Capítulo 1 / ENCONTRO

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Pov Luiza Campos

Era uma viagem longa, apesar das paisagens encantadoras durante o trajeto, o cansaço começava aparecer. De acordo com o GPS seriam aproximadamente quatorze horas de estrada. Isso se o viajante fosse o irmão gêmeo do Flash e não precisasse dar nenhuma parada, obviamente.

Eu e minha namorada Sophia tínhamos saído de Florianópolis, em Santa Catarina. Nasci e me criei lá. Sempre fui muito apegada com minha família e em todas as áreas da minha vida, recebi apoio extremo. Me formei em fotografia aos 22 anos, pela UFSC. Hoje, tenho uma carreira estável e com muito orgulho, digo que sou uma das fotógrafas de referência na Região Sul do país. Portanto, quando vendi meu estúdio para vir morar no Rio de Janeiro e recomeçar a vida do zero, foi uma tremenda tragédia para minha família. O que chocou ainda mais o pessoal, foi o fato de eu nem sequer ter uma proposta de emprego na minha área de trabalho. Mas como eu sempre fui muito dedicada e estava convencida de que tudo iria se encaixar aos poucos, certamente isso ajudou a convencer meus pais que tudo ficaria bem.

O motivo da minha mudança estava sentada a minha esquerda, dirigindo seu Hb20 branco. Sophia Dummond, minha namorada. Olhei para ela e sorri. Naquele momento, seus olhos afetuosos estavam voltados na minha direção sorrindo para mim.

Sophia: Oi amor! Não falta muito agora. Mais uma horinha... – Sorriu e logo em seguida, deu um beijo afetuoso na minha mão.

Luiza: Ótimo, não vejo a hora de deitar numa cama e enfim esticar minhas pernas. – Comentei e rimos juntas.

Passamos o restante do trajeto conversando e fazendo alguns planos para os próximos meses. Sophia é engenheira, também muito reconhecida e referência em Florianópolis. Através de indicação, conseguiu uma oportunidade de trabalho na WCJ Construtora, uma das maiores do Rio de Janeiro. Não foi uma decisão fácil de largar a minha vida para viver os sonhos da minha namorada junto a ela, mas desde pequena sempre quis buscar o meu lugar no mundo, e mesmo tendo tudo em Santa Catarina, não era lá onde eu me sentia em casa.

Sophia: Amor, sei que você está cansada mas vamos dar uma passadinha no Lurguer e depois seguimos direto para casa, assim caímos na cama.

Concordei com a cabeça e sorri para ela.

Bar do Lurguer era o barzinho badalado onde Valentina, a amiga de Sophia se apresentava todos os dias. Como não tivemos tempo suficiente para ver onde iríamos morar, Sophia entrou em contato com essa tal amiga - da qual eu nunca ouvi falar antes – e prontamente ela ofereceu a sua casa para ficarmos até conseguirmos um lugar em definitivo. Embora fôssemos ser suas hóspedes apenas por pouco tempo, eu ainda não sabia muito sobre ela. Sabia que elas foram colegas de escola e que Valentina tocava numa banda.

Já estávamos no Rio de Janeiro, Sophia pediu informações antes de chegarmos, de modo que foi mais fácil encontrar o Bar do Lurguer. Ela conseguiu achar uma vaga no estacionamento superlotado naquela noite de sexta – dia que todo mundo sai para beber, aparentemente -, assim que o motor foi desligado, eu saltei pela porta me espreguiçando. Sophia riu de mim e fez o mesmo. De mãos dadas, caminhamos até as portas abertas do bar. Pelo visto, chegamos mais tarde demais, a banda já estava tocando e as pessoas cantavam e saltitavam animadas durante a apresentação das meninas. Sophia apontou para um cara que estava encostado na parede lateral, nos dirigimos até ele, abrindo caminho pelo local lotado de gente.

No meio do caminho, dei uma olhada nas quatro meninas que se apresentavam no palco. A música delas era um rock suave mas com uma pegada firme, e a voz da cantora combinava perfeitamente com o estilo, rouca e supersexy.

Luiza: Caramba, elas são boas! – Falei enquanto Sophia ia usando seu jogo de cintura para nos conduzir.

Não pude deixar de notar a vocalista antes das outras. Ninguém teria conseguido deixar de olhar aquela mulher. Ela era simplesmente linda de morrer. Tinha um olhar intenso, que percorria pelas legião de garotas enlouquecidas se amontoando na frente do palco.  O cabelo castanho, longo e era bagunçado na medida certa. Ela passava as mãos pelas mechas de um jeito irresistível. Suas roupas eram básicas. Usava uma jaqueta de couro, com as mangas comprimidas arregaçadas até os cotovelos, por baixo havia um top preto, apertado o bastante para insinuar o que indiscutivelmente era um corpo maravilhoso. Completava a produção com um uma calça preta jeans detonada na medida certa e botas pretas pesadas. Simples, mas muito sexy. Ela parecia uma deusa do rock.

Caos Perfeito - VaLuWhere stories live. Discover now