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Já estou a quase uma hora em frente ao espelho, me arrumando para o jantar na casa da minha irmã. Não sei o porquê estou me preocupando tanto em estar bonita para está ocasião, mas deve ser porque Késia namorar é um acontecimento histórico. De uma forma ou de outra, tenho que ajudá-la a tornar este momento o mais bonito possível, e os convidados, no caso, eu e o Nolan, também precisamos estar bonitos. Afinal, sabe-se lá quando que Késia irá se apegar de novo caso algo entre ela e Ronnie não dar certo.
- Sério que sua irmã conheceu ele desse jeito?
- Sim. Eu sei que parece bizarro, mas você conhece a Késia, sabe que é o jeito dela.
Nolan ri.
- Claro, não é de ontem que conheço vocês. Sei muito bem das loucuras da minha amada mulher e da irmã tarada dela.
- Ex irmã tarada. Ela é pra casar agora. - corrijo, ironizando. Após isso, pego o batom vermelho-claro e o passo nos meus lábios, largando ele na pia em seguida. Agora estou olhando para o espelho, pensativa, e Nolan está do meu lado ainda, pronto para perguntar no que estou pensando.
- Por que essa cara?
Suspiro e fito seus olhos com tristeza.
- Eu espero que ela não tenha mais nenhum momento de nostalgia.
- Do que está falando?
Lembrei que eu não havia comentado com o Nolan sobre Késia gostar de ficar me lembrando do passado, do convívio com a mãe. Eu não gosto muito de tocar nesse assunto, então é um bom motivo para não ter dito nada.
- Késia... Gosta de ficar me fazendo recordar de quando morávamos com a mãe. Elas podiam até ser felizes... Mas eu.. eu não era nada. Depois que mamãe foi presa, nós tínhamos jurado não tocar mais nesse assunto novamente...
Enquanto conto para ele isso, minha cabeça volta anos no passado. Quando eu e Késia tivemos essa conversa que citei: "Acabou. Vamos morar com a tia agora, até fazermos 18 anos, pelo menos." Eu disse. "Tá bom. Eu... prometo que.. vou tentar me acostumar." Disse ela. "Eu sei que vai, Késy. Eu sei que vai."
Eu fiz 18 anos primeiro, obviamente, mas Késy foi a primeira a deixar de morar com a titia quando também completou a maioridade. Depois fui eu, quando aluguei este apartamento. Quando Lucy viu que não precisava mais cuidar das suas garotinhas que já haviam crescido, mudou-se para Nebraska, nos estados unidos, junto com o nosso primo.
- Ah, isso é... difícil. - Nolan passa os braços por mim e me abraça, me trazendo para perto do seu corpo. - Eu te entendo, mas....
- "Mas fique tranquila. Vai ficar tudo bem"? Era isso?
Nolan sorri.
- Sim. Era isso, meu amor. Um beijo suave é dado no topo da minha cabeça.
Suspiro aliviada. Adoro o jeito como sua simples presença ou seus abraços conseguem me fazer sentir bem. Há dias em que eu posso estar no fundo do poço, mas, se ele aparecer e sorrir para mim, tenho certeza que conseguirei sair para fora do poço outra vez.
