CAPÍTULO 3 - A Sombra

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Uma chama verde, numa linha fina como um furacão, penetrou o céu. Molinor voltava para casa andando guiando seu cavalo, pois já estava cansado de cavalgar, quando viu aquele clarão. Aquilo significava uma coisa: alguém se libertara da prisão em Margholia. Ele precisava alertar o rei.
Rapidamente cavalgou até Athban. Passou pelo vilarejo, que estava tendo um bom festejo em honra de aniversário ao Ulthred, o Rei.
- Ulthred, o Maior! - diziam eles, com sua canecas cheias de cerveja e brindando uns aos outros.
- Senhor, preciso alertá-los!
A taberna estava lotada de homens, e mulheres que eram pagas pra lhes satisfazerem, com os seios á mostra em seus colos.
Ninguém prestava atenção nele.
Ele bateu com força na mesa, e gritou:
- Hey!
Finalmente fez-se silêncio. Até os músicos pararam de tocar.
- Há uma chama verde no céu, alguém em Margholia escapou da prisão! - os homens se entreolhavam confusos e atônitos- Temos que convocar as bruxas do Reino!
O rei que estava no canto da mesa, numa cadeira alta e superior com sua esposa e seus dois filhos, disse:
- Quieto homem, venha brindar! - disse o rei Ulthred, tomando mais um copo de cerveja, que escorria em sua barba escura.
- Senhor, escute-me! - pediu.
Mas o rei não lhe deu ouvidos. Triste e preocupado ele se retirou.
Se dirigiu para casa. Tudo estava quieto por ali. Havia algo de estranho. Não era comum tanto silêncio.
O ar estava carregado. O vento soprava forte. E estava escuro, as luzes havia se apagado.
Sentiu um calafrio percorrer-lhe.
- É a bruxa! - gritou uma velha, que estava ao lado dele - Solte o cavalo e deixe-o ir! Salve-o!
Molinor apenas seguiu em silêncio. A única luz que vinha era da luz daquela chama verde que inundava o céu.
Mas ele precisava chegar até sua casa. Passou por um caminho lamacento, mas logo chegou.
- Benella! - chamou - Abra a porta!
Não houve resposta.
- Benella! Benella!
Silêncio apenas.
Ele tentou enxergar através do vidro da janela, mas estava tudo embassado.
- Benella!
Molinor chutou a porta. Uma. Duas. Três vezes. E a porta cedeu. A fechadura quebrou-se. Ele amarrou o cavalo perto da casa e entrou.
Para sua surpresa estava tudo muito limpo e organizado, mas havia sangue no chão. Muito sangue. Segurando a respiração e dando pisadas leves, ele foi caminhando em direção ao sangue, que ia para os aposentos. O sangue levava para a frente, para a cozinha. "Ah não, Benella, por favor." Ele foi chegando cada vez mais perto, com cautela e cuidado, pegou um martelo perto da mesa que estava no corredor e foi seguindo.
O chão era de madeira, se ele não pisasse nos lugares certos iria fazer um tremendo "crac", e isso não seria nada bom. Fosse lá o que estivesse ali.
Ele foi se achegando. A luz da cozinha estava apagado, ele tomou um choque quando viu o corpo de sua esposa e filha no chão, sem vidas e com as cabeças arrancadas. Elas haviam sido assassinadas, e alguém havia levado as cabeças embora.
Uma voz, uma voz conhecida dissera para ele uma vez, quando Molinor era mais jovem, e ele lembrou-se...
- "A Morte anuncia a vinda de uma bruxa, cuja alma está amaldiçoada".
Naquele momento, Molinor gritou em desespero. A dor que ele sentiria para sempre ao ver os corpos mutilados de sua esposa e seus filhos.

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