O sol tinha acabado de nascer, quando Kara já estava de pé. Ela mal conseguiu dormir. A imagem de Mon-el morto em seus braços não saia da sua cabeça, e a perturbou durante toda a noite. Por outro lado, Lena dormiu pesadamente, estava cansada por causa do estresse que passou com sua mãe e toda a questão de Mon-el.
Kara sai do banheiro, e vai até a cozinha, antes de pôr as mãos na cafeteira, ela encara o bilhete em cima da cozinha, como se fosse o pior inimigo que ela já teve que enfrentar. Mesmo assim, ela não o abre. Segue para fazer o café.
Enquanto montava a mesa, sua mente é tomada instantâneamente por flashes de memória.
“- Bom dia, dorminhoca. Com fome? - Mon-el fala rindo para Kara.
- Sempre. Fez tudo isso pra mim, meu chef favorito?. - Kara responde abraçando Mon-el pela cintura.
- Cozinhar tem me feito muito bem, e pra você então, é uma honra. Uma heroína precisa se alimentar. E claro, eu estava te devendo essa, pela confusão que aprontei ontem. - Mon-el fala.
- Pois é. Eu realmente preciso ser recompensada, e você, a controlar seu ciúmes. - Kara adverte.
- Sim, senhora. - Mon-el termina, enrugando o nariz e se aproximando de Kara para beijá-la.”
Assim que a memória sai de sua mente, ela volta a si, e percebe que seus olhos estavam cheios de lágrimas.
- Kara? Já está acordada? - Lena fala se aproximando da mesa.
- Lena? - Kara limpa suas lágrimas rapidamente e vira para olhar Lena.
- Não precisava levantar tão cedo, e ainda fazer café da manhã. - Lena fala.
- Não, tudo bem, eu precisava ocupar um pouco a mente. Você está bem? - Kara responde.
- Sim, bem melhor. Mas ainda temos um longo dia hoje. Você está pronta pra isso? - Lena pergunta.
- Não sei. Mas terei que fazer. Por ele. - Kara termina.
Lena se aproxima de Kara e a puxa pela cintura. Abraçadas, elas se olham.
- Vai ficar tudo bem. Nós passaremos por hoje juntas. Se precisar de qualquer coisa, é só me dizer. Inclusive eu já providenciei toda a documentação e mandei alguns funcionários cuidarem de toda a cerimônia. Será às 10h desta manhã. - Lena fala, com um sorriso esperançoso.
- Tudo bem. Obrigada, eu não acho que conseguiria fazer nada disso. - Kara responde, e devolve um sorriso triste para Lena.
Elas tomam café, e quando terminam, Lena pega o bilhete no balcão e vira para Kara.
- Acho que é melhor encararmos logo isso.
- Você pode fazer isso? - Kara pergunta.
- Claro, meu amor. - Lena responde.
Lena abre o bilhete vagarosamente, respira fundo e começa a ler.
“O que dizer para Lena?
1. Ela estava certa, eu amo a Kara, e preciso priorizar a felicidade dela e respeitar suas escolhas.
2. Kara é inteligente e tem um coração gigante, se um dia eu já fui escolha dela, foi uma honra.
3. Eu sou um homem melhor que já fui no passado. Não tomarei mais as mesmas atitudes idiotas e egoístas.
4. Lena, faça ela feliz e cuide dela, melhor do que eu um dia fiz ou cuidei. Eu a perdi e foi burrice. Sei que vai ser mais esperta do que eu, você parece de fato uma grande pessoa.
5. Cuidado, ela é incrivelmente teimosa e acha que pode fazer tudo por todos. Se ela estiver com fome, resolva rápido, antes que ela se torne um monstro.”
Lena termina, e olha pra Kara, com um sorriso triste.
- Acho que ele iria fazer o certo dessa vez. Ele morreu porque queria basicamente se desculpar comigo e depois ainda salvou minha vida. - Lena fala enquanto lágrimas deixam seus olhos.
- Ele realmente tinha mudado. Ele morreu como o herói que eu sempre disse que ele seria. Estou orgulhosa. - Kara fala com um sorriso orgulhoso e com seus olhos inundados.
Kara vai até Lena, a abraça forte e descansa sua cabeça em seus ombros.
Depois de algumas horas tentando se recompor, elas já estavam prontas para o velório. E Alex chega no apartamento para buscá-las. Quando ela vê Kara, a abraça profundamente.
- Conseguiu descansar? - Alex pergunta quando elas se afastam.
- Não muito. - Kara responde.
- Leu o bilhete? - Alex questiona.
- Lena leu pra mim. Estou orgulhosa dele. Da forma como ele se tornou melhor e o que ele tentou fazer antes de morrer. - Kara responde.
- Que bom. Ele merece uma linda homenagem. Vamos lá. - Alex termina.
As três saem do apartamento. No caminho, não houve muita conversa, todas pareciam pensativas. Quando chegam no cemitério, todos já estavam lá, menos Esme. Alex e Kelly não quiseram levá-la para um momento tão triste e confuso. Todos se reúnem ao redor da lápide e o caixão é colocado no túmulo. Aos poucos, cada um pega um pouco de terra e joga em cima do caixão, dando seu adeus a Mon-el.
- Adeus, amigão. Vou sentir falta das nossas aventuras. - diz Winn.
- Descanse em paz Mon-el. Você era o meu melhor parceiro de bar. Sentirei falta das nossas discussões. Desculpe se fui dura algumas vezes. - diz Alex.
- Tchau Mon-el. Não éramos tão próximos, mas já salvamos essa cidade juntos. Não é algo que se esqueça. - diz Nia.
- Vai em paz, Mon-el. Cuidaremos de tudo por aqui. Em Marte, carregamos os mortos em nossas mentes, você está em cada um de nós agora. - diz J’onn.
- Sinto muito, Mon-el. - diz Kelly.
- Até mais, cara. Sentiremos sua falta. - diz James.
- Sei do que fez por mim. Eu nunca vou esquecer, Mon-el. Obrigada, de verdade. Eu farei o que disse, cuidarei dela, pode deixar. - diz Lena.
- Não sei nem o que dizer, Mon-el. Eu não podia perder você. Eu te amei muito, mais do que pensa. Vou carregar você no meu coração pra sempre, meu herói daxamita. Eu estou tão feliz pelo que fez, tão orgulhosa. Eu sempre soube que você podia ser assim, seu coração sempre foi bom. Descanse em paz, e um dia, se Rao permitir, nos veremos novamente. Espera por mim. - diz Kara.
O túmulo foi fechado, Mon-el tinha realmente ido embora. Todos se abraçaram e foram embora. No apartamento de Kara, todos estavam reunidos, tentando processar aquele momento e bebendo.
Alex recebe uma mensagem: - Agente Danvers, depois da investigação que pediu, nossos agentes sincronizaram informações e descobrimos quem provavelmente está por trás da máscara do agente da liberdade. A fábrica de aço em que encontramos Lillian Luthor naquele dia, pertence à antiga família Lockwood. Atualmente, o responsável pelos negócios da família é Ben Lockwood, pois seu pai morreu durante a invasão daxamita, ano passado.
Alex rapidamente ligou os fatos, afinal Lockwood era famoso nas redes sociais por seus discursos conservadores e anti-alienígenas. Ela pensou o quão distraída estava, afinal, estava ali bem na cara dela. Ela só não imaginava que o agente era uma pessoa tão exposta e engomadinha.
Lockwood era não só anti-alienígena como também odiava Lena Luthor por ela ter retirado seus investimentos da fábrica, quando a mesma, faliu depois da morte de seu pai. Ele tinha todos os motivos para se juntar a Lillian Luthor e agir contra a Supergirl e sua mais nova parceira, Lena. A única coisa que não encaixava era Lockwood ter matado Mon-el enquanto estava atrás de Lena. Afinal, apesar de Lillian ser uma péssima mãe e uma pessoa cruel, se ela quisesse fazer algo contra a própria filha, ela teria feito antes. Até os Luthor’s tinham limites.
Quem então estaria ajudando o agente da liberdade? Alex não acreditava que ele agiu sozinho, alguém queria a cabeça de Lena Luthor, e essa pessoa, fez Ben Lockwood trair Lillian e arriscar ser pego pela Supergirl. Definitivamente, alguém poderoso. Aliado ou inimigo de Lillian? Ela não tinha ideia.
Alex avisa a J’onn. Eles resolvem ir atrás de Lockwood sem avisar a Kara, pois tinham medo do que ela poderia fazer se descobrisse quem matou Mon-el naquele exato momento, ainda mais, com a ajuda de Lena. Todos vão embora após algumas horas e Kara fica sozinha com Lena de novo.
Lena resolveu testar suas habilidades culinárias enquanto Kara cochilava no sofá. Ela queria poder agradar Kara e deixá-la feliz de alguma forma.
Um barulho forte de metal acorda Kara, e ela corre para a cozinha.
- Merda. Não acredito! - Lena exclama.
- Lena? O que houve? - Kara questiona assustada.
- Kara? Eu te acordei? Desculpe, às vezes esqueço da super audição. - Lena responde.
- O que está tentando fazer? - Kara pergunta tentando entender o que Lena Luthor fazia em uma cozinha.
- Estou preparando, ou tentando preparar um jantar pra você. Minha mãe não era só uma bruxa talentosa, mas também uma ótima chef. - Lena fala dando de ombros, parecia decepcionada.
- Por que? Eu nem estou com tanta fome assim. E porque não pediu minha ajuda? - Kara fala se aproximando de Lena.
- Kara, eu te amo muito. Mas você é um desastre na cozinha, algumas vezes eu até acerto. Você provavelmente me atrapalharia. E eu quero que você descanse, apenas isso. - Lena fala tocando os ombros de Kara.
- Ok. Eu vou fingir que não me senti ofendida. Só porque eu te amo muito pra ficar com raiva de você. Espera, então todas essas vezes que eu cozinhei pra você, você mentiu dizendo que estava bom? - Kara questiona com a testa enrugada.
- Digamos que sim. Eu não queria ser estraga prazeres. Uma mentirinha boba, você me perdoa? - Lena fala com um sorriso esperançoso.
- Claro que sim. Que pergunta. - Kara fala revirando os olhos.
Lena beija delicadamente os lábios de sua namorada. Depois Kara senta no balcão e observa Lena cozinhar, enquanto comenta e tenta rir um pouco. Após um tempo de conversas e gastronomia, Lena terminou seu jantar orgulhosa. Kara observava, mas desviou o olhar e acabou pousando seus olhos em uma antiga foto de Mon-el no canto do armário da cozinha. Ela se levanta e pega o porta retrato, o encara com um olhar triste, e o coloca em um novo lugar, a mesa de canto perto da janela, dando um pequeno sorriso.
Lena coloca a mesa, e ao ver Kara parada de frente para o porta retrato, ela abraça Kara por trás e apoia seu queixo no ombro dela.
- Um novo lugar? - Lena pergunta.
- Sim. Uma última homenagem. - Kara responde.
- O jantar está pronto. - Lena avisa.
- Vamos lá então. O cheiro está ótimo. - Kara termina.
Lena beija a bochecha de Kara, e elas vão até a mesa. Durante o jantar Lena consegue tirar algumas risadas de Kara e a comida de Lena realmente estava boa. Kara jamais imaginou que Lena saberia cozinhar.
- Pronta para a sobremesa? - Lena fala animada.
- Sobremesa? - Kara arregala os olhos.
- Sim. Só um momento. - Lena avisa.
Lena vai até a geladeira e pega uma caixa. Ela leva até a mesa.
- Donuts!? - Kara exclama.
- Especialmente pra você. - Lena fala entregando a caixa para Kara.
- Era tudo que eu tava precisando. Obrigada, eu te amo. - Kara fala olhando para os donuts.
- Está falando de mim ou dos donuts? - Lena pergunta.
- Dos dois? - Kara brinca.
Elas riem. E Lena observa o quão bom era ver Kara dar um sorriso de verdade depois de tudo que houve. Ela sabia que ainda seria difícil os próximos dias, mas que poderia dar tudo certo se permanecesse ali, junto com ela. Depois do jantar e da sobremesa, elas se deitam no sofá para descansar. Kara pega no sono, finalmente, no colo de Lena. Quando Lena fecha seus olhos e encosta a cabeça, seu celular notifica e ela olha a mensagem: - Lena, quero que me encontre amanhã, às 15h na antiga mansão Luthor. Venha sozinha, e não conte a Supergirl ou a sua namoradinha repórter, que no caso são a mesma pessoa. Se contar ou se não vier sozinha, o mundo saberá em primeira mão, qual é a verdadeira identidade da Supergirl, e quem são as pessoas próximas a ela. ASS.: M.L.
Lena olha assustada e sem entender. Mas sabia o que deveria fazer.Obrigada por ler até aqui. Já sabe quem mandou a mensagem? Até o próximo capítulo. <3
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Outros mundos - Supercorp
FanfictionLena Luthor é uma cientista brilhante, que sofre com o legado doentio de sua família e a sombra do irmão criminoso, e decide abandonar sua cidade e ir buscar um mundo novo em National City, cidade da heroína Supergirl, com quem pretende manter uma b...