xxiv. Não Existem Verdade Absolutas

7 1 0
                                    

eu não queria nada disso, você não percebe?

 n o t h i n g     n e w 

Não muito depois que o menino e menina chegaram a biblioteca, a aprendiz de valquíria apareceu sorrateiramente atrás da humana, a assustou, olhou feio para o primo e chamou os dois para explorar a cidade antes que anoitecesse. Tudo nessa sequência frenética. 

As ruas, que pareciam existir em uma quantidade infinita, serpenteavam no limite da visão da garota. Algumas, eram estreitas e outras  largas. Elas eram caminhos igualmente importantes. A humana não sabia qual escolher. Ela não tinha para onde ir. Então qualquer rua poderia ser uma escolha suficientemente adequada.

Contudo, apesar dela mesma estar consideravelmente perdida em meio ao barulho e a multidão que habitava aquela parte da Corte Diurna, ela era a única do trio a se sentir desamparada. Isis tinha um objetivo. Ashe, uma missão. 

Ela estava entre os dois, esperando qual deles iria arrasta-la e para qual direção finalmente iria. A garota se sentiu um dente de leão esperando pela mais leve brisa. Quando a dita finalmente veio, ela não era uma brisa sutil, era um furacão aterrorizante: uma discordância dos dois primos. Ashe batia o pé, queria que sua vontade fosse feita. Mas por que Isis cederia?

Alina não opinava, não tinha nenhuma vontade para defender. Estava presa entre os dois e a briga tão infantil que os primos continuavam, com bastante afinco, dando seguimento. Ela suspirou.

"Temos que ir agora, Ashe. Caramba, você não sabe o quão imprevisível  é aquela mulher?" argumentou Isis.

"O que, pela Mãe, você quer com ela? Aquela mulher diz coisa com coisa, há muito mais há ver nessa cidade do que escutar sua loucura", retrucou Ashe.

"Ela não é louca, seu idiota"

"Então a louca deve ser você"

Alina franziu o cenho, o sol brilhava tão intensamente que seus olhos pareciam já cansados, como se estivessem fartos de tanta luminosidade. A humana não queria continuar torrando sobre o grande astro, ela queria água fresca e sombra, seja lá onde está estivesse. Mas para que eles saíssem do lugar alguém tinha de resolver o impasse.

E para Alina, estava óbvio que a única coisa capaz de solucionar o impasse em questão era propor uma terceira alternativa que conseguisse aplacar o fervor dos dois corações. Algo que os dois conseguissem concordar. "Há alguma doceira por aqui? Eu sacrificaria minha dignidade por um doce".

Isis pareceu ler a intenção de Ali e como ela cometia o maior dos blefes e talvez o mais verdadeiro deles. A humana queria doces, mas queria ainda mais sair do lugar. E para a aprendiz de valquíria aquilo poderia ser conveniente se soubesse manejar a situação a seu a favor. "Se não me falha a memória, há uma torta maravilhosa bem pertinho daqui. Deixa eu ver..." a filha de Nestha era uma dissimulada. Isso sim. Ela estava hesitante de propósito, não querendo alarmar Ashe com uma ação apressada. Se ele desconfiasse que ela apenas fingia aceitar ir em outro lugar, seu primo iria atrapalhar tudo.

"Que torta é essa, Isis? A doceira mais perto é do outro lado do rio".

"Ashe, você não é o único que andou por essa cidade".

"Alina, você confia mesmo nessa idiota ditando para onde vamos?" o príncipe da Noturna estava incrédulo que aquelazinha da sua prima fosse levar eles para algum estabelecimento a altura dele.

"Doces é tudo o que me importa nesse momento. Então, para onde vamos?"

As duas amigas seguiram na frente. Ashe, para manter a constância de seus atos, revirou os olhos e cruzou seus braços. Porque ele sempre perdia? Todas as vezes. Será que Alina não podia tomar seu partido nem uma única e mísera vez? Era cansativo participar daquele trio, quando as duas formavam um dupla. Embora ele estivesse ansioso para reclamar e demonstrar sua carranca, o menino percebeu que não era causa perdida. Ele poderia dar um jeito de enfiar a torta pela goela das duas, agarrar seus pulsos e levá-las até a Casa dos Espelhos.

Uma Corte de Estrelas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora