Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 12.

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Quando cheguei no meu prédio, após fugir do de Cowllyn, a primeira coisa que o porteiro me disse quando passei pela porta foi: "Nolan chegou poucas horas antes de você, ele parecia estar sob efeitos de alguma droga, pediu para que eu liberasse para ir no seu apartamento."
Neste momento, fiquei desesperada, preocupada com ele. O porteiro disse que ele chegou a 𝑝𝑜𝑢𝑐𝑎𝑠 horas antes, mas, quantas horas? E meu apartamento está fechado a chave, não teria como ele entrar e me esperar lá dentro.

Apresso meus passos, ligo o elevador e fico ansiosa até que ele finalmente chegue. Já no meu andar, vou até o corredor do meu apartamento e me assusto com o que vejo: Nolan sentado no chão, com as costas escoradas na porta do meu apartamento, cabeça baixa e as roupas meio rasgadas no peito.
Me aproximo sem fazer muito barulho, achei que ele estivesse desacordado, mas assim que fico a quatro passos dele, ele ergue a cabeça lentamente para mim. Seus olhos vermelhos me fitam com seriedade, ele usou alguma droga, com toda a certeza.

- Você ficou uma noite fora. Onde esteve?

𝐶𝑜𝑚𝑜 𝑒𝑙𝑒 𝑠𝑎𝑏𝑒 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜? Penso. O tom da sua pergunta é calmo, apesar da intensidade do olhar. Ele não parece com raiva, nem feliz, mas confuso. Tento me esgueirar da sua pergunta.

- Eu... fui visitar a Késia. Só isso.

Nolan balança a cabeça, como se não tivesse acreditado em nada do que disse. A decepção em seu olhar é clara, e a força que ele tem que fazer para mover seu corpo é mais evidente ainda.

- Por que você segue me escondendo coisas? Porra, Jenny, eu só estou querendo te ajudar!

- Mas...

- Não! Me deixa terminar. - ele interrompe, mas não levanta o tom de voz. - Você está esquisita já faz dias, está triste, depressiva, mal se expressa comigo. Depois some por uma noite inteira e quando chego ainda não está em casa, e você está fedendo a lixo... o que você está fazendo? Qual o segredo que você tanto quer esconder de mim? Não confia em mim?

Uma tristeza começa a tomar conta de mim. Me sinto mal por vê-lo assim, tão preocupado, dopado, querendo me ajudar e eu fazendo de tudo para não ter que contar o que fiz... eu sei que estou errada, sei que deveria me abrir com ele, afinal, ele já está tentando faz dias me ajudar e eu nada. Eu vou falar o que aconteceu... mas vou mudar a história, não quero que ele saiba de tudo.
Fecho os olhos e suspiro vagarosamente. Depois faço gesto, indicando a porta logo atrás dele.

- Entre. Vamos conversar.

• • •

Agora estamos dentro de casa, de pé em frente um para o outro. Estou esfregando as mãos uma na outra, tensa, pensando muito bem nas palavras, enquanto Nolan segue me olhando, sério, de braços cruzados e com uma tristeza enorme no olhar. Depois de pensar um pouco, me preparar, começo:

- Eu tive relações com uma pessoa, Nolan. Eu transei com uma pessoa e tive a estranha sensação de gostar... entende? Eu jurei para mim mesma, há 12 anos, que nunca deixaria alguém tocar em mim de novo, mas eu deixei... Mas foi só uma vez, eu juro!

Ele segue o olhar sério, não consigo deduzir se acredita ou não. Ele ergue levemente a sobrancelha direita.

- Foi ontem está única vez? - pergunta.

- Não. Foi antes. Ontem eu estava na Késia... eu dormi lá, juro pra você. - minto, com as mãos unidas em súplica... me sinto um lixo por estar mentindo, mas, no calor do momento, não pensei em nada melhor.
Ele assente. Depois baixa um pouco a cabeça enquanto leva suas mãos aos bolsos na lateral da calça jeans. Nolan solta vários suspiros e, quando volta a me olhar, interroga:

- Por que está fedendo a lixo?

𝑃𝑢𝑡𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑖𝑢.

- Eu ajudei a Késia a limpar a casa, tirar o lixo. Essas coisas.

- Hum - murmura, depois noto seus olhos analisando meu corpo. Seu olhar desce para minha mão. - Jennet! Por que sua mão está enfaixada? - ele pergunta, assustado, quando nota que há uma faixa enrolada na minha mão. Na verdade, a está altura, nem eu lembrava que havia machucado a mão, porém, Nolan notou algo que nem Cowllyn perguntou sobre.... Isso é tão fofo da sua parte. Tão fofo que não quero contar outra mentira.

- Isso? Bom... vem comigo.

Levo ele até o banheiro, abro a porta e indico, com o dedo, os cacos de vidro que estão no chão. Nolan fica boquiaberto. Ele me olha e pergunta:

- Por que fez isso? Por que se machucou?

Sinto uma dor no peito, começo a olhar para mão enfaixada, com muita tristeza em meu olhar. Respondo:

- Porque... eu estava me sentindo suja.

- Ah, Jennet...- ele suspira meu nome, com tanto carinho e compaixão que chego a sentir um calor. Ele me puxa para um abraço longo e consolador, onde fico com a cabeça apoiada em seu peito. - Não se sinta assim. Vai ficar tudo bem. Estou aqui com você.

𝐉.𝐆 𝐂𝐨𝐬𝐭𝐚

𝚄𝚖 𝚁𝚘𝚖𝚊𝚗𝚌𝚎 𝙰𝚋𝚜𝚝𝚛𝚊𝚝𝚘Onde histórias criam vida. Descubra agora