25 | Caçadores e raposas

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They are the hunters, we are the foxes
And we run

Eles são os caçadores, nós somos as raposas
E nós corremos


I know places

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O Barcelona está no topo da Liga F. Mesmo que não seja uma surpresa, seria tolice da minha parte me acostumar com isso, certo? Um erro fatal para o meu ego.

Afinal, no amor e no jogo, não dá para vencer sempre.

Mas, assim como estou começando a andar com uma leveza em campo que nunca senti e a gostar demais das goleadas, também estou correndo o risco de me acostumar a ter Cornelia Ember sorrindo só para mim jogo após jogo. Tento compensar me soltando mais com as outras jogadoras também. Abraço Alba, bato na mão de Sofia depois de cada gol que ela marca e, quando eu faço um gol, deixo que todas se amontoem ao meu redor, me dando tapinhas nas costas, me puxando para abraços apressados e me envolvendo em uma bolha de euforia e afeto.

Tudo isso vem com força total no jogo do Barça contra o Real Madrid. Estamos no estádio delas, toda a torcida contra nós, mas é até engraçado como a negatividade vinda das arquibancadas é incapaz de penetrar as nossas defesas. Somos fortes demais juntas. Invencíveis. Pelo menos, é nisso que me deixo acreditar.

— Elas estão jogando muito bem hoje — Alba comenta logo antes do início do segundo tempo, quando estamos reunidas em um círculo na beirada do gramado. — Não são páreo para nós, obviamente, mas acho que um dia podem ser.

Ela dá um sorriso que a faz parecer uma mãe orgulhosa assistindo ao primeiro jogo de futebol da filha. Só que a filha, no caso, é o nosso time rival.

Quando ela vira o rosto para observar as jogadoras amontoadas a alguns metros de nós, ainda com os olhos brilhando e aquele sorriso calmo, eu me recordo do que li antes de vir para o Barça, quando estava pesquisando sobre todas as jogadoras. O Real Madrid faz parte da carreira de Alba. Ela jogou na base do Barcelona, mas o time a dispensou quando ela ainda estava no Sub 17. Foi nos três anos em que jogou pelo Real Madrid que Alba provou seu valor. Depois disso, o Barça a surrupiou de volta e nunca mais devolveu. Aposto que ela nunca mais vai jogar para outro time.

E ela está certa, um dia o Real Madrid feminino vai ser páreo para nós.

— Mas não hoje — eu digo, terminando de refazer a minha trança no cabelo. — Hoje vamos ganhar de quatro a zero.

— Está prometendo mais dois gols? — Alba volta o olhar para mim, e seu sorriso permanece.

Nos últimos tempos, é difícil não vê-la sorrindo. Um tipo de magia que eu gosto de chamar de efeito Emily. Sei, melhor do que ninguém, como é difícil não sorrir perto daquela garota.

— Estou. — Levanto o queixo, com a pompa toda. O placar está em 2x0, mais dois gols em 45 minutos de jogo não é nada. — Não necessariamente gols meus, mas isso não importa.

— Não, não dê para trás, Becs. — A provocação na voz de Connie me faz olhar para o lado, buscando por ela entre as nossas colegas de time. Ela está à minha esquerda, entre Pilar e Sofia, e seus olhos estão apertados em desafio. — Agora que prometeu, entrega.

Reviro os olhos, tentando a todo custo não sorrir.

— Se você fizer dois passes perfeitos, eu marco — afirmo, e dou conta de manter o meu humor apenas nos olhos. — Mas aí não depende só de mim...

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