- Você chegou cedo. - Cowllyn comenta. Fico em silêncio enquanto caminho até sua mesa. Puxo uma cadeira e me sento.
- E eu achei um milagre você aceitar me receber uma hora dessas.
- Eu fiquei curioso. - sua fala soa sarcástica e provocadora.
Fecho os olhos. Respiro. Me preparo. Quero ser rápida. Abro novamente os olhos.
- Bom... Você deve imaginar o que eu vim fazer aqui.
Ele se inclina para frente em sua mesa, juntando as mãos em cima dela. Semicerra os olhos e me encara.
- Eu sei. Mas quero ouvir da sua boca.
Ele soa provocador em cada vírgula. Claro que sabe o que eu vim fazer aqui, e, provavelmente, pensa que vim apenas porque quero senti-lo outra vez. Mas, quero senti-lo só está vez, para nunca mais sentir necessidade de sentir de novo. Olho meu relógio, impaciente.
- Idiota. São 22h da noite. Quero ser o mais breve possível, então...- quando vou me levantar e me despir para começarmos o ato, ele me interrompe, segurando minha mão.
- Espere. Para quê a pressa? Eu sei que você quer que eu te invada, mas não é delicado nosso segundo encontro ser apenas isso.
- Segundo encontro? - puxo minha mão de volta para mim. - Quem disse para você que estamos tendo um encontro? Vamos foder. Apenas isso. Uma última vez.
Minhas palavras não parecem convencê-lo. É certo que sua natureza confiante e egocêntrica não aceita que não quero nada sério com ele. E ele sabe muito bem fingir que não escuta o que não quer escutar. Estou aqui com uma única missão: 𝑠𝑎𝑡𝑖𝑠𝑓𝑎𝑧𝑒𝑟 𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑜. Não quero nada além disso.
Cowllyn se levanta da cadeira e caminha pela sala até uma porta que fica ao lado de uma estante. Chegando lá, se vira e olha para mim.
- Me acompanhe, Srta. Andsom. Vou te mostrar uma parte deste escritório que ninguém nunca viu.
Relutante, porém querendo acabar logo com isso, me levanto e caminho até ele, que entra na sala antes de mim. Enquanto caminhamos por um longo corredor escuro, apenas iluminado por velas em candelabros nas paredes, ele diz:
- Você está linda. Você está gostosa.
Reajo apenas virando o rosto para uma das paredes e fingindo que não estou o escutando. Não quero ouvir elogios, apenas quero que ele me coma logo para eu nunca precisar olhar nessa sua cara de 𝑎𝑠𝑡𝑟𝑜 𝑒𝑔𝑜𝑖𝑠𝑡𝑎.
- Hum... Você é difícil - ele solta. Logo em seguida, atravessamos uma porta escura. Quase fico cega com a claridade do salão no qual entramos.
- Nossa! - exclamo, encantada. É uma sala enorme, cheia de pinturas nas paredes. Grandes e pequenas. Todas as pinturas são em tons escuros e meio sombrios. Algumas lembram pessoas desfiguradas, mas, mesmo assim, é lindo.