Capítulo 11

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Onde Aslam foi visto

Quando chegaram próximo ao Val de Beruna, foram surpreendidos pela cena aterradora: Telmarinos movendo-se freneticamente, cortando árvores, erguendo catapultas e portando um arsenal de armas. Era um cenário assustador, repleto de atividade hostil.

Lya sentiu suas mãos suarem intensamente. As histórias que Aslam contava sobre os antigos Telmarinos, sobre seus atos de violência e opressão, ecoaram em sua mente. Um arrepio percorreu sua espinha, e ela tentou afastar o medo que se apoderava dela.

O medo voltou com força quando um cavalo próximo relinchou, trazendo consigo homens robustos e bem armados. O grupo se entreolhou, compartilhando a tensão e o receio do que poderia acontecer.


— Talvez não tenha sido o melhor caminho a seguir! — sussurrou Susana baixinho para Pedro.

O anão começou a preparar seu arco, enquanto Lya segurava sua adaga com firmeza, pronta para qualquer eventualidade.


Acho que não vamos precisar disso. — Disse Pedro, decidido, enquanto se afastava em direção à floresta novamente. — Seria uma tolice. Venham.

Seguindo Pedro, o grupo voltou para o penhasco onde haviam ocorrido as intensas discussões algumas horas antes. Lya começou a sentir novamente uma certa inveja ao ver Lúcia suspirar e olhar para o outro lado do penhasco.

"Por que não consigo vê-lo? Pai, onde você está? Pensei que sua graça me rodearia para sempre", ela refletia, reconhecendo um pensamento egoísta que só anos depois compreenderia. Talvez fosse ciúmes; afinal, Aslam era sua família. Mas, no fundo, Lya sabia que não deveria se sentir assim. Onde estava sua verdadeira fé em Aslam?

— Lu! — chamou Pedro pela mais nova. — Onde você acha que viu Aslam?

Lúcia o encarou meio irritada pelo fato de só agora recorrerem a ela e ao leão.


Eu queria que parassem de tentar parecer adultos! — disse a jovem, ainda zangada, encarando cada um dos adolescentes. — Eu não acho que vi Aslam, EU VI ELE!

Depois da repreensão, um silêncio pesado pairou sobre o grupo. Baixaram a cabeça, imersos em seus pensamentos, retornando à sensação de serem crianças novamente. Na verdade, eles nunca realmente deixaram de sê-lo, mas, de alguma forma...
Vocês, queridos leitores, compreendem, não é?
É complicado para alguém como eu, que apenas narra a história, explicar como a magia profunda acontece.


— Eu sou adulto. — Trumpkin murmurou, mantendo o queixo erguido, o único a resistir à aura de infantilidade que pairava sobre o grupo.

Lúcia revirou os olhos e saiu em busca do local onde afirmava ter visto Aslam.


— Foi bem aq... — Antes que a pequena pudesse terminar a frase, um buraco se abriu na terra e ela caiu, soltando um grito estridente.

O susto fez com que todos corressem imediatamente até ela. Contudo, para surpresa geral, encontraram-na sentada em um monte de terra, com uma passagem de grama mais abaixo.


— Aqui! — ela exclamou, divertida com a situação.

Os membros do grupo ficaram estupefatos e sem palavras diante do acontecido. Embora alguns pensassem que era superstição afirmar que Aslam estava ali, todos se viram obrigados a considerar a possibilidade de algo extraordinário estar acontecendo.

Plummer e o chamado de Caspian: as crônicas de Nárnia Onde histórias criam vida. Descubra agora