O dia na escola foi horrível. Já pensou receber olhares de pessoas que você nunca nem sequer falou na vida, te fuzilando com olhares como se você um ser de outro mundo?
E talvez eles estejam certos, talvez eu seja o problema.
Chego em casa pior do que quando eu saí, não tinha ninguém em casa então subi direto para o meu quarto descansar, eu teria trabalho para fazer mais tarde.
Minha mãe está trabalhando e Finneas também.
Eu sinto saudades de quando a nossa família era completa. Saudades de quando as refeições eram todos juntos na mesa, saudades dos passeios que fazíamos todos juntos, das brincadeiras, das risadas...
Desde que meu pai morreu, as coisas têm sido bem diferentes por aqui.
Desperto às cinco da tarde em ponto, minha mãe já estava em casa.
Tomo um banho demorado, visto uma calça moletom cinza e uma blusa preta estampada com alguns desenhos em branco. Desço as escadas vendo minha mãe sentada no sofá da sala.
— Boa tarde. — digo a abraçando.
— Boa tarde meu amor, vai sair?
— Vou sim, eu tenho um trabalho da escola pra fazer, não volto tarde. — pego uma maçã na fruteira enquanto me despeço da ruiva.
O caminho da minha casa até a casa dela não era tão longe. Inclusive, eu nem ao menos me lembrei de perguntar o nome dela.
Quando finalmente consigo ver a casa que ela descreveu nas mensagens, meu coração começa a bater mais forte, o nervosismo de ter que conhecer pessoas novas nunca passa, eu não fiz muitas amizades ao longo da minha vida, as crianças sempre me evitaram.
Zoe foi a minha única amiga verdadeira. Eu acho que nunca chorei tanto com a despedida de alguma pessoa, eu conhecia Zoe desde os meus cinco anos e quando ela completou onze teve que se mudar de país.
O pai dela conseguiu uma oportunidade de emprego muito boa na Itália, e por mais que doesse tivemos que aceitar.
Por fim, chego na casa descrita pela garota de cabelos castanhos, apertando a campainha.
E se alguma outra pessoa atender no lugar dela? Como que eu explico quem eu vim procurar se eu nem ao menos sei o nome da pessoa?
— Oi. — Sinto todo o meu corpo se acalmar, assim que vejo a mesma garota da escola.
— Oi, vim fazer o trabalho. Se lembra? — Eu já disse que sou péssima com as palavras.
— Claro, vamos subir pro meu quarto. Quer beber ou comer alguma coisa? — faço que não com a cabeça. — Ok, quando terminarmos o trabalho, gostaria de dar um passeio?
Penso bem antes de responder a sua pergunta. Eu a conheço não faz nem um dia, vai que ela tenta me levar pra algum beco escuro pra tentar me matar?
Para com isso Billie, você tem que aprender a ser mais sociável.
— Sim, eu gostaria. — Lembrei que eu ainda não sabia o seu nome. — Desculpa, mas qual é o seu nome mesmo?
— Meu nome é Hailee. — ela passa a língua nos lábios. — Hailee Clarke.
— Billie Eilish. Mas eu acho que você já deve saber quem eu sou. — Olho fixamente pro chão.
Eu sou péssima em manter contato visual.
— Na verdade não, eu deveria? — Abro olhos surpresa. Não saber do único assunto que eles tem falado naquela escola é bem difícil .
— Não, deixa 'pra lá então. — a vejo subir as escadas, fazendo o mesmo.
— Bem-vinda ao meu quarto. — a mesma para na porta, me dando espaço para entrar.
O quarto era decorado em tons neutros, e muito bem arrumado.
Hailee faz sinal para que eu sente na sua cama, enquanto a mesma senta na escrivaninha logo ao lado.
— Posso te contar uma coisa? — Pergunta olhando em meus olhos.
— Claro. — consigo finalmente sustentar o contato visual, e percebendo também o quanto seus olhos são lindos.
— Eu meio que já fiz o resumo sozinha. — Hailee me entrega o papel onde está o trabalho. — Dá uma olhada, se não gostar podemos fazer outro.
— Isso tá perfeito Hailee! — a vejo sorrir
— Não tanto quanto você. — sinto minhas bochechas queimarem com o seu elogio.
— Calma, não precisa ficar com vergonha. — Ri divertida
— Obrigada Hailee. O trabalho está muito bom, mas eu vou ficar me sentindo meio mal por você ter feito sozinha. — torço os lábios.
— Não precisa se sentir assim, de verdade. Isso era uma coisa muito simples de se fazer, nem sei o por que de a professora ter colocado isso 'pra fazer em duplas. — me traquiliza.
Mas se ela já tinha feito o trabalho sozinha, por que quis que eu viesse?
— Se estiver se perguntando o motivo de eu te chamado mesmo assim, a resposta é simples. — diz rapidamente, como se tivesse lido meus pensamentos.
— E qual seria a resposta? — Ela levanta da cadeira e se senta ao meu lado.
Eu posso jurar que a vi sorrir de canto.
— Gostei de você.
— Como assim gostou de mim? — Junto as sobrancelhas, totalmente confusa.
— Eu entrei na escola faz pouco tempo, não deve fazer nem dois meses na verdade. Você foi uma das primeiras pessoas que eu vi quando cheguei lá, estava parada na entrada esperando aquela sua amiga, que você vive grudada. — Era obviamente de Drew que ela estava falando.
Sinto vir novamente a sensação horrível que foi ver Drew me olhando com cara de nojo, aquela maldita mensagem... Céus, como um dia eu achei que ela realmente fosse minha amiga.
— Vivia. — a corto — Drew não é e nunca foi minha amiga de verdade.
— Ah sim, me desculpe. — a olho de canto e vejo que seus olhos estão fixos em mim o tempo todo.
Isso me deixa completamente nervosa, e eu nem sei o porquê.
— Desculpe eu por te cortar, pode continuar.
— Tudo bem. — Sorrio pra ela, recebendo o mesmo.
— Você estava lá parada esperando pela Drew. eu queria chegar 'pra conversar com você, porém ela chegou mais rápido e eu meio que fiquei com vergonha de tentar te chamar. Hoje quando a professora passou esse trabalho pra casa — aponta para o trabalho — Eu vi a oportunidade de fazer com você, mas quando eu disse para a menina que estava sentada comigo que eu queria fazer o trabalho contigo, ela me fez cara de nojo e perguntou: "você tem certeza que quer fazer o trabalho com ela? Ela além de ser estranha está sendo falada pela escola toda." — faz aspas — Eu nem quis saber o motivo, preferi perguntar 'pra você. — sinto minhas mãos começarem a suar. Eu não queria ter que explicar isso, não tinha motivo para eu ter que falar sobre isso. — Você não parece ser estranha.
— Eu também não sei o motivo de tanto ódio por mim, mas obrigada por querer minha companhia mesmo recebendo comentários negativos sobre a minha pessoa. Eu não sou o que eles falam. — vejo o seu sorriso aumentar.
— Eu tenho certeza que não. — diz convicta — posso te abraçar?
fico sem saber oque responder, nunca fui de gostar muito de contato físico, mas de vez em quando não mata.
— Pode. — no instante em que eu digo, sinto seus braços me rodearem em um abraço quente.
— Você é muito cheirosa, Billie.
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Leaving Tonight - G!P
Fanfiction"Eu pensei que seria fácil correr, mas minhas pernas estão quebradas."