22 | O calor do inverno

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But the monsters turned out to be just trees
When the sun came up you were looking at me

Mas no fim os monstros eram apenas árvores
Quando o sol nasceu, você estava olhando para mim


Out of The Woods

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Por alguns segundos, o mundo se resume a isso:

A pressão dos dedos de Ember no meu rosto. O movimento sutil da sua língua, roçando na minha durante o beijo. A cadência da respiração dela e o ritmo de cada arfar desesperado. Seu cheiro. Seu gosto.

Eu reajo, segurando firme na cintura dela e unindo nossos corpos, correspondendo ao beijo com fome e alívio. Finalmente essa mulher me beijou.

— Caramba, Rebeca — ela murmura contra a minha boca, deslizando uma das mãos para segurar mais firme na minha nuca.

Estou correspondendo com muito entusiasmo?

Ah, foda-se.

Nem me importo com o fato de que ela voltou a me chamar de "Rebeca", não de "Becs", porque nesse contexto faz sentido. E ela pode me chamar do que quiser desde que tire logo a minha roupa.

Ainda segurando-a pela cintura, sentindo a firmeza dos músculos ali, empurro-a de leve para trás sem quebrar o beijo. Assim que estamos do outro lado da soleira e dentro do quarto novamente, Ember se afasta para me observar. O verde em seus olhos ateia fogo no meu rosto. No meu corpo inteiro.

Me encarando, ela se inclina para empurrar a porta om uma mão, e o baque resultante disso nem me sobressalta. Ember me pressiona contra a porta, e cada movimento calculado seu — primeiro girando a chave na fechadura, depois apoiando a mão contra a madeira, seu braço ao lado do meu rosto — instiga uma resposta diferente do meu corpo. Eu nunca fiquei tão excitada tão rápido.

Passo o polegar pela boca dela, murmurando:

— Não precisa ser algo complicado entre a gente.

— Eu sei. — Ela se abaixa para beijar meu maxilar, depois meu pescoço. Solto um suspiro, fechando os olhos. — Na verdade, acho que tudo pode ser muito simples. Só depende de nós.

— Não acha mais que a nossa amizade vai acabar por causa disso? — pergunto.

Ela se afasta, e sou obrigada a abrir os olhos. Dessa vez, sua expressão está séria, mas a maneira como ela ainda me mantém contra a parede e me toca, deslizando os dedos sobre o meu ombro, mostra que sua vontade de ir adiante não diminuiu.

— Não se isso fizer parte da amizade. — Nós duas sabemos o que isso significa. — O que me diz?

Assinto, talvez com mais vigor do que deveria, o que arranca um sorrisinho dela. Ainda bem que podemos dar vazão a essa tensão entre nós sem precisarmos nos preocupar com a burocracia de um relacionamento sério.

— É o que eu quero também — digo, só para não restar dúvida. — Nada precisa mudar entre a gente. Bom, não muito.

— Só um pouco... — Ember agarra o meu quadril, seus dedos se enfiando sob o elástico da minha calça de pijama, e me puxa para perto. — Só pequenas mudanças pontuais.

— Muito pontuais.

Nós voltamos a nos beijar, e me sinto como se estivesse derretendo. Ela me deixa mole.

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