CAPÍTULO 10 - Brincando com Fogo

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A escuridão rodeava os muros de Athban, Molinor correu para avisar os soldados, pois avistara a bruxa vindo com seu exército para atacá-los e tomar o reino. O vilarejo já havia sido tomado, e não tinha mais o que fazer. Estava ansioso, precisava chegar o mais rápido possível. Embora, ainda estivesse de luto pela sua esposa e sua filha, ainda tinha esperança de que o rei acreditasse nele.
- Quem vem aí? – perguntou um dos guardas do alto da muralha.
- Molinor. – apresentou-se – Meu vilarejo foi atacado, minha esposa foi morta, e minha filha também. Desejo falar com o rei imediatamente!
Os guardas se entreolharam.
- E como quer que acreditemos num mendigo maltrapilho como você? – zombou o homem – 

Volte para casa, e deixe de contar mentiras, ou o rei irá enforca-lo!
- Não tenho mais casa, incendiaram o vilarejo, mataram todos! – contou Molinor, olhando para trás, estava assustado demais – Deixe-me falar com rei, se for mentira, então que ele me enforque e veja além dos muros!
- Tudo bem então. – falou um dos guardas – Abram o portão!

O portão foi aberto e então ele entrou. Subiu as escadas depressa, nem ouviu o que guarda disse, isso não importava mais. Precisava entrar, falar com o rei depressa.
Um guarda estava no Portão Principal do castelo.
- Preciso falar com Ulthred, urgente!
O homem assentiu e deu dois toques na porta e a porta se abriu.

O salão principal tinha velas para todos os lados, o rei Ulthred estava sentado em seu trono, quando viu Molinor encarou-o. Os cabelos grisalhos do rei iam até o pescoço. A barba por fazer, e a cicatriz no olho esquerdo. Diziam que o rei brigou feio com seu primo e duelaram até a morte.
- Que visita mais... – começou a dizer – Surpreendente.
- Senhor, vim lhe avisar, e peço que me escute...

O rei Ulthred pigarreou e interrompeu-o dizendo:
- Eu sei quem está vindo, meu caro – disse o rei, alto e claro.
Molinor ficou surpreso.
- Como assim o senhor já sabe? – indagou Molinor.
- Ora, Ônix escapou da prisão, não foi?

E então, tudo passou a fazer sentido, o rei Ulthred era fiel á bruxa. Ele sabia de tudo. Até da sombra que matara sua esposa e filha.
- Você nos traiu!
- Eu não traí ninguém! Mantenho fiel á minha coroa! – berrou ele, sua voz fazendo eco nas paredes – Ônix porém, me ofereceu algo maior.
- E o que ela lhe prometera que o fez esquecer-se de sua honra?

Naquele momento Ulthred levantara do trono – que era feito de diamantes e brilhava intensamente á luz da lua – o manto do rei era de linho fino escuro e esvoaçava conforme ele caminhava. Molinor pensou que ele ia esbofeteá-lo, mas ao invés disso, ele apenas começou a andar.
- Honra? – queixou-se Ulthred – Nunca tive honra de ninguém! O que o povo fez por mim? O que povo fez por seu rei?
- E o povo tem que fazer algo pelo senhor? O senhor nos governa!
Ulthred riu.
- Não me tome por um tolo, Molinor. – disse ele – Minha honra se foi há muito tempo, quando todos de minha linhagem se foram. Todos morreram. Todos foram amaldiçoados!
- E a sua esposa, seus filhos?
- Eles viverão bem sem mim... Os mandei para longe. – revelou – Os salvei.
- Você se rendeu á ela, Ulthred!
- Sim. – Concordou o rei que tanto Molinor admirava, nunca o havia visto daquela maneira – Ela prometeu trazer todos de volta. A minha linhagem.

Molinor ficou com pena do rei, mas com ódio. Ulthred havia traído a todos. Até sua família.
- E se Ônix traí-lo?
Ulthred olhou para ele.
- Então será o fim. – disse ele – Aceitarei a minha morte.
O rei virou-se para os soldados e ordenou:
- Prendam-no!
Os soldados amarraram as mãos de Molinor, e o levaram dali.
- Não, Ulthred, não faça isso! Não condene a todos nós!

NASCIDO DAS SOMBRASOnde histórias criam vida. Descubra agora