CAPÍTULO 20 DYLAN: Passeamos de barco

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Mais uma vez nós estávamos chegando ao fim da escada, outra luz irradiava da porta indicando o fim, saímos e nos deparamos com a quarta camada, meus pés estavam encharcados e aquela água era extremamente fria, a princípio eu pensei ter chegado em um campo, sei lá, haviam muitas árvores retorcidas e com um solo arenoso que como sempre era naquele tom negro, mas a diferença era que haviam muitos rios, dezenas na verdade, desde rios finos e rasos a grandes e profundos, as opções eram várias e todos eles se ligavam a um outro rio que era enorme além de ter uma densa névoa que cobria alguns rios ou parcialmente outros, nós subimos no topo de um pequeno morro e conseguimos enxergar um pouco da sua magnitude, eu não conseguia nem imaginar qual era a sua largura pois parecia que eu estava olhando pro mar, mas ainda consegui ver uma pequena costa bem ao longe, as suas águas eram bem escuras, pareciam ser muito poluídas, só que isso não era a única coisa estranha lá, haviam ruínas, muitas ruínas do que parecia ser uma cidade bem antiga, muros de pedra quebrados, e vários tipos de pilastras e pisos em ruínas, parecia que uma catástrofe tinha acontecido por lá,em alguns rios haviam pontes com a aquela mesma arquitetura das ruínas.

Mais uma vez nós estávamos chegando ao fim da escada, outra luz irradiava da porta indicando o fim, saímos e nos deparamos com a quarta camada, meus pés estavam encharcados e aquela água era extremamente fria, a princípio eu pensei ter chegado em ...

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- O rio Díte e a cidade dos mortos. - disse Edward.
Vendo aquela ruínas eu não conseguia imaginar que aquilo um dia tinha sido uma cidade e mais assustador que isso eu não conseguia nem pensar quem seriam os seus moradores.
Admiramos por alguns segundos o tal rio e como ele se estendia até o horizonte, não conseguia enxergar nenhum castelo a frente, o que me preocupava já que provavelmente teria de andar alguns quilômetros.
- É melhor nós começarmos a seguir a runa, quanto mais cedo encontrarmos o caminho mais cedo chegaremos ao príncipe dessa camada. - disse Alécia.
A runa pareceu ter escutado ela, ela brilhou e pulou da mão de Jason, começando a indicar o caminho e como sempre nós a seguimos. Mas dessa vezela fez algo inesperado, ela foi até a borda de um rio maior do que os outros e simplesmente parou, eu imaginei que algum caminho mágico iria aparecer ou sei lá o rio podia se abrir pra nós o que seria bem irônico na verdade, mas não aconteceu nada e confusos nós nos entreolhamos.
- E agora ? - Jason perguntou. - Esperamos alguém aqui vir nos buscar ? Será que existe serviço de transporte aqui ?
Eu dei de ombros sem saber uma resposta adequada.
- Algo vai acontecer, posso sentir isso. - disse Edward.Que algo tinha que acontecer era óbvio, mas o problema é, quando isso iria acontecer ? Eu estava confuso, era para a runa nos guiar até o próximo castelo, mas em vez disso ela congelou.
- Será que quebrou ? - Jason perguntou. - Afinal nós não sabemos a idade dessa coisa.
- Não acho que ela tenha quebrado, se isso tivesse acontecido nós já teríamos sido mortos pelo miasma infernal. - disse Alécia.
Miasma ? Acho que era aquelasubstância que já haviam mencionado antes, caso a respirássemos seria provavelmente o nosso fim, menos pro Jason eu acho.
- Ainda tenho essa dúvida, o que é exatamente esse miasma ? - Jason se adiantou e perguntou primeiro.
- Em resumo, ele faz parte da própria atmosfera do Sheol e que está presente em todas as camadas, a essência primordial que veio da própria Tehom, os mortais e os magos possuem atmosferas próprias para o seu desenvolvimento e sobrevivência e o mesmo acontece para os demônios, como nós não somos filhos do Sheol então nós morreríamos quase que instantaneamente, não antes de sofrermos com uma sensação dilacerante em nossos peitos por inalarmos o ar do inferno. - ela explicou e eu fiquei aterrorizado.
