“Quer que eu vá com você?” repetiu Norman, sem acreditar no que ele mesmo dizia. “Tim, isso é loucura.”
O garoto o olhava com descrença, a mecha ruiva colada em sua testa suada. Tim já imaginava sua reação, sabia que jogar toda essa informação agora e depois pedir para que ele o acompanhasse seria muita coisa para absorver. Talvez ele só precisasse acalmá-lo, mostrar que não havia nada para se temer, mesmo nem ele sabendo se esse era o realmente o caso.
“Eu sei, nem eu estou conseguindo acreditar em tudo.”
“E os seus pais, eles realmente estão lá ainda? Você tem certeza disso?” perguntou ele. Tim baixou o olhar para a grama, utilizando o silêncio como resposta.
Mas ele queria comprovar, não iria conseguir viver sabendo que existia alguma possibilidade, mesmo que mínima, de ver seus pais de novo.
E se ele estiver enganado, se seus pais não estivessem mesmo lá, pelo menos a presença de Norman - a presença de qualquer pessoa, na verdade - o impediria de querer correr as lágrimas que certamente estariam retidas em sua garganta.
Se contentando com a resposta vazia, Norman prosseguiu:
“E outra coisa: como a gente iria até lá? Consigo contar nos dedos as vezes que saí desse orfanato para fazer outra coisa que não fosse ir para a escola.”
“A gente iria de noite, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho,” respondeu.
“E a sua amiga fantasma, ela não poderia ir com você?” quis saber ele, tentando olhar em sua direção, mas naquele momento Eliza já havia mudado de lugar.
“Ela não pode, ela está presa a este orfanato, não consegue sair dos limites daqui.”
Norman levou a mão ao queixo. Tim sabia que ele queria dizer não e não o culpava por isso. O que ele havia dito antes sobre não ter medo de fantasmas pode ter sido verdade, mas ele provavelmente não tinha medo somente porque acreditava que não existiam. Talvez chamá-lo não tenha sido uma ideia tão boa, afinal.
“Mas t-tudo bem se não quiser ir.” Ele o acalmou. “Eu não quero te...”
“Eu vou.” Norman de repente se decidiu. “Seria bom ser útil pelo menos uma vez na vida. Mas… eu não quero ir à noite.”
“Mas se não for de noite, quando vai ser?”
Nessa hora, Eliza tocou em seu ombro.
“Vocês poderiam ir no horário que estão na escola.” Sugeriu ela. “De noite seria mais seguro de ninguém ver vocês, mas ainda assim pode dar certo.”
Tim parou para refletir sobre a ideia. Embora fosse mais fácil à noite, não era tão impossível assim ir de dia. Teria que ser em algum momento onde todos os alunos e professores estivessem distraídos, como a hora do almoço, assim conseguiriam aproveitar a oportunidade para sair.
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A Menina no Jardim
FantasyTimothy Griffin nunca sentiu que a sorte estivesse a seu favor. Aos oito anos, seus pais morreram em um incêndio e ele passou a viver com seu tio-avô John, um médico aposentado que não tinha jeito com crianças. Mas logo quando conseguiu se afeiçoar...