Cap.3: Allie

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Point of View Laura Sanders 07:02 a.m.

Los Angeles - LA

Os olhos castanhos claros ainda refletiam em minha mente mesmo após a noite inteira presentes em meus sonhos. Assim como os lábios rosados e bem desenhados, semiabertos em minha direção. Me sentia submersa emocionalmente, como se tudo a minha volta focasse unicamente nisso. Era estranho ficar tão eufórica, assustada e ao mesmo tempo emblemática por conta de um sonho.

Um sonho que não me deixou em paz em momento algum. E o esquisito é que eu sentia que ele refletia os outros que andei tendo ultimamente. Uma completa loucura. Talvez a minha sanidade não estivesse bem.

Foi quando passei as mãos no rosto e olhei a hora no despertador. Estava cedo, era sete da manhã ainda. No entanto fui acordada mesmo estando acordada. Minha tia Suzana deu três batidas na porta antes de entrar no meu quarto.

— Bom dia. — Falou bem humorada e quando me notou já desperta, mudou o semblante e deu um sorriso surpreso. — Que novidade é essa? Você acordando cedo? — Brincou e dei uma risada, tirando as cobertas de cima do meu corpo.

— Dormi ruim. E acordei cedo. — Ela colocou umas roupas sobre a cama e me olhou seriamente; eu precisava falar disso com ela.

— Andou tendo pesadelos novamente? — Concordei em completo desânimo e ela ficou com uma expressão de lástima.

— Sim, andei... Dessa vez passei a noite em claro. Não preguei o olho a noite toda. — Minha tia ficou preocupada e suspirei antes de falar. — Tia, que tal procurarmos outro médico, hum?

— Outro médico? Porquê?

— Tô achando que esses remédios que ando tomando não tá adiantando de nada. — Falei querendo está certa e ela enrugou a testa. — Não tô lembrando de nada... Talvez esses sonhos sejam sobre coisas que me aconteceram antes do coma. O que me diz? — Minha tia ficou me olhando seriamente e depois ajeitou seus óculos no rosto.

— Ah... Querida, bem, podemos sim trocar de médico, porque acha isso? Você fez uma pilha de exames tem pouco tempo.

— É, eu sei... Mas é que... Não faz sentido. É tudo estranho... — Passei uma mão na cabeça e ela se aproximou.

— Querida... Lembre que acordou de um coma de meses, talvez sejam lapsos de memória. É normal está confusa. Vejo que você anda assistindo filme, séries, lendo livros. Talvez isso confuda sua cabeça. — Ela falou e fiquei lhe observando. — O médico falou que a recuperação da memória é um processo lento. Pode levar meses... Anos. — Engoli em seco e ela segurou na minha mão. — Tem também o fato de que soubemos do seu bebê. — Baixei o olhar e ela tocou em meu queixo.

— O vovô está me odiando... — Comentei ao lembrar que depois de ontem ele não falou mais comigo.

— Não, meu amor. No fundo ele se sente culpado... — Fechei os olhos e ganhei um beijo da minha tia no rosto. — Toma banho e se prepara. Os convidados estão quase chegando... A Joana passou sua roupa e está aqui.

— Tá bom.

— E... Se puder... desce pra dá uma forcinha nas tendas.

— Claro, tia. Irei sim. — Então ela se retirou do quarto e suspirei, me sentando na cama. Fiquei pensativa e acabei batendo o olho no meu remédio sobre o criado mudo. Não pensei duas vezes antes de tomar três cápsulas logo pela manhã. Essa merda tem que fazer efeito.

(...)

Era a primeira vez que eu via a fazendo do vovô bastante movimentada. Tinha muitos carros no páteo em frente a casa, havia dezenas de pessoas indo em direção da feira. Então apressei os passos e avistei minha tia e algumas das funcionárias na tenda do café da manhã que iríamos oferecer. Era tanta comida que começou a me dá fome, mesmo eu detestando comer cedo. Bolos feitos a base de milho, canjica, pamonhas, e outras dezenas de comidas deliciosas.

MurderingOnde histórias criam vida. Descubra agora