Cômodos à beira mar 4

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Astoria corria atrás do gato quando a porta bateu novamente. Suspirou e levantou do chão batendo o vestido floral. À porta havia um rapaz, jovem e louro. Ele entrou e Astoria pode sentir o cheiro que ele exalava. Era estranho para ela.
- Você poderia chamar o dono?
- Está falando com ela. Eu sou a dona.
- Oh, claro, desculpe. - ele se apressou em dizer. Astoria foi atrás do balcão e abriu o livro.
- Nome?
- Pierre Mayfield.
- Quanto tempo pretende ficar?
- O necessário.
- E quanto seria?
- Cerca de quinze dias.
Astoria anotou.
- Você tem uma linda letra.
- Ah, obrigada.
A mulher deu as costas ao rapaz e olhou a tábua com o pregos. Um já tinha sido tirado. Ela observou por um tempo, por fim, tirou a chave número vinte.
Pierre seguiu Astoria até a escada em espiral até um corredor alaranjado. A chave destrancou uma porta que dava para um quarto esverdeado. Cor de abacate. As cortinas e o tapete se misturavam com a colcha e a cor das paredes. Pendurados nas paredes verdes tinham quadros que retratavam paisagens. Ele parecia maravilhado, Astoria notou.
- Está com fome? Posso te trazer algo.
- Não obrigado. Artistas não comem.
Astoria franziu o cenho.
- Perdão? Até onde eu sei todos comem.
- Olha, como é mesmo o seu nome?
- Astoria.
- Olha Astoria, eu escrevo poesias. Eu preciso de calmaria para escrever.
- E você escreve sobre o que? - perguntou Astoria ignorando o que ele havia dito.
- Amor - disse suspirando.
- Amor... então você já se paixonou.
- Na verdade não.
- Então como escreve sobre algo que não entende?
- Não é necessário entender o amor para escrever sobre ele.
- Mas é claro que é. Que tipo de escritor é você?
Astoria fungou.
- Logo o jantar estará pronto, converse com Dave, ele entende de amor.

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