A luz amarelada e suave da luminária se infiltra, como feixes de luz por entre sua visão. Ele estava imerso em um sono profundo, o tipo que só vem depois de uma exaustão emocional e física. Seu rosto, normalmente marcado por linhas de preocupação e determinação, estava agora suavizado pelo sono.
De repente, seus olhos se abriram, cortando a escuridão com um brilho penetrante. Dean se sentou na cama, o coração batendo forte no peito. Ele olhou ao redor, os olhos se ajustando à iluminação. O quarto estava silencioso, exceto pelo zumbido suave da luminária e o som distante de água correndo em algum lugar no bunker.
Ele se levantou, os músculos protestando contra o movimento súbito. Ele ignorou todo o incômodo. Sua mente estava focada em uma só coisa, a sensação quase certeira de que agora tudo estaria bem…ou pelo menos quase. Caminhou até a porta, a qual abriu rapidamente e saiu do quarto. Havia enjoado daquele ambiente.
O humano caminhou pelos corredores do bunker, cada passo ecoando contra as paredes de pedra. Ele passou por salas cheias de livros antigos e artefatos místicos, cada um deles sendo um lembrete de sua vida na estrada, seu trabalho.Dean caminhou até a cozinha, os pés descalços batendo suavemente contra o piso frio. A luz fraca da cozinha lançava sombras longas e dançantes pelas paredes. Sam estava lá, de costas para ele, as mangas da camisa flanelada enroladas até os cotovelos enquanto ele aparentemente lavava louça. O som de água escutado anteriormente vinha claramente daqui, afinal, esse som havia sido o principal motivo de sua vinda direta até aqui.
Em outra versão, o mundo parecia totalmente silencioso. Mas em sua versão original, não era bem assim.A voz de Dean cortou o silêncio. Rouca e um pouco sonolenta, mas inconfundivelmente dele:
— Tá fazendo o que?
Sam quase pulou, aparentemente surpreso. Ele se virou, a expressão de surpresa rapidamente se transformou em alívio quando viu seu irmão.
— Caramba, Dean, — ele diz, colocando a mão no peito — Não vi você chegando.
Dean deu de ombros, um sorriso brincalhão surgia em seus lábios.
— Foi mal. Não foi a intenção, irmãozinho.
O menor se afastava, caminhando até a mesa do bunker, onde se encosta levemente, seus braços se cruzam sobre seu peito e seu olhar é direcionado a um ponto fixo distante. O silêncio agora se fez presente, exceto pelo som da água caindo e o tilintar ocasional dos pratos sendo colocados por cima dos outros.
O silêncio após minutos foi quebrado. Um som suave de passos se aproximando. Dean imediatamente congelou, seus olhos se voltaram para a porta da cozinha. Onde uma nova figura estava parada na soleira da porta, uma silhueta familiar segurando várias sacolas de supermercado.
A luz fraca da cozinha iluminava a figura, destacando o sobretudo que ele sempre usava. Era uma visão que Dean conhecia bem, uma visão que ele nunca poderia esquecer. Aquele sobretudo, aquela postura, aquela presença... era inconfundível.Os olhos de Dean se fixaram na figura, seu coração batendo mais rápido no peito, quase como se a qualquer instante fosse perfurar sua carne com tamanha intensidade. Seu olhar agora preso a aqueles olhos azuis, um azul tão profundo que se assemelha a um maremoto de tons oceânicos. São um poema sem palavras, uma canção sem melodia, uma pintura sem pinceladas, a expressão mais pura e inalterada de sua essência. Uma cor que sempre o lembrava de...
— Cas… — Dean sussurrou, sua voz cheia de emoção. Ele se afastou da mesa.
Por um momento que pareceu durar uma eternidade, eles apenas se olharam. Havia tanta história, tanto sentimento em um só olhar. Era como se estivessem tentando gravar a imagem um do outro em suas almas. Para sempre. Para realmente recordar.
Dean deu um passo à frente, um passo hesitante, mas determinado. Castiel espelhou seu movimento, seus olhos nunca deixando os de Dean. Eles se moveram em direção um ao outro, atraídos como ímãs, como se uma força invisível os estivesse puxando juntos.
E quando finalmente se encontraram no meio da cozinha, Dean abriu os braços. Foi um convite silencioso, mas o anjo entendeu. Ele entrou no abraço, seus braços encontrando seu lugar perfeito ao redor do humano. Foi um abraço que havia sido prometido há muito tempo, um abraço que havia sido desejado, ansiado.
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Beyond the Void - (Destiel X Sabriel)
Hayran KurguDean Winchester se encontra preso em um loop temporal que o leva a testemunhar o mesmo futuro aterrorizante dia após dia. Neste futuro, ele vê o amor de sua vida, Castiel, ser consumido pelo vazio, um destino que parece inevitável. "Beyond The Void"...