4. Somos servidos biscoitos queimados

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Nico di Angelo

Ser filho de Hades envolve viajar nas sombras, desmaiar em uma cidade minúscula no Kanzas, sonhar e receber conselhos de um recém-fantasma que você nem sequer sabia que estava morto, acordar e terminar a viagem até Nova Iorque, entrar na floresta nos arredores de acampamento de verão para semideuses gregos, assustar um sátiro gordo e mal humorado, levar um cão Infernal para passear e se preparar para levar um filho de Poseidon por uma pequena viagem para o Inferno que pode impedir o fim do mundo, tudo isso antes da hora do jantar.

Eu estava me sentindo péssimo e ainda não superará o arrependimento de não ter parado no restaurante da Tia Sunny antes de partir do Kanzas.

Quando eu retornei para a clareira não encontrei Lineu, o "senhor da vida selvagem", mas consegui ouvir Percy xingando-o e não pude evitar de dar um sorriso discreto.

-Bom trabalho, Percy. A julgar pela trilha de tufos de pelo de bode, eu diria que você deu uma bela sacudida nele.

- Bem-vindo de volta. Passou por aqui só para ver Juníper? - Perguntou sorrindo, um sorriso que parecia divino e não importava o quanto eu tentasse minhas bochechas ficaram vermelhas e eu senti uma sensação estranha na barriga que me convenci que era fome por eu ter pulado o café da manhã e o almoço.

-Hã, não. Isso foi um acidente. Eu hã... apareci no meio da conversa.

-Ele quase nos matou de susto! - disse Juníper. - Surgiu no meio das sombras. Mas, Nico, você é o filho de Hades. Tem certeza de que não ouviu falar nada de Grover?

-Juníper, como tentei lhe dizer... mesmo que Grover morresse, ele reencarnaria em outro ser da natureza. Não consigo pressentir esse tipo de coisa, somente as almas mortais.

-Mas se você souber de algo... - implorou ela, pousando a mão no meu braço. Foi uma sensação engraçada, as pontas dos dedos dela transmitiam a mesma sensação de folhas tocando suavemente meu braço. - Qualquer coisa...

-Ha, claro. Vou ficar atento. - Murmurei, porque era muito estranho ter alguém implorando por ajuda e não poder ajudar.

-Vamos encontrá-lo, Juníper - Prometeu Percy, algo que eu não tive coragem de fazer. - Grover está vivo, tenho certeza. Deve haver uma razão simples para ele ainda não ter entrado em contato conosco.

Ela assentiu, abatida.

-Eu odeio não poder deixar a floresta. Ele pode estar em qualquer lugar, e eu presa aqui, esperando. Ah, mas se aquele bode tolo se machucou... - A sra. O'Leary voltou saltitando, e seu interesse foi despertado pelo vestido de Juníper.

Juníper gritou.

-Ah, não! Não ouse! Conheço a história de cães e árvores. Fui!

Puf! E se transformou em névoa verde. A sra. O'Leary pareceu desapontada, mas seguiu pesadamente em busca de outro alvo, deixando-me sozinho com Percy. Meu corpo ficou mais tenso do que eu imaginaria ser possível. Era estupidez, eu não deveria ficar assim eu tinha uma missão a cumprir.

-Lamentei quando soube de Beckendorf. - Comentei lembrando da visão que me veio sem um motivo aparente além de um conselho vago e uma mensagem por entregar.

-Como é que você...

-Falei com o fantasma dele.

-Ah... certo. Ele disse alguma coisa?

-Ele não acha que a culpa tenha sido sua. Imaginou que você deveria estar se martirizando e disse que não deve fazer isso.

-Ele vai tentar renascer?

Di Angelo 3 | O filho de CronosOnde histórias criam vida. Descubra agora