I.

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A primeira coisa que Timothy Griffin viu quando acordou foi o fogo

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A primeira coisa que Timothy Griffin viu quando acordou foi o fogo.

   As chamas cresceram e lamberam as paredes do seu quarto como se viessem do inferno. Elas se espalharam pelo carpete e consumiram tudo em seu caminho, corroendo as cortinas e subindo até o teto, que começava a descascar.

    Pânico tomou conta de seu coração ao som delas crepitando, o calor subia por sua pele e a fumaça ardia em suas narinas. Ele prendeu a respiração o máximo que pôde, mas a tosse não permitia. Seu peito doía, ele sentia que iria morrer a qualquer momento.

    Ele correu até a porta e girou a maçaneta, mas ela não queria abrir.

    “Mãe pai!” ele gritou em desespero enquanto empurrava a porta com força. “Alguém! Por favor, alguém me tire daqui!”

   O fogo estava chegando aos seus pés. Tim empurrava a porta com o corpo enquanto lágrimas jorravam de seu rosto.

   Onde estavam seus pais? Eles haviam realmente o deixado ali para morrer?

   Esmurrou a porta mais uma vez. A sala parecia ficar cada vez mais escura e embaçada a medida que o fogo se espalhava. Seus olhos foram se fechando, seus braços e pernas amoleceram e deixaram seu corpo ir lentamente até o chão, ele não encontrava mais forças para ficar em pé novamente.

   E então, em um lapso de consciência, Tim se lembrou:

   Seus pais não iriam salvá-lo. Como poderiam?

   Seus pais estavam mortos.

   Tim se levantou da cama ofegante, enxugando a água que caia de sua testa e chegava até o pescoço, quente como carvão. Ele ergueu as mangas do pijama para ver se havia alguma cicatriz de queimadura do fogo, mas não havia nenhuma. Ele estava em seu quarto novamente, tudo havia acontecido em sua cabeça.

   Na verdade, havia sim uma cicatriz, aquela única em seu braço direito que já estava ali há anos, às vezes ele quase se esquecia que ela existia, mas ela estava sempre lá.

   E aquela havia sido bem real.

   No espelho do armário, ele conseguiu ver seus olhos vermelhos somente com a iluminação do abajur ao lado da cama, suas lágrimas misturadas com o suor que ele havia derramado enquanto dormia.

   Fazia tempo que ele não tinha esse tipo de sonho, eles eram bem mais frequentes quando era pequeno; e naquela época, ele também acordava da mesma forma: todo suado e com o corpo quente, como se realmente tivesse acabado de sair de um incêndio.

A Menina no JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora