xvii. A Dez Mil Degraus do Topo

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o verão em que éramos jovens acabou, e nada mais resta

b r o t h e r 

- Cadê aquela garota?

A voz da Archeron mais velha interrompeu a leitura de Alina, a esposa de Cass vasculhava a biblioteca com olhos atentos. Afiados. Prestando atenção até nos espaços vazios.

Ali, que tinha rejeitado uma pilha de livros em cima da mesa e abandonado a cadeira para se sentar escondida entre duas prateleiras, estava tão imersa nas páginas de uma romance água com açúcar que tinha esquecido de prestar atenção a qualquer coisa que não fosse descrita pelo jeito divertido de Maas Jan.

Nesta não tinha visto a menina humana chegar até ali, mas se Isis não estava com a recém descoberta amiga, onde sua filha estaria? Depois de olhar no quarto desarrumado e na sala de treinamento silenciosa, a Archeron achou que sua mais velha pudesse ter se rendido a literatura. Contudo, Alina era a única leitora viciada além dela própria.

Chorando, a mocinha de seu livro era só desespero lacrimal, quando Ali enfim notou a feérica, aquela que até o presente momento não sabia muito como lidar, não foi a percepção mais suave. Nes iria anunciar que estava ali quando a filha de Inez levou um susto épico, deu um grito e fechou com tudo o livro que lia.

— Você está bem? - Nesta se perguntou se ela se tornava tão desatenta com um romance na mão quanto a garota que sua irmã trouxera a capital da corte que governava ao lado do seu marido e parceiro.

— Ah, estou — Ali falou hesitante, afinal, seu corpo não ardia em febre e sua garganta com certeza estava desinchada. Não havia nenhuma pontada de dor em sua cabeça mesmo que estivesse lendo no escuro parcial. Mas, quando você foi absorvido pela história e esquece de contar as páginas e por um acidente deixa que seu livro retome ao seu estado natural sem qualquer tipo de marcador, você fica muito, muito mesmo, chateada. Era quase certo que Nesta entenderia aquele sentimento, mas Alina o deixou de fora.

Sentando-se ao lado de Ali, Nes disse: — O que você está lendo? — . Se Isis quisesse se esconder, que o fizesse sem ser pertubadada. É tolice procurar alguém que não quer ser achado, a mãe da garota pensou.

Os Amores finitos de quem vive pelo Infinito.

— É um bom título — Nes pegou a cópia, querendo experimentar o peso daqueles conjuntos de palavras.

— Foi ele que me conquistou —. Ali cruzou suas pernas como uma borboleta.

"Viver os dias sem conta-los foi para mim, experimentar o infinito. Um dia, em que parte da semana você quiser, faça igual a mim, ignore esses números", a renascida do caldeirão leu a dedicatória. Duas frases que a menina tinha pulado porque queria chegar logo ao epílogo.

— Eu o compraria só por esse trecho —. Como se fosse lê-lo ali mesmo, a valquíria folheou até a página que dava a voz de narradora a protagonista de sua história.

— Para que eu estivesse quase terminando-o, tive que largar outros dois — confessou a costureira. Mostrando a leitora ansiosa que habitava em si.

Erguendo sua sobrancelha, Nesta recuperou o mesmo tom que usava para ralhar com seus filhos — Alina, que feio. Não se deixa um livro inacabado -. Em todos seus anos de indústria vital, Ali nunca achou possível que viveria para levar uma bronca da irmã de Feyre, a humana não sabia como se sentia sobre isso. 

— O enredo estava tão enrolado que não tinha como eu não perder a paciência — Ali tentou justificar. Relembrando de como era exaustivo terminar cada um dos parágrafos dos dez primeiros capítulos que ela leu antes de desistir dos últimos quinze.

Uma Corte de Estrelas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora