Capítulo 10 - Sem Suspeitas

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 Na calada da noite, eu e Eva estávamos no exterior da majestosa construção, ansiosas e cobertas de mantos que nos deixavam irreconhecíveis.

— Escute, Suzanne! — ela sussurrou. — Me esqueci de falar, mas aquelas duas jornalistas tentadas sabem que foi você que matou o Orlando.

— O quê? — Meu queixo caiu. — Mas como?

— Não sei também, mas descobriram.

— Argh, tudo bem. São irrelevantes. Mas temos que nos manter alertas. Depois, lembre-me de dar um jeito nisso.

Logo, me preparei. O local não era tão vigiado, então foi fácil me infiltrar. Havia uma pequena janela espreitando a parede a fim de ventilar o prédio, então, com um pouco de ajuda de Eva e de alguns soníferos para neutralizar os guardas, consegui me esgueirar pela fenestra e entrar sorrateiramente na construção.

Me deparei com um enorme corredor branco. Pelas informações do doutor O'Neal, o quarto que procurava era o 221B.

Passei por cada uma das portas até finalmente encontrar a que me apetecia. Quando o fiz, usei um grampo para abrí-la e entrei cuidadosamente no quarto. Estava fétido, as paredes sujas e craqueladas, o piso repleto de um líquido que parecia chorume. E, sobre um colchão tão duro que parecia feito de tijolos, Betty dormia tranquila, sofrendo diversos espasmos e tremeliques.

Sentia minha respiração pesando conforme me aproximava de minha irmã. Esperei por muito tempo e, agora, chegara finalmente a hora de fazer o que devia ser feito. Com muita paciência, tirei de meu bolso um majestoso punhal e engoli um pouco de saliva.

Enfiei logo na garganta, para que não pudesse gritar. Depois, mantive a faca cravada e fui desviando-a para outras regiões do pescoço, a fim de conseguir meus objetivos. O sangue que jorrava por todas as partes me incomodou, mas enfim tive o que queria: vi a cabeça de Bethany rolar pelo chão bruscamente, seus lindos cabelos louros logo se manchando de vermelho. Já estava desconexa do resto.

Finalizei o trabalho com um golpe certeiro no lado esquerdo do peito. Enquanto punha a mão dentro de seu corpo e procurava, com o tato, o seu órgão vital, não pude resistir e respirei de alívio. Foi muito mais fácil e terapêutico do que eu achei que seria.

Finalmente, retirei o coração. Tive que esconder às pressas minhas mãos ensaguentadas no casaco, logo fugindo pelo mesmo local em que entrei. Em uma caixa, trouxe as partes que arranquei.

De uma vez por todas, eu podia orgulhosamente afirmar que Betty Dartmoor Blanchard estava finalmente morta.

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