As Crônicas Dragonianas 1° A Prisão da Deusa

CAPÍTULO 12 AMY: Ganhando uma ameaça e um quarto

Havia acordado do meu último sonho revelador e antes de abrir os olhos rezei para que não estivesse mais presa na masmorra de um castelo no inferno mas infelizmente minhas preces foram recusadas. Mais uma vez eu tentava tirar aquelas algemas que já estavam começando e me incomodar, lembrei que tinha deixado um clipe de cabelo no meu bolso e o tirei e me veio uma idéia maluca de tentar abrir como se eu fosse a agente 007 sei lá, mas falhei miseravelmente e então peguei o clipe que havia até ficado torto e guardei no bolso novamente e me sentei naquele banco que estava me servindo de cama, nisso ouvi um barulho de passos vindo em minha direção então resolvi abaixar a cabeça e esperar pra ver quem era. Assim escutei os passos pararem bem na frente da minha cela o que era bem óbvio já que a minha cela era a única ocupada naquele lugar. Levantei a cabeça e vi que era aquela mulher que ajudou a me sequestrar, ela havia mudado de roupa estava usando uma blusa roxa com uma calça jeans bem justa e coturnos pretos e um belo casaco de couro por cima, seus cabelos continuavam amarrados em um rabo de cavalo e seus óculos estavam pendurados em sua blusa. Ela sorriu assim que me viu e disse:
- Como vai dorminhoca ? Dormiu bem ? - ela perguntou e pela sua voz parecia ser sincera.
Fiz a melhor cara de deboche que consegui e disse:
- Acha mesmo que eu conseguiria dormir num lugar desses onde toda a hora escuto alguém gritar ?
Ela arqueou uma sombrancelha enquanto ainda sorria.
- Bem nisso concordo com você. - uau não espera por essa resposta. - Vamos levante-se, lorde Lúcifer quer conversar com você.
Ah maravilha o rei do inferno queria bater um papo comigo, isso era super empolgante acho que minha cara entregou minha animação pois ela deu uma risada baixa, me levantei e ela abriu a cela e fez um gesto para que eu saísse e a acompanha-se.
- A propósito meu nome é Abbadon a destruidora. Leal soldada de lorde Azazel o líder dos anjos caídos.
- Amélia. - respondi com pouquíssimo entusiasmo. - prisioneira de Lúcifer e isca de dragão.
Abbadon deu um leve sorriso e riu baixinho e então fomos andando com ela na frente e eu atrás seguindo seus passos, não fazia idéia aonde exatamente iríamos ir mas estava com medo, o rei do inferno queria bater um papo comigo e concerteza não era aquele papo agradável de anfitrião cuidadoso.
Nós passamos por um corredor cheio de pinturas esquisitas e estátuas com poses malucas todas elas retratando Lúcifer e foi aí que eu entendi o verdadeiro significado de narcisismo, aquele cara parecia ser doente de tão obcecado que era por si mesmo mas afinal ele era o diabo que foi condenado por se achar melhor do que Deus. Andamos mais um pouco e então chegamos a sala dos tronos, a mesma sala que eu havia visto em meu sonho com vários tronos de pedra escura, sete no total.
Quando chegamos eu caminhei até em frente aos tronos e Abbadon nos anunciou:
- Lorde Lúcifer ! Trago a garota mortal ao seu encontro.
Ele estava de costas ao trono do meio olhando para as pinturas atrás dele então se virou um pouco a sua cabeça e fez um gesto para que ela saísse, ela o acatou e saiu fechando as imensas portas e nos deixando lá a sós. Ele se virou e eu vi pela primeira vez seu rosto com meus olhos em vez de os ver nos meus sonhos, com aqueles cabelos loiros quase brancos um pouco grandes e e seus olhos que dessa vez eram azuis em vez de serem os de uma serpente e aquela imensa cicatriz em seu olho direito que parecia ser bem profunda mas que não havia cegado seu olho, seu corpo era forte e ele era alto, sua pele era bem clara e sua feição era um pouco séria, além disso notei algumas pequenas cicatrizes em seu rosto além daquela grande.
Ele saiu de trás do trono e se sentou, ainda usava um fino terno preto sem gravata com uma camisa preta também, cruzou as pernas e pois uma mão em frente a sua boca como se estivesse me analisando.
Tentei manter meus olhos fixos aos dele mas tinha medo, eu estava olhando para o rei do inferno em pessoa, sabia que ele não iria me machucar mais ainda sim temia.
