Pov Valentina Albuquerque
Um clarão em minha mente. Branco. Intensidade. Brilho. Vida ou morte? Quando abro os olhos, procuro por palavras para descrever o que vejo agora. Um parque enorme, com rios, lagos, sol brilhando, o clima ameno, animais dóceis, algumas famílias brincando com suas crianças no gramado macio, vegetação tropical e acima de tudo, um lugar de calma. Eu não sinto dor. Os ferimentos sumiram do meu corpo. Pela primeira vez, eu sinto meu coração cheio de paz, sereno, tranqüilo.
Minha avó me ensinou que a morte não é nada, que a eternidade nos espera no outro lado do caminho. Em um lugar de paz, felicidade e amor. Longe de toda maldade, infelicidade, dores e doenças. Então, seria esse o Paraíso?
Estou sentada em um banco de madeira quando um grupo de crianças passam se divertindo por mim. A felicidade deles é tanta que me atinge também. Olho para a direita, depois para a esquerda. Decido caminhar pelo parque enorme, o clima sereno e o sol brilhante tornam o local ainda mais especial.
Lembro-me de Luiza. Sinto a sensação de paz aumentar. Saber que eu morri sendo amada por aquela mulher fantástica, faz tudo valer a pena. Eu não queria que acabasse. Mas também sei que o que eu era para ela e todos os meus verdadeiros amigos, continuarei sendo.
Torço para que as meninas continuem com a banda, que a alegria da música as contagiem como sempre contagiou. Torço para que Luiza continue me chamando de Dengo quando as lembranças inundarem sua mente, como sempre me chamou. Eu morri, mas sei que elas precisam continuar vivendo.
Bubi, ouço.
A voz que marcou a minha vida. O apelido que me chamara durante toda sua existência. A saudade que me consome desde o dia que partiu.
Bubi, ouço novamente.
Meu corpo é consumido por arrepios de forma constante. Meus olhos estão úmidos a ponto das lágrimas transbordarem a qualquer momento. Quase em câmera lenta, eu me viro para trás.
A mulher que me criou com tanto amor, cuidado, carinho e dedicação. A mulher que sempre me defendeu. A mulher pela qual eu morrera de saudades todos os dias da minha vida. O amor que eu sinto pela minha avó, é um dos maiores que existe. A mulher que me viu nascer e crescer. A mulher que eu vi morrer, e não pude fazer nada. Essa que agora, está parada em minha frente. Com um sorriso enorme nos lábios.
Ela está diferente. Os sinais da doença que a levou, haviam desaparecido. Sua pele brilhante mesmo que com linhas de expressões notáveis. O corpo saudável e disposto. Ela conseguia parar em pé sem fazer qualquer esforço ou a necessidade de usar algum equipamento para auxilio. Ela sempre fora linda mas agora... estava radiante. Feliz, saudável... viva, outra vez.
Me jogo em seus braços. Aquele abraço tão familiar, tão confortante, seguro. Eu senti tanta falta disso.
Valentina: Você... Você veio. – Sussurro
As lágrimas transbordam dos meus olhos.
Lurdes: Sim, dessa vez você deixou. – Responde.
Ela sorri radiante enquanto me encara e segura meu rosto entre as suas mãos. Seus dedos acariciam cada centímetro da minha face.
Lurdes: Você me afastou por tanto tempo, eu queria ter feito isso antes, minha neta. – Faz uma pausa. – Está tão linda, Bubi. Como você cresceu, meu Deus! Mas veja bem, o sorriso de moleca sapeca continua o mesmo.
Deito minha cabeça em seu peito, a abraçando com toda força existente em mim.
Valentina: É tão bom te tocar de novo, eu senti tanta saudade. – Digo, enquanto as lágrimas insistem em cair.
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Caos Perfeito - VaLu
FanfictionHá 3 anos, Luiza vive uma vida maravilhosa ao lado de sua namorada, Sophia. Quando as duas se mudam para o Rio de Janeiro, tudo parece perfeito. Porém, um imprevisto separa o casal. Luiza se sente sozinha e passa a se aproximar de Valentina Albuque...