Eu fiquei com os olhos arregalados por um segundo e rapidamente, coloquei a minha mão na garganta como se certificar-se de que estava respirando normalmente e não sufocando.
Por um lado eu estava feliz pela runa não ter quebrado se não nós iríamos morrer bem rápido de acordo com que Alécia disse, mas se ela não estava quebrada então o que havia acontecido ?
Resolvi me aproximar do rio onde ela estava parada e me abaixei para ver as águas, seu cheiro era horrível e a aparência pior ainda, as vezes liberava umas bolhas na superfície, como se algo estivesse fervendo lá dentro e sua água era tão negra que eu quase achei que fosse petróleo. Em uma tentativa idiota de tentar fazer algo acontecer eu coloquei um dedo na água, má idéia, em um segundo eu escutei algo perturbador, eram vozes, não duas ou algumas pessoas a mais, mas sim várias, dezenas delas gritando loucamente, algumas de socorro outras de dor e outras eu sei lá, era tão perturbador que eu não consegui entender, tive a sensação que aquilo havia durado uma eternidade mas quando caí pra trás de susto e recuperei a consciência eu percebi que haviam se passado só poucos segundos.
- DYLAN !!? - Alécia gritou na hora e veio em minha direção. - Por Atena, o que pensa que está fazendo !
Ela me ajudou a levantar e com dificuldade e consegui me erguer, minha cabeça ainda formigava depois de ouvir aquele imenso lamúrio cheio de dor. Jason chegou perto e parecia mais preocupado.
- Cara, o que foi isso ? - ele disse preocupado. - Por um segundo pensei ter ouvido uma multidão descontente assim que você pôs o dedo naquele piche.
Eu mantinha a mão na cabeça, estava tentando entender o que havia acabado de acontecer ali.
- São almas ? - disse meio baixo. - De baixo d'água, dezenas de almas gritando por ajuda.
Alécia havia posto sua mão em minha testa e usava algum tipo de feitiço pra tentar me acalmar, sentia que estava fazendo efeito.
- Você não está errado, nessa camada aqueles que são condenados por causa da ira e da raiva são obrigados a ficar debaixo dessas águas eternamente, enfrentando constantemente a sensação de afogamento e desespero. - ela explicou. - Foi muito arriscado o que fez, tocando assim na água faz com que as almas forcem um elo empático com você, se tivesse permanecido por mais alguns segundos o seu cérebro provavelmente seria frito.
Eu concordei, mas ainda havia outra coisa que eu tinha sentido quando toquei nas águas.
- Acho que também descobri um jeito de atravessar essas e chegar ao Leviatã. - eu disse.
- E como vai fazer isso ? - perguntou Edward. - Não vai me dizer que quer nadar nessas águas ?
- Nem sequer pensei nisso. - disse firme. - Isso seria maluquice, quase morri só de encostar um dedo. Apenas observe.
Invoquei meu arco e saquei uma flecha, a preparei e apontei em direção ao horizonte, para a mesma direção em que a runa indicava, me concentrei para me lembrar de algum feitiço útil e ele surgiu na minha mente, eu o recitei e um selo apareceu na ponta da flecha, ela começou a brilhar mais e mais e eu a soltei e rápida como um foguete ela alcançou o céu e explodiu como um lindo fogo de artifício azul.
- Isso vai chamar a atenção de quem pode nos ajudar. - eu disse.
- Ou de quem quer nos prejudicar. - disse Edward e Alécia lhe deu uma cotovelada.
Torcia pra que isso não acontecesse, mesmo naquele lugar eu queria evitar por coisas desnecessárias pois sabia que precisaria estar cem por cento pra quando encontrássemos Amy.
Por quase um minuto nada aconteceu e fiquei preocupado, quando toquei a água senti que havia algo perto de nós que podia nos levar e confiei em meus instintos mas estava começando a pensar que me foi pregada uma peça, mas aí um som começou a surgir perto de nós, algo se movendo pelas águas e cada vez mais perto, talvez fosse alguém que quisesse arrumar problema mas acho que não era isso. Surgindo de meio a uma névoa, um barco de aparência bem miserável, a madeira já estava bem desgastada e algumas cordas podres se arrastavam pelas águas escuras, o barco não tinha mastro, ou seja andava a remo mas não sei como conseguiam guiá-lo pois ele era bem grande e precisaria de algumas pessoas para o conduzir, mas em vez disso havia apenas uma figura, sombria e demoníaca balançando um enorme remo e vindo em nossa direção. Usava um manto negro e bem desgastado com um capuz que lhe cobria o rosto, os braços eram as únicas partes visíveis de seu corpo, eram finos e com dedos alongados com garras negras nas pontas, se fosse só por isso eu até ficaria bem mas em suas costas haviam um imenso par de asas demoníacas e de sua cabeça perfurando o manto, dois chifres negros e retorcidos.
