mesmo a estrela de Sirius. Ela estava apoiada elegantemente na grade da sacada. Eu me apoiei também nos cotovelos, de forma despreocupada, observando os carros e as pessoas lá embaixo.
—Como você está levando? — Pergunta sem olhar para mim, o tom era mais suave que o habitual.
—Da melhor forma que posso. — Murmuro em resposta.
—Bianca, você não estará segura.
—Eu nunca estive segura.
—Bianca... — Ela olha para mim, eu afasto meu olhar por uns segundos, mas volto a olhar a paisagem.
—Não precisa se preocupar comigo.
—Mas eu me preocupo. Está vendo? — E então indica com o rosto na distância um dos prédios mais altos dali. Eu demoro um tempo para notar a presença dele, mais ainda para identificar que é um Empire States Building. Todas a luzes apagadas. O prédio mais brilhante de Nova York desligado. — Eles não vão vencer de novo.
Eu ouvira as histórias que no 600° andar do edifício se localizava o Monte Olimpo. Inacreditável, não é? Se esconderem dos mortais na frente de todos eles. É meio inacreditável pensar nos deuses sendo derrotados, isso me deixa inquieta.
—Talvez... — Suspiro pensativa.
—E então?
—Eu espero que não. Eu quero que meus irmãos tenham um futuro.
—Vocês três sempre serão bem-vindos no palácio de seu pai. — Ela comenta claramente desconfortável.
—Eu gostaria que eles tivessem um futuro mais vivo. — Digo com uma risada abafada.
—Imagino então que um convite para o meu palácio seria negado muito mais depressa. — Eu me afasto do metal frio e ando em círculos na cobertura vazia. Eu me lembro do castelo da noite, um labirinto de mármore negro. O lugar era inteiramente escuro tendo sua iluminação feita exclusivamente pelas luzinhas espalhadas no teto e nas paredes organizadas em constelações. As vezes o silêncio parecia quase ensurdecedor, as vezes estava lotado e você podia ver Hemera, Aurora, Hespérides e até mesmo as horas correndo pelo castelo. Eu não consigo visualizar Nico e Stella sobrevivendo mais que uma semana ali. — Você sabe que vai precisar lutar, não sabe? Sabe que vai perder.
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Di Angelo 3 | O filho de Cronos
Fantasía𝐷𝑒𝑠𝑝𝑟𝑒𝑧𝑒 𝑜 𝑚𝑜𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑒𝑙𝑒𝑠 𝑎𝑐𝑒𝑛𝑑𝑒𝑚 𝑣𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑅𝑜𝑚𝑎, 𝑚𝑎𝑠 𝑎𝑚𝑒 𝑜 𝑑𝑜𝑐𝑒 𝑎𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑟𝑜𝑚𝑒𝑠𝑎𝑠. 𝑆𝑖𝑛𝑡𝑎 𝑚𝑎́𝑔𝑜𝑎 𝑒 𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒, 𝑚𝑎𝑠 𝑛𝑎̃𝑜 𝑠𝑜𝑓𝑟𝑎 𝑠𝑜𝑧𝑖𝑛ℎ𝑜, 𝑢𝑠𝑒 𝑎 𝑑𝑜𝑟 𝑐𝑜�...