Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 22.

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18:40 da tarde

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18:40 da tarde.

Sai do prédio o mais rápido possível depois de ver a mensagem, então, caminhei em direção ao beco atrás dele. A rua está silenciosa, os ventos da noite começando a soprar, uma brisa gelada arrepiando meu corpo, não sei se é somente o frio ou o medo que estou.

Tento tranquilizar minha mente durante todo o trajeto, que não é longo, mas tenho tempo de pensar.

Eu não acredito que ela esteja sozinha lá, e sei que ela é de influência do Cowllyn, então há grandes chances dela querer me fazer algum mal. No entanto, há algo que ela não espera; quando passei na portaria, peguei uma tesoura afiada na mesinha da recepção, e não tenho medo nenhum de usá-la.

Francamente, o jeito da Vanessa me surpreendeu muito... Depois dela ter me ajudado a fugir, imaginei que seu coração fosse bom, suas intenções fossem boas, mas, depois que agiu daquele jeito estranho comigo no banheiro do restaurante, não tenho mais certeza de que posso confiar nela. E se ela me ajudou a fugir por outro motivo e não por ser boa?

Enfim, ponho meus pés no beco e o cheiro de lixo começa a penetrar minhas narinas. Controlando meu asco, sigo mais para o fundo do beco semi-escuro. Ao longe, vejo Vanessa escorada na parede, com os braços cruzados e encarando o chão. Ela parece estar com sua roupa azul de trabalho, o cabelo loiro e solto caindo sob o rosto. Estou diante dela agora, sentindo medo, mas procuro não transparecer isso. Apenas uma luz fluorecente, piscante, nos ilumina nesse momento, deixando todo resto do cenário escuro e fúnebre.

- Estou aqui. - murmuro. - O que você quer comigo?

Em silêncio, ela ergue a cabeça e seu olhos se encontram com os meus, me permitindo enxergar seu olhar maligno e raivoso, que crava-se em mim como se fosse uma lâmina de prata. Ela hesita por um instante e tamborila os dedos pelo seu antebraço, então diz:

- Então é aqui que a musa do Cowllyn mora? Hum... Que asco de lugar.

- Como assim "musa do Cowllyn"? Eu não tenho nada a ver com aquele cara!

Ela revira os olhos, parece estar tentando conter as emoções. Massageia as têmporas, procurando manter uma certa calma.

- Não temos paz mais lá desde que você foi embora.

- Eu fui embora porque você...

- Sim, eu sei, porque eu te ajudei... Mas era o que você queria, não era? Ir embora não era o que você queria?

- Ahn... Sim. Claro que sim. Mas vá logo ao ponto, Vanessa, por favor.

Ela assente, dá um sorriso de canto e depois, erguendo o dedo indicador em minha direção, esbraveja:

- Ele não para de falar em você! 24 horas por dia, todo dia, porra! E ele me culpa por você ter escapado das garras dele... Ele não vai me deixar em paz enquanto você não voltar. - sua voz se acalma e ela recua o dedo, abraçando o próprio corpo, transparecendo uma visível insegurança.

- Então... Ele te mandou me perseguir todo esse tempo?

Ela assente em silêncio.

- Jennet, você tem que voltar. Você não tem noção do pelo que estou passando, você tem que voltar!

Seu tom é de súplica, de necessidade, mas isso causa uma confusão em mim. Por um momento, paro pra pensar no que ela está me falando, mas, e Nolan? Não.

- Não.

Ela arregala os olhos, espantada.

- Como assim "não"?

Faço que não com a cabeça várias vezes, sentindo meus olhos lacrimejando.

- Não, não, não! Eu não posso, Vanessa, e o meu Nolan? Vou deixá-lo aqui enquanto satisfaço os desejos nojentos do teu chefe? De jeito nenhum. Me desculpa... - de cabeça baixa, viro-me e me preparo para ir embora, mas sou interrompida por uma violenta puxada no ombro, que me trás de volta para o seu intenso olhar, que agora arde de raiva.

- ESCUTA AQUI, SUA PUTINHA! Você vai voltar, entendeu?! Você transou com ele. Você deu esse teu corpinho horroroso para ele, ele quer de novo e a culpa é sua!

- Van...

- CALE ESSA BOCA! Eu não vou sofrer mais agressões e insultos por causa de uma puta fingida como você.

Estou paralisada. Mal sei como reagir. Vanessa está com raiva, muita raiva, seus olhos ardem de tanto ódio que sente neste momento. Mas não entendo o motivo de disparar tanto ódio contra mim e nem de me chamar de tudo que chamou.

- Puta fingida? Por que me chama disso?

- Por que? Há! - Ela solta uma breve risada de deboche. - Você ainda pergunta? O que você acha que seu namoradinho acharia se soubesse que você se lambuzou com o Cowllyn duas vezes e gostou?

Isto é uma ameaça? Isto soa como uma ameaça.

- Ele...ele..

- Está gaguejando por que? Quer admitir que Cowllyn ainda tem um espaço na sua mente, mesmo que você esteja em um relacionamento? Quer admitir que, no fundo, você não se importa em dar para outro escondida?

Quero negar todas as suas palavras. Quero pegar a tesoura que está no meu bolso e furar a sua garganta, mas... Algo em mim trava meus pés no chão e as mãos contra o corpo. Eu realmente transei com ele, mas eu e o Nolan nem estávamos juntos ainda, por que ela diz que eu seria capaz de fazer isso agora?

- Viu? Você nem tem o que dizer. Você uma piada, Jennet, você é uma piada sem graça. Você não se importa de verdade com ele e sabe disso, não sabe?

- Eu...

- Não. Você não se importa. E acredite, Cowllyn não se importaria em matar os dois, caso você negasse satisfazer-lo de novo.

𝑀𝑎𝑡𝑎𝑟 𝑜𝑠 𝑑𝑜𝑖𝑠.
𝑚𝑎𝑡𝑎𝑟 𝑜𝑠 𝑑𝑜𝑖𝑠....
Me ajoelho na frente dela, sentindo uma forte dor no peito. Me desabo em lágrimas alí mesmo. Neste momento, eu e o meu coração estamos tomando a maior e mais forte decisão interna das nossas vidas.

Ainda chorando, porém menos, faço força para me levantar, me apoiando nas pernas dela com a mão. Já de pé, ergo a cabeça devagar, hesitando e solto a minha triste conclusão...

- Diga para ele que estarei lá em breve.

𝐉.𝐆 𝐂𝐨𝐬𝐭𝐚

𝚄𝚖 𝚁𝚘𝚖𝚊𝚗𝚌𝚎 𝙰𝚋𝚜𝚝𝚛𝚊𝚝𝚘Onde histórias criam vida. Descubra agora