- Alécia ? - eu a chamei. - Eu conheço um pouco sobre os mitos gregos e então eu te pergunto, aquele seria Caronte ?
Alécia me olhou com um leve sorriso.
- Acredite não é, Caronte é bem mais receptivo do que esse aí. - ela disse. - Várias lendas surgiram desse cara e ele é bem ranzinza quanto a isso, então tome cuidado e não o compare com mito grego, por favor.
Eu concordei e continuei observando, o barco parou à nossa beira, de repente a lateral se abriu e uma pequena ponte de madeira saiu criando uma passagem segura pra que nós pudéssemos subir, Alécia pegou a runa e entrou primeiro, parecia conversar com o barqueiro que concordou se virando para nos olhar diretamente, o que consegui ver naquele capuz foram só dois imensos olhos de um branco fantasmagórico, Alécia se virou e fez um gesto pra que entrássemos, concordamos e fomos em frente e ela entregou a runa de volta a Jason que a guardou no bolso. Quando entrei, fui logo indo para a frente pra ver o caminho que enfrentaríamos, quando olhei para trás só vi o barqueiro com cabeça abaixada o que era bom pois não queria que ele pensasse que o estava encarando.
- Quanto tempo será que vai levar ? - disse Jason impaciente. - Isso pra mim já está demorando demais, cruzar todas as camadas infernais até chegar a Amy vai ser uma tortura.
- Nós estamos no inferno cabeção. - disse Edward. - É claro que é uma tortura.
- Vamos torcer para que nosso próximo anfitrião seja compassivo como Behemoth- disse Alécia.
- Ah, se Jason bancar o irmão mais novo, quem sabe ? - brincou Edward.
Jason estava apoiado na beira do navio e quando ouviu aquilo pareceu ter ficado irritado por um segundo, pude sentir sua aura ficar mais tensa, mas logo ela se aquietou com ele se virando e rindo junto com a gente.
- Ha ha, acho que vou pedir ele pra dar um mergulho grátis pra você Eddy. - Jason disse sorrindo
Acho que Jason estava amadurecendo sobre essas questões familiares, mas depois que disseram isso, uma dúvida começou a surgir na minha cabeça.
- Espera, agora que disseram isso e pelo visto temos algum tempo até chegar ao Leviatã. - disse. - Eu queria perguntar, por que Behemoth chamou Jason de irmão ?
Jason parece também ter se esquecido sobre isso, até os havíamos questionado nas escadas que nos trouxeram a essa camada, mas eles ainda não queriam revelar.
- Vocês estão ficando cada vez mais curiosos em. - disse Edward. - Mas por um lado isso é bom, um mago de verdade sempre questiona aquilo que lhe traz dúvidas.
Alécia deu um passo e tomou a palavra:
- Não acho que isso seja algo que devemos esconder de vocês, afinal isso não é nenhum segredo importante. - ela disse. - Os príncipes do inferno, principalmente os da primeira geração, são reconhecidos como filhos legítimos de Tehom, por isso possuem um status mais elevado do que os outros demônios e até sobre alguns príncipes da atual geração, como Leviatã e Belzebu por exemplo, outros como Belphegor e Mammon mesmo sendo filhos legítimos ainda foram rebaixados de posto por supostos crimes condenados por Lúcifer. Mas aí chegando ao grande ponto, Oscuros também é classificado como um legítimo filho de Tehom.
- Tá querendo me dizer que eu também sou irmão daquele nojento do Belzebu e daquele insuportável do Asmodeus ? - questionou Jason.
- Bem, é um pouco mais complicado do que isso. - Edward continuou a explicação. - Mesmo entre os filhos de Tehom existem certas rivalidades, por isso alguns se consideram irmãos de uns e de outros não, entendeu ?
- Mais ou menos. - disse Jason meio confuso.
Eu acho que havia entendido, é tipo uma relação afetiva, com alguns irmãos eles se davam bem, mas já com outros a conexão não era boa.
- Vamos ver se eu consigo explicar bem, as três bestas do apocalipse como assim foram batizadas: Behemoth, Leviatã e Ziz se consideram realmente como irmãos pois possuem uma ligação maior do que com os outros e o restante dos príncipes pensam quase da mesma maneira, já que alguns dos atuais príncipes não são ou não exatamente são filhos da deusa do caos. E as bestas do apocalipse enxergam Jason como um irmão caçula que não chegou a conhecer a mãe, desde a sua primeira vida eles pensam assim.
Eu estava me segurando pra não fazer piada com Jason, se eu fizesse ele podia fazer algo bem desagradável comigo se o conheço bem.
- Concerteza Lúcifer deve ser um desses não respeitados, mesmo ele o sendo rei. - eu disse. - Lembram como Belphegor se referia a ele com raiva, concerteza não deve haver uma relação familiar ali, e se pararmos pra pensar, Lúcifer é sobrinho de Tehom.
- Mephisto também é uma exceção. - disse Edward. - Afinal ele é um demônio nativo do inferno e não de Tehom, ele é diferente dos outros e que demonstrou um poder que se igualava até aos príncipes.
- Espera, se bem me lembro Behemoth disse que Ziz estava presa em algum lugar por Lúcifer. - disse Jason. - Por que ?
- Ah, você chegou a um ponto bem interessante. - disse Alécia. - Quando Lúcifer caiu junto com todos os outros anjos que o seguiram ele precisou encontrar um lugar seguro pra se recuperar e aumentar seu poder, foi por isso que ele foi para o inferno, naquela época já haviam os príncipes mas nenhum rei já que eles acreditavam que o trono deveria ser apenas para Tehom, eles tinham a esperança de que um dia ela retornaria. Mas o portador da luz viu uma nova chance de ter um reinado mesmo não sendo tão grandioso quanto governar o Éden inteiro, houve então uma guerra de conquista entre demônios e caídos que terminou com a vitória e proclamação de reinado de Lúcifer, Azazel que era o seu braço direito na época entrou como seu príncipe e alguns dos demônios que ocupavam o trono tiveram que sair, como Astaroth e Ziz que não aceitavam sua liderança mesmo tendo sido derrotados, por isso ele os mandou para uma prisão na qual residem até o dia de hoje.
Uau, isso sim era uma história digna de um filme, e de talvez um Oscar.
- Mas Azazel não é mais um príncipe. - lembrou Jason. - Ele abdicou do trono para ir embora do inferno junto com todos os caídos.
- Isso é verdade, Azazel ficou farto dos planos falhos de Lúcifer de tentar invadir o Éden e por isso abandonou o trono e levou consigo a lealdade de todos os caídos que também estavam decepcionados com ele. - disse Edward.
- E o que tornava esses planos falhos ? - perguntei.
- Vocês dois lembram ? Quando ainda tinham escamas. - Alécia nos respondeu. - Oscuros se encarregava de que os exércitos não passassem por ele, não conseguia conter todos é claro pois eram muitos de uma só vez, mas os que conseguiam passar tinham que enfrentar Luminus que vigiava a entrada para o paraíso.
Então a raiva que Lúcifer tinha já a nutria antes mesmo dos dragões começarem a reencarnar. Mas não explicava outra coisa.
- Então por que Lúcifer não tentou invadir nos dias de hoje ? - perguntei.
- As barreiras do inferno foram melhoradas depois que os vocês morreram na primeira vez, impedindo que muitos tipos de demônios saíssem do inferno por conta própria, as barreiras do céu também foram é claro, há inúmeros querubins guardando aquele lugar e um único anjo já é suficiente pra derrotar muitos demônios em uma batalha, por isso uma aliança com os caídos é tão desejada e a soltura de Tehom é claro, pois ela seria a única que conseguiria quebrar essas barreiras.
Muita coisa foi esclarecida naquela conversa, eu tinha várias dúvidas mas sentia que a maioria já havia sido respondida. Antes mesmo de eu pensar em perguntar mais alguma coisa pra aproveitar antes de chegarmos ao castelo de Leviatã algo aconteceu, um leve tremor sacudiu o barco.
- O que foi isso ? - perguntou Jason se segurando na beira do navio.
- As almas podem estar se agitando contra alguma coisa. - disse Edward. - Mas não existe motivo pra isso, afinal viemos em paz e com o selo, temos passagem livre por aqui.
Outro tremor, e dessa vez eu já tinha ido pra beira me apoiar no navio pois não queria perder o equilíbrio.
- Acho que tem alguma coisa embaixo d'água. - disse Alécia. - E que está provocando as almas as deixando turbulentas, acho que pode ser alguma fera infernal como Marchosias.
- Mesmo pra uma fera infernal, mergulhar nessas águas é muito arriscado. - disse Edward. - A quantidade de almas presas nela a deixariam louca em alguns segundos.
- Então o que pode ser ? - disse Jason.
Antes de qualquer resposta surgir veio mais um tremor que dessa vez foi tão forte que mesmo apoiados perdemos equilíbrio e acabamos caindo, não havia me tocado de tão longe fui parar até abrir os olhos e ver que estava aos pés do barqueiro encarando aqueles enormes olhos brancos.
- Dylan sai daí ! - chamou Jason que estava longe de mim
Eu me afastei ainda no chão e assim que estava a alguns metros eu me levantei, o barqueiro disse alguma coisa mas não consegui compreender nada, acho que estava em outra língua.
- Mestre !? - disse Jason.
- O que foi que disse ? - Edward perguntou já se aproximando dele.
Jason olhou pra ele e disse.
- Foi o que o barqueiro disse. - explicou Jason. - Ele falou "meu mestre" nessa língua esquisita.
- Moloke, o idioma do Sheol, faz sentido que você consiga entendê-la. - disse Alécia. - Mas se ele disse isso, significa que quem ele serve está perto, ou melhor, estava abaixo de nós !
- Como assim ? - perguntei. - Edward acabou de dizer que nada podia nadar nessas águas !
- Eu disse que pra uma fera infernal era impossível, mas pra um príncipe não. - Edward disse com tensão em sua voz.
Eu senti um leve desespero e quando parei pra perceber as auras de todos estavam desse jeito, o monarca daquela camada estava ali e quase nos fez dar um mergulho a força naquela água amaldiçoada. Ondas começaram a se formar no rio, indicando que algo embaixo d'água estava vindo em nossos direção, os outros pareceram também perceber pois cada um pegou sua arma pronto pra lutar e eu já saquei uma flecha e a apontava para o que ia sair da água.
A onda parou bem na frente do barco e o movimento sumiu, até pensei que tivesse atravessado e ido para no utro lado, cheguei mesmo a checar pra ter certeza, mas não havia outra onda, estava tudo calmo.
- Que estranho. - disse Edward e nós acabamos abaixando as armas, não conseguia sentir qualquer aura além das nossas. - Eu achei que fosse...
Antes que ele pudesse terminar a frase, meu instinto apitou e algo pulou da água de uma só vez, como eu não havia guardado a flecha ela ainda estava na corda mas eu havia a relaxado, puxei rapidamente e a soltei em direção a uma figura negra que estava acima de nós e começando a cair, quando pensei que ela fosse acertá-lo ele simplesmente desapareceu no ar.
- Dylan, prepare a investida reluzente. - disse Alécia. - O que quer que seja aquilo vai tentar vir até nós outra vez. Se prepare também Jason.
Concordei com Alécia e já imbui minha flecha enquanto Jason incendiava suas lâminas, cara como eu queria descobrir logo a habilidade do meu arco. Alécia estava com sua lança armada e brilhando e Edward com suas adagas emitindo escuridão.
- Alécia, conseguiu detectar alguma coisa ? - Edward perguntou.
- Estou tentando, é difícil usar qualquer uma das artes druidas sentindo esse medo de essa coisa nos jogar nessa água assombrada.
Arte druida ? Outra coisa que eu ia por uma nota mental pra perguntar depois. Todos nós havíamos nos reunido em círculo e de costas um para o outro, com medo de que pegasse-nos de surpresa.
Meu instinto de dragão estava apitando como um trem, tinha alguma coisa por perto, perto demais.
- Sinto como se algo estivesse me encarando. - confessou Jason.
Um calafrio correu minha espinha.
- Ora, ora, mas quem diria. - disse uma voz fina e rouca. - meu irmão caçula veio me visitar.
Senti um calafrio e vontade de olhar para trás e assim fiz, havia um homem parado bem no círculo que fizemos para não sermos pegos de surpresa.
Cada um com suas armas se virou e encarou o nosso convidado surpresa, armas eram apontadas e estavam prontas para acabar com quem quer que fosse aquele cara. Era bem alto, devia ter quase uns dois metros e com um corpo bem magro na verdade, sua pele era muito pálida ao ponto de parecer que estava doente, seus braços eram bem finos também e seus cabelos eram de preto tão profundo que até tinham um toque azulado além de ser um pouco longos se parecendo com uma pessoa emo, seus olhos eram de um azul como o de um oceano profundo e misterioso e já as suas roupas eram bem simples: uma camiseta verde-oceano com jeans e tênis esportivos que surpreendente estavam totalmente secos, nem parecia que havia acabado de sair de um mergulho.
- Por favor, abaixem suas armas. - ele disse calmamente. - Não tenho a mínima intenção de lhes atacar, vi que tem uma runa infernal o que lhes garante passagem livre por todas as camadas.
Nos olhamos e concordamos de imediato, cada um guardou suas armas, mas ainda ficamos alertas para qualquer perigo iminente.
- Você é Leviatã ? - perguntou Edward. - O príncipe da inveja ?
Ele o encarou, mas sem demonstrar qualquer sentimento negativo e concordou com a cabeça.
- Também deve saber quem nós somos e o que queremos lhe pedir. - completou Alécia.
- Sim, eu imagino o que seja. - Leviatã voltou o seu olhar para o barqueiro. - Gaap, faça o favor de atracar o barco na margem e liberar a ponte, vamos descer.
- Mas ainda não chegamos ao seu castelo, é lá que vamos encontrar a passagem. - disse Jason.
O príncipe o fitou.
- Sou eu que mando nessa camada, posso abrir uma passagem de qualquer lugar e autorizar a sua ida. - ele respondeu.
Até que fazia sentido, se ele mandava em tudo podia tomar qualquer decisão naquele lugar.
- Eu agradeço. - disse Alécia. - Mas preciso saber, por que ?
Leviatã só a olhou e depois foi em direção a beira do navio e apoiou os braços olhando para o horizonte.
- Sei que estão com pressa para chegar ao seu destino logo, tem alguém importante pra vocês lá os esperando. - ele respondeu. - Quem dera se eu também tivesse.
Ele parecia aflito, como se não gostasse do motivo de estarmos indo pra lá.
- O-obrigado. - disse Jason, ele estava com a voz trêmula ?. - Isso vai nos ajudar muito.
Leviatã se virou com aquela olhos tristes e pois a mão na cabeça de Jason e a acariciou ? Ok já estava ficando esquisito.
- Isso é o mínimo que um irmão mais velho pode fazer pelo mais novo, não é mesmo ? - ele disse isso conseguindo dar um leve sorriso. - Behemoth me avisou que estava vindo, ele estava eufórico e não conseguia conter sua alegria dizendo que o havia reencontrado, imagine a minha surpresa quando também descobri, a última vez que conversei com você foi a uns cinquenta anos se eu não me engane.
Ele retirou sua mão da cabeça de Jason, o barco começou a parar lentamente e quando percebemos já havíamos chegado a uma margem, a ponte foi abaixada e a descemos chegando novamente a beira de um rio enorme e que nem era o principal.
Leviatã foi na frente, nós o seguimos um pouco atrás e aí ele parou de repente, levou o braço direito à frente com a palma da mão aberta, um selo azul profundo brilhou com o seu símbolo no meio, uma serpente marinha, o solo teve um leve tremor e começou a rachar bem a sua frente e daí começou a brotar uma daquelas torres na qual sempre saíamos quando estávamos em uma nova camada. Ela terminou de brotar do chão e estava pronta pra nos servir.
- Essa torre irá levá-los à próxima camada em segurança, podem entrar. - ele disse nos indicando o caminho.
Fomos entrando, Jason acabou sendo o último na fila e quando chegou perto de Leviatã disse.
- Eu agradeço pelo o que está fazendo por nós, mesmo estando em lados opostos. - ele disse um pouco triste.
O príncipe deu um bom sorriso.
- Mesmo que seja isso o que pense, não se preocupe, família é assim mesmo, mas não importa o que decida, ainda será especial pra mim. - ele disse com doçura em sua voz. - Eu sei que não se lembra muito bem de mim, mas eu me lembro muito bem de você e com o tempo você recuperará o que lhes foi tirado. Se Ziz também estivesse aqui tenho certeza que ela diria algo parecido e lembre-se, se um dia precisar de ajuda, não exite em nos procurar pois estaremos aqui para o que quiser independente de qual lado você esteja.
Jason agradeceu e Leviatã retribui com um aperto de mão, assim ele entrou e fomos seguindo caminho naquela torre, mais degraus para descer.
Enquanto andávamos, notei que Jason parecia mais feliz, como se tivesse descoberto algo.
- O que foi ? - perguntei já que estava ao seu lado vendo-o direitinho.
Ele se virou.
- É que eu nunca tive um irmão, o mais perto que cheguei disso foram meus amigos como você, Léo e Percy e por isso é estranho encontrar um ser de milhares de anos de idade para te chamar de irmão. - ele disse com alívio em dia voz.
Coloquei a mão em seu ombro.
- Olha, desde que essa maluquice começou eu tenho pensado em como nossa família vai reagir a isso, já que em algum momento temos que contar a eles, mas é bom saber que temos aliados em lugares que jamais esperaríamos. - eu disse.
Ele concordou e resolvemos seguir caminho, dessa vez estava silêncio, não havia dúvida latente na minha cabeça, por isso não tinha necessidade de fazer perguntas, podíamos aproveitar aquele momento para organizar os pensamentos e planejar nosso futuro muito próximo.
Enquanto descíamos algo fez um barulho, não era alto mas era como se algo estivesse rachando, imaginei que não fosse perigo já que meu instinto não apitou mas de repente Edward parou.
- Espera ! - ele disse assustado. - Ninguém mova um músculo, tem alguma coisa errada.
Todos pararam na mesma posição em que estavam enquanto desciam.
- Sentiu alguma coisa ? - perguntou Alécia. - Alguém ou algo ?
- Não é isso, não sinto ninguém por perto nem algum tipo de perigo, mas aquele som parecia algo se desfazendo, provavelmente esse lugar. - ele respondeu.
- Acha que Leviatã pode ter armado algo ? - Alécia disse.
Jason tomou a palavra.
- Ei, espera aí ! - Jason respondeu. - Não pode ter sido ele, fomos recebidos muito bem por ele e além disso ele se importa comigo.
- Garoto ! - repreendeu Edward. - Não misture sentimentos pessoais com problemas, lembre-se que ele ainda é um dos príncipes infernais, pra ele fingir aquilo é algo natural, por isso não podemos entregar nossa confiança assim de mão beijada.
Jason parecia ter ficado com raiva, sua aura se acendeu, mas antes que pudesse dizer ou fazer algo, um pequeno problema aconteceu, a torre ruiu.
Ela começou a desmoronar e a escada se quebrou em mil pedaços e foi despencando em um céu negro recém revelado, estávamos a milhares de metros do chão e acabamos nos afastando de mais um do outro. Consegui ver Alécia invocar um selo e usá-lo como uma prancha voadora e Edward abriu um portal, entrou nele e foi parar em cima da prancha também, ele abriu outro portal e conseguiu pegar Jason no ar e trazê-lo até eles, mas quando tentava me pegar não conseguia, depois de várias tentativas eu pensei que fosse meu fim, até que vi Jason pular.
- Não faça isso, Jason ! - gritou Alécia.
Mas ele não obedeceu e pulou mesmo assim, que ótimo, mais uma vez eu fui fraco e estava dependendo de alguém pra me ajudar, naquela hora no rio Díte eu achei que havia mandado bem chamando o barco, mas acho que foi meu único momento de glória.

As Crônicas Dragonianas 1° A Prisão da DeusaOnde histórias criam vida. Descubra agora