CAPÍTULO 2 DYLAN: Lidando com o trauma

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Acordei numa cama de hospital, me senti grogue na hora com tudo ao meu redor girando um pouco sem entender nada, pensei por um momento que ainda podia ser o efeito do veneno do tal anjo caído Samael. Espera um pouco anjo caído !!!
Por um momento pensei que pudesse ter sido um sonho maluco que tive, mas me lembrava perfeitamente dos detalhes e eu estava num hospital sendo tratado das mesmas feridas que aquele maldito chihuahua do inferno me causou.
Daí me lembrei de Jason que também devia estar ferido, na hora tentei levantar da cama mas assim que me forcei eu vi tudo girar novamente com mais intensidade. Maravilha, acabo de ganhar um grande amigo logo no meu primeiro dia em uma escola americana e já o perdi, era tudo que eu precisava. Nisso minha porta se abriu e dela saíram meus pais que chegaram trajados com os seus jalecos e os estetoscópios no pescoço e imediatamente quando me viu minha mãe gritou de emoção.

 Nisso minha porta se abriu e dela saíram meus pais que chegaram trajados com os seus jalecos e os estetoscópios no pescoço e imediatamente quando me viu minha mãe gritou de emoção

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- Dylan graças a Deus !!! - ela respondeu eufórica. - Pensei que você iria ficar em coma por um mês !
- O que !!! Eu quase morri ontem e já pensam que eu entrei em coma. - falei.
Meus pais se olharam decidindo se contavam ou não, e os dois estavam usando seus jalecos o que significava que estavam trabalhando, meu pai então tomou iniciativa e falou:
- Filho você ficou em coma por três dias, achávamos que seu quadro seria irreversível. - percebi que uma lágrima começou a se formar no canto do seu olho esquerdo. - Você precisou de duas transfusões de sangue e tivemos que aplicar antibióticos fortes para combater uma infecção interna que se formou. Por um momento pensamos que havíamos te perdido, então por favor entenda estávamos preocupados, eu e sua mãe te amamos demais pra te perder.
Meu pai fez eu me sentir um ingrato, eles estavam certos e eu sem pensar falei aquelas palavras horríveis. Minha mãe deve ter percebido e logo interviu dizendo:
- Não precisa ficar chateado, seu pai às vezes se esquece que os seres humanos também tem sentimentos e olha eu também me precipitei um pouco ok eu devia ter me acalmado antes de começar a falar. - ela tentava parecer feliz, mas dava pra ver que ainda estava desesperada. - Descanse mais um pouco querido, seu amigo também está aqui, ele está se recuperando rápido e logo logo poderão se ver.
Quando ela disse isso eu me animei outra vez, Jason estava vivo, tudo bem que ele devia estar mais acabado do que eu mas pelo menos estava vivo. Não via a hora de melhorar pra poder vê-lo.
- Procure não forçar suas pernas. - meu pai falou. - Você sofreu uma fratura no seu femo, mas logo melhorará, nada que um bom descanso não ajude.
- Certo pai. - respondi feliz.
Ainda estava pensando no que minha mãe disse, eu fiquei em coma por três dias inteiros caramba, meu estômago doía um pouco mas era apenas fome. Pouco tempo depois almocei, não sei se era por causa do coma de três dias mas até aquela comida de hospital estava deliciosa, devorei dois pratos e estava satisfeito. Mais tarde eles me puseram em uma cadeira de rodas por causa da minha perna e me levaram pra tomar um pouco de ar fresco e sol. Quando chegou a noite depois de melhorar um pouco tive uma grande surpresa, Jason bateu na minha porta.
- E ai dorminhoco. - ele estava com um curativo na cabeça e com o um braço na tipