Estava terrivelmente cansada, se afundou na enorme cadeira em forma de circulo, com as mãos sobre o estômago vazio que dava voltas intermináveis, estava enjoada.Seus ombros e barriga doíam, estava cansada e tinha olheiras enormes e fundas, não pregara os olhos por um dia inteiro e aquilo a consumia. Seu estômago roncava cada vez mais alto e ela tinha a impressão de que morreria de fome ou de enjoo.
Os cabelos negros e ressequidos caiam por todo o rosto levemente pontudo, e se espalhavam pelo acento aveludado. Os olhos negros e amendoados estavam semicerrados, encobrindo um olhar feroz, a boca, levemente aberta, possuía uma cor avermelhada mortífera, com dentes brancos que hipnotizavam a mais inocente criança. A pele negra estava suada e ofegante. O corpo, arredondado e gordo, estava coberto por um maravilhoso vestido de pura seda preta, gordo por se dizer, alguns diziam que era voluptuoso, mas só os mais educados. No entanto, ela não se importava com aquilo, era como ela mesma dizia, gorda, porque se alimentava bem e a cada refeição muito bem feita, uma pequena parte da população diminuía drasticamente.
Aos seus pés, descalços, um homem distribuía beijos calorosos e votivos sobre os dedos e as solas. Ele era louro, de longos cabelos ondulados, tinha a pele quase pálida, também suada, tinha verdes olhos de predador, dentes brancos e também hipnóticos.
Ele olhava para a mulher como se fosse devorá-la, no entanto, a caçadora era ela.
Depois de muitos beijos e carícias, ela implorou por comida, coisa que não costumava fazer.Mas a fome era avassaladora e o sentimento de vazio lhe preenchia. A refeição chegou tempo depois, ela parecia corada, apesar das velas amarelas iluminando a sala escura.
Era jovem, e com uma vida pela frente, mas era saudável e levemente mal educada, o que fez com que os pais a entregassem de bom grado para a Senhora da Lua. Naquele ímpeto de felicidade e êxtase, beijou o pescoço da jovem, uma lambida no local certo e duas enormes presas lhe feriram a jugular, fazendo com que o sangue com espessura de mel escorre para a boca da Senhora da Lua, depois de sugar o bastante, ela mordeu o lugar várias vezes, retirando pedaços que engoliu freneticamente.
Alimentada e de bochechas mais vivas, a mulher, se atirou aos braços do homem, que a recebeu como uma criança recebe um saboroso doce.
Entre carinhos e mordidas eles se beijavam ferozmente, a dama da lua amava aquela brutalidade exótica e excêntrica. Seus cabelos grudavam um no outro, ambos se tornavam somente um, uma carne, uma alma e um coração.
Eles se deitaram, se amaram, se odiaram, se morderam, se sugaram, tudo tão violento e intenso de um jeito vil e grosseiro, mas a Dama da Lua gostava daquele jeito, toques profundos e sujos, mãos bobas e firmes, olhares intensos e insaciáveis, lambidas e beijos.Aquilo era esplêndido, exceto para o público que preso em grilhões e correntes, assistiam à aquilo tudo, sem poder baixar os olhos da cena de amor animalesca.
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contos da meia noite
Mystery / ThrillerUma série de contos, não de terror, mas que fazer a mente voar alto. Nem sempre a realidade vem a calhar. Vocês acham que real e sobrenatural estão conectados? Não são histórias longas, para que sejam lidas com fluidez e compreensão, algumas até p...