Então ele iniciou a conversa:
- Está gostando da sua estadia aqui ? - ele perguntou.
- Sinceramente não ! Não recomendaria o seu "hotel" nem para meu pior inimigo. - respondi rápido.
Ele riu baixo parecia ter gostado, fiquei um pouco aliviada claro ao menos não sentia mais tanto medo de morrer.
- Você já está aqui há um bom tempo, xeretou bastante por aí e escutou coisas que não lhe interessavam, quanto a vista, eu dei um jeito de você ver o inferno de maneira real, ver os seus hóspedes por assim dizer. Eu soube que Azazel te contou a verdade sobre a criação e você já sabe quem os seus amigos são, agora me responda, o que está achando ? - ele perguntou.
Fiquei calado por um instante pensando se valia a pena respondê-lo mas achei melhor falar algo para não irritá-lo.
- Eu fui sequestrada, presa, obrigada a conhecer histórias malucas que eu nunca tinha ouvido antes e descubro que meus melhores amigos podem um dia se matar e que você está tentando destruir tudo o que existe. Então a minha reposta é NÃO !
Ele deu um largo sorriso e se levantou vindo até mim e pois sua mão em meu ombro e na hora eu tive uma sensação ruim. Queria me afastar mas algo estava me segurando, uma espécie de força invisível.
- Seus amigos já estão destinados a se enfrentar com ou sem a minha interferência, quanto a Tehom bem, ela ainda é uma deusa e merece ser livre como qualquer outro ser, por isso só estou sendo um bom sobrinho e realizando seu sonho. - ele disse.
- Você só está realizando seu próprio sonho nada mais. Mas não percebe que se fizer isso não restará nada para governar, Azazel me mostrou quem ela é ! Um ser que existe apenas para destruir tudo ! - eu me exaltei nessa hora. - Afinal por que você quer tanto isso ? Não vê que isso condenará a todos ?
Ele tirou a a mão de meu ombro e foi em direção as portas.
- Só estou reinvindicando o que é meu por direito ! Sou o primogênito de Yahweh e seu maior guerreiro, mereço isso mais do que Miguel, Metatron ou ao caçula do Uriel !
- Você não tem direito a nada porque nunca deveria ser de ninguém além de Deus ! - disse. - Afinal o que te faz pensar que merece reinar sobre todos ?
Ele andou de novo em minha direção e ficou a minha frente.
- Quando Yahweh nos criou eu sabia que era mais especial do que meus irmãos principalmente por ter sido nomeado portador da luz. E quando vencemos Tehom eu sonhava que logo teria meu reino, Deus então deu início aos dias da criação e isso levou muito tempo mais do que eu consegui contar e na sua última obra ele criou a humanidade, bem confesso que na hora não gostei muito mas pensei que seria bom deixar eles como meus súditos e deixar os anjos apenas como força militar. - ele se gabava dizendo isso. - Mas aí houve o grande estopim pra começar tudo, feliz com sua criação ele disse que aquela era sua maior obra e que eles eram os seres perfeitos ! Eu nem acreditei naquilo, como aqueles bonecos de barro que eram frágeis, fracos com pensamentos obscuros e apegados a bens materiais podiam ser a sua obra perfeita ! Eles eram tão diferentes de nós que pussuíamos tantas graças.
Eu voltei a ficar com medo pois seu tom de voz estava ficando agressivo mas continuei a escutar calada.
- E pior de tudo ele deu a eles o livre arbítrio total algo que nem mesmo nós os anjos que somos seres muito mais evoluídos e poderosos possuímos. - dizia irado. - E então o velho entrou no maldito sétimo dia ainda mandando em todos, acabando com meu reinado antes mesmo de começar e não era justo, eu merecia governar já que ele estava fraco demais para comandar alguma coisa, eu era seu primogênito e o portador da luz e eu tinha todos os requisitos para que pudesse governar mas ele não viu isso. E foi por isso que eu comecei a rebelião, conversei com muitos anjos e reúni tropas o suficiente para começar. Nas histórias humanas é dito que foi 1/3 dos exércitos celestes o que parece ser pouco mas saiba que para cada humano na terra existem muitos anjos no céu e depois que perdemos a guerra muitos caíram dos dois lados, Deus trouxe de volta todos inclusive os rebeldes para que sofressem um destino pior do que a morte e assim foi feito.
- Espera. - eu disse. - Você disse que não tem livre arbítrio então o que é que vocês tem afinal ?
Aquela dúvida me bateu na hora eu sei, tentei ficar quieta mas não consegui.
- Minha cara, anjos que queiram ser fiéis seguidores de Deus e se banhar em sua graça eterna e poderosa precisam acatar todas as suas ordens aceitando seu destino como servos devotados, mas a partir do momento em que um anjo renega essa obediência ele se torna um caído, conseguimos ter mais controle sobre nossa vida mas ainda assim nós seguimos um instinto que guia nossas ações e nos leva a cumprir nosso destino, nós abrimos mão de muita coisa para conseguir isso. Mas apesar disso nenhum anjo consegue fugir disto a não ser que ele seja um nephilim.
Novamente essa palavra e eu queria saber o que significava, o que era e para o que servia.
- Nephilim ! Eu ouvi você dizer isso em um dos meus sonhos, disse que a garota nephilim seria a chave para o seu sucesso, quem é essa garota que você mantém presa além de mim ?
Lúcifer então começou a rir alto descontroladamente como um maníaco psicopata, parecia estar se divertindo com aquilo que eu disse e estava começando a me assustar.
- Responda ! Eu preciso saber. - disse.
Lúcifer estava enxugando um pouco das lágrimas de alegria que soltou.
- Depois de todas essa revelações você ainda não entendeu ? Como você acha que conseguiu ter esses sonhos ? Azazel até desconfiou um pouco mas eu disse a ele que era o resultado de você ter ficado tanto anos exposta aos dragonianos e isso a afetou. - ele explicou. - A maneira de reprodução dos seres celestiais é um pouco diferente da dos mortais sabe, os anjos nascem da luz de Deus, os demônios da escuridão de Tehom mas já os anjos caídos que não pertencem a nenhum dos dois lados não lhes resta outra opção.
- Mas do que é que você está falando ? - eu dizia. - Diga logo de uma vez por favor.
Ele continuou sorrindo e disse:
- De tempos em tempos alguns anjos se apaixonam por criaturas mortais e criam um vínculo muito forte, alguns vínculos são tão fortes que deles nasce uma nova vida muito especial, seres que são conhecidos como nephilins e eles são classificados como dois tipos: os incompletos que possuem apenas uma força, resistência e agilidade aprimoradas além de terem um porte físico bem maior do que o dos humanos mas são meio burrinhos. E existem os completos que em aparência são idênticos a humanos comuns permitindo que se disfarcem facilmente, mas seus atributos físicos são elevados ao máximo e despertam seu poder mágico que pode ser igual ao seu antecessor ou até mesmo maior em alguns casos bem raros. E estes seres possuem o poder dos anjos e liberdade dos homens que podem ser chamados assim de "perfeitos" e você minha cara é um deles.
Eu congelei na hora não podia acreditar que aquilo era verdade e nem que eu era um destes seres não tinha como eu ser, se eu fosse minha mãe me contaria é claro mas pensando bem Azazel era o meu pai e é um anjo caído e além disso se apaixonou pela minha mãe e eles me tiveram, não espera, para com isso é doidera eu tava ficando louca pois era totalmente impossível isso ser verdade, mas algo ainda me incomodava.
- Mas como eu posso ser um desses seres ? Eu sempre fui uma garota pequena e muito frágil e tenho certeza de nunca ter feito um truque de mágica antes, concerteza você deve estar me confundindo com outra pessoa.
Ele parou de sorrir e foi em direção ao seu trono onde lá se sentou mas ficou curvado olhando diretamente para mim.
- É aí que está o grande mistério, seu poder nephilim foi selado assim que você nasceu por um feitiço bem potente, meus parabéns a maga que fez isso, mas por causa disso você nunca manifestou qualquer habilidade mágica nem mesmo um sinal no qual pudesse ser identificada já que não maioria das vezes estes seres são caçados e mortos bem cedo.
Meu poder estava selado, alguém poderia estar me caçando e sou filha de um anjo caído e pior sou a filha de Azazel.
- E quanto ao meu pai ? - perguntei na esperança de talvez estar enganada.
- Seu pai é exatamente quem você pensa que é, o mesmo homem que te sequestrou e a prendeu aqui. Eu escondi tudo isso dele para que nosso acordo continuasse de pé pois se ele soubesse o romperia na hora, ele jamais sacrificaria um anjo caído ainda mas sua filha. - ele disse isso sério.
- Mas e quanto a mim ? Acha mesmo que depois de ter me contado tudo isso eu não irei correndo dizer a ele ? - disse quase chorando.
- É claro que você não vai contar minha cara pois eu tenho minhas precauções. - ele disse isso se arrumando no trono e cruzando suas pernas. - Olha eu poderia simplesmente lançar um feitiço em você e tudo se resolveria facilmente, mas sabe de uma coisa eu adoro jogos, também gosta de jogos Amélia ?
Eu apenas o olhei séria tentando não chorar e fiquei calada.
- Já percebi que não. Bem meus jogos não tem exatamente um prêmio pra quem for o ganhador, tá mais para um livramento entendi ? Neste exato momento eu tenho um demônio que estava vigiando você e sua família há algumas semanas e ele está bem próximo de sua mãe, se você ousar dizer a verdade a qualquer um ou der qualquer pista de quem você é realmente eu ordenarei a esse demônio encerrar com a vida de sua mãe, de seu padrasto e até de sua doce tia Cice você entendeu ? Você vai ficar totalmente sozinha no mundo e não terá mais nenhuma família para se amparar ou lhe ajudar.
Meus olhos se arregalaram e eu rapidamente reagi.
- Você é um monstro ! - disse isso gritando e com algumas lágrimas percorrendo meu rosto. - Você é ainda pior do que o que as histórias de que ouvia de você.
Ele deu um leve riso dizendo:
- Ah minha querida isso já se tornou um elogio para mim. Mas então temos um acordo ? Se me ajudar a capturar os dragonianos eu liberto você e sua família para que possam viver felizes para sempre mas se não me ajudar bem o aviso já foi dado. Então o que me diz ?
Já podia sentir meu rosto bem molhado pelas lágrimas e meu nariz escorrendo mas reúni forças e disse:
- Eu aceito ! - disse tentando parecer forte. - Mas eu ainda não entendi uma coisa ? Por que você está fazendo isso com Azazel, eu achei que vocês fossem aliados ?
Ele se levantou mas não deu passo algum permanecendo em frente ao trono.
- Azazel pode até ser meu aliado e acima disso ele é meu irmão, mas eu ainda guardo um grande rancor por ele ter me abandonado quando eu mais precisava. - ele disse com raiva em seu tom de voz. - Ele largou o trono de príncipe da ira e convenceu todo o exército caído a fugir com ele, o exército que eu lutei para conseguir e fez isso quando eu ainda estava tentando conseguir o respeito dos filhos de Tehom. Por isso quero fazer com que ele pague tudo isso, que sofra e sinta um pouco da frustração que eu senti.
Minhas pernas estavam bem bambas, eu não havia dado um passo desde que nossa conversa se iniciou, ele então parecia ter ficado mais calmo após desabafar.
- Então criança nossa conversa acaba aqui, tudo o que eu tinha para falar com você foi dito, mas temo que essa sua vinda ao inferno possa te fazer mal, afinal você veio pra cá ainda viva, eu vou pedir para Kokabiel te examinar e ver se está tudo bem e para que ele lance mais alguns feitiços protetivos em você. - ele havia ficado bem cuidadoso do nada mas procurei ficar calma. - Abbadon se aproxime !
Ouvi as portas se abrirem atrás de mim mas não ousei olhar com medo de alguma coisa horrenda estar atrás de mim, e enquanto esperava enxugava minhas lágrimas.
Lúcifer havia se aproximando e falou baixo ao meu ouvido.
- Não se preocupe de Abbadon ter ouvido nossa curta conversa, me certifiquei que o que foi dito dentro desta sala permaneceria aqui, agora só vai depender de você !
Abbadon parou ao meu lado e disse:
- Lorde Lúcifer em que posso lhe ser útil ? - perguntou ela.
- Leve nossa convidada de honrra até a sala de cura para que Kokabiel a examine irei avisar a ele, e Amy pense em tudo com carinho. E depois disso pode levar ela aos seus novos aposentos.
Abbadon concordou se curvando e aí sai da sala seguindo ela que ficou na minha frente e continuei a seguindo até que me levasse a sala especial, ainda terminando de enxugar minhas lágrimas.
- Lúcifer parece ter gostado de você. O que estavam conversando ? - senti aquilo como uma espécie de teste, por mais que tenha gostado de Abbadon não podia lhe falar nada pois não sabia de onde estava sendo vigiada ou se era ela mesmo que me vigiava por isso só disse:
- Ele só ficou se gabando de como iria me usar para seu plano perfeito ser infalível de capturar meus amigos. - disse.
Abbadon sorriu e disse:
- Isto é a cara dele, ele sempre planeja tudo e depois fica se gabando de como foi genial mas quando um deles dava errado ele quase explodia de ódio. Se eu não tivesse ouvido suas idéias malucas naquela época talvez ainda estaria desfrutando do céu.
Fiquei com pena de Abbadon pois ela parecia ser uma pessoa muito sábia mesmo parecendo ser tão jovem mas daí me lembrei de que ela já deve ter uns milhões de anos de idade, o suficiente para acumular bastante sabedoria.
- Aquela história de "novos aposentos" é verdade ? - perguntei curiosa.
- Sim ela é, aparentemente seu anfitrião ficou com pena de você se deitar naquela cela desconfortável.
Não sei se ficava feliz ou apreensiva mas por enquanto decidi ficar calma ao menos não deitaria mais em um banco nojento. Eu continuei a seguindo até passarmos por mais quadros com pinturas esquisitas e uma delas me chamou a atenção, uma mulher com um longo vestido negro sem mangas e no lugar aonde devia a ver seus pés via se apenas seu vestido se desfazendo em fumaça negra. Eu tive a impressão de saber quem ela era, aos poucos foi se formando uma imagem na minha cabeça mas mesmo assim não estava conseguindo distinguir ela bem, acho que ela tinha alguma coisa a ver com as histórias que Azazel colocou na minha cabeça que quase me fritaram.
Abbadon parece ter percebido que eu não mais a seguia e se virou vindo em minha direção e parou ao meu lado também admirando o quadro. Mas seu olhar não era de curiosidade como o meu e sim um leve ressentimento como se sentisse medo só de olhar para ela.
- Mesmo sendo quem ela é ainda a considero um belo exemplo de imponência. - ela disse.
Me virei de imediato meio perplexa e perguntei:
- Você a conhece ? - disse com um leve brilho no olhar.
Ela deu um suspiro e respondeu.
- Sim eu infelizmente a conheço, queria nunca ter a conhecido.
Fiquei ainda mais curiosa e resolvi fazer a grande pergunta.
- E quem ela seria ?
Ela se virou para mim e disse:
- O maior mal que já existiu em todas as três dimensões ! A mãe do caos e das trevas, esta é a deusa Tehom !
Tehom !? Aquela mesma deusa que eu havia ouvido sua história, aquela que batalhou contra Deus e criou os demônios e também o inferno !
Não quis continuar lá pois não me sentia bem depois de ouvir aquilo então comecei a andar e disse:
- Abbadon vamos andando, não quero deixar ninguém esperando.
Ela concordou e continuamos o trajeto e depois de andar mais um pouco chegamos a porta de uma sala, eu fiquei parada por um segundo somente olhando a porta e daí eu ouvi um grito, de um homem que parecia estar sentindo muita dor e então pensei se aquilo não era uma sala de tortura por isso comecei a ficar bem tensa.
- Por favor me diga que não é essa a sala ?
Abbadon apenas sorriu e abriu a porta me chamando para entrar, obedeci mas sentia minhas pernas tremendo. Quando entramos me surpreendi um pouco, haviam camas como as de um hospital e no canto da sala tinha uma toda cercada por cortinas brancas e haviam algumas sombras lá dentro, escutava algumas vozes e em meio a isso os berros de um homem
- Calminha Barnael se não me deixar fazer meu trabalho não irei conseguir te ajudar tudo bem. - era a voz de uma mulher. - Samyaza por favor continue pressionando o bálsamo no seu braço para não perder o efeito, Apollyon segure firme o Barnael ele não pode se mover mais um centímetro.
- Ah Kokabiel afinal por que você me enfiou nisso ? - disse uma voz masculina diferente então deduzi que devia ser o tal de Apollyon.
- Isto é bem simples na verdade, assim como eu você também é um dos generais dos anjos caídos ou seja deve sempre ajudar nossos soldados abatidos. - generais ? Isso quer dizer que eles eram da elite, eu concerteza devia estar encrencada.
E se bem me lembro o tal do Kokabiel estava junto com Azazel quando foram me sequestrar mas eu me lembro de ele ser um homem e não uma mulher, tava ficando bem esquisito.
- Abbadon que bom que chegou senti sua aura, por favor traga a garota aqui ! - ok eu estava prestes a dar um infarto, eu havia conversado com o rei do inferno e ia me encontrar com mais aberrações como aquilo podia ficar pior ?
- Sim minha mestra ! - ela disse isso botando a mão no meu ombro e me levando até aquelas cortinas e as abriu de repente, revelando uma mulher sentada em uma poltrona com um pano cheio de uma espécie de pomada pressionando contra seu braço ela era bem jovem e tinha longos cabelos negros com aqueles típicos olhos violetas assim como todos os outros na sala. Também havia um homem que estava deitado na cama de barriga para baixo exibindo as costas com uma queimadura feia que a cobria toda parecia ser bem recente e que estava doendo bastante.
A mulher que estava cuidando deles era bem alta com cabelos loiros curtos meio ondulados e pele clara usava uma calça jeans com uma blusa branca e não sei porquê usava um jaleco branco de médico, ela então me olhou dizendo:
- Olhem só, então essa é a garota premiada. Abbadon querida por favor deixe ela nessa poltrona ao lado de Samyaza e ajude-nos, segure as pernas de Barnael enquanto Apollyon segura os braços.
Ela obedeceu e me indicou a poltrona onde eu me sentei sem olhar para a tal da Samyaza em vez disso olhei para o homem na cama enquanto faziam algo com ele, ele não parava de gemer de dor um segundo isso quando não gritava e o homem segurando seus braços o que se chamava Apollyon era alto e bem musculoso e possuía um cabelo preto bem curto e usava só uma calça com uma camisa preta e sapatos esportivos.
- Mas o que houve com eles ? - perguntou Abbabdon.
Kokabiel preparava algo em uma espécie de mini caldeirão em cima de uma mesa colocando várias ervas e líquidos que eu não fazia idéia do que eram.
- Foram atacados enquanto executavam suas missões, Samyaza sofreu ferimentos leves em seu espírito mas já Barnael teve seu espírito muito avariado como pode ver.
- Mas o que pode ter feito isso ? - Samyaza parecia assustada.
- Os dragões é claro ! - Kokabiel respondeu num instante.
- Como assim ? Eles mal despertaram seu poder, não tinha como eles fazerem isso !
- Acredite foram eles mesmos. - disse Samyaza meio triste. - Nós os atacamos mas eles conseguiram nos vencer até que muito facilmente.
Liguei os pontos assim que elas disseram, foram Dylan e Jason, o que significa que eles abraçaram seus destinos e deviam estar vindo atrás de mim eu não sabia se ficava encantada ou preocupada mas resolvi ficar quieta.
Kokabiel ainda preparava algo naquele caldeirão de brinquedo e disse:
- Samyaza foi ferida pelas chamas negras de Oscuros, já Barnael pelas chamas brancas além de ter sido derrotado também pelas chamas negras por isso seu estado é bem mais grave.
Não podia acreditar que aqueles dois pudessem ter feito aquilo, eles haviam se tornando poderosos do nada vencendo anjos caídos que me capturaram facilmente.
- Certo Barnael fique bem quietinho agora ou essa poção não vai curar suas queimaduras ok. - ela aplicou isso enquanto ele berrava igual a uma garotinha. - Isso é para você aprender a não desafiar um ser que pode te apagar da existência por completo.
Abbadon e Apollyon o seguravam bem firme para que ele não se mexesse em meio à aqueles gritos e quando terminou de aplicar a tal poção brilhou em um tom verde claro por alguns segundos e desapareceu logo em seguida como se seu corpo tivesse-a absorvido. Ele ficou quieto finalmente mas parecia ter dormido pois não se ouviu nem mesmo um suspiro o que por um lado era bom
- Bem depois dessa ele vai ficar bem e além disso vai dormir um pouco, mas só que infelizmente ainda vai ficar uma cicatriz bem feia. - ela disse um pouco triste por seu companheiro - Agora mocinha é a sua vez então venha cá.
Eu fiquei apreensiva mas mesmo assim me levantei, lembrei que como eles precisavam de mim então não iriam me machucar e então me aproximei.
Ela me olhou de cima em baixo, parecia procurar alguma coisa.
- Não precisa ficar nervosa minha querida, só estou analisando pra ver se você já não foi afetada de alguma maneira. - disse ela enquanto andava em volta de mim ainda me observando.
- Anhh tudo bem. - disse ainda meio tensa.
Ela voltou a ficar na minha frente e dessa vez estendeu a sua mão em minha direção e dela brotou um daqueles círculos mágicos e esse era de um tom violeta com símbolos que eu não conseguia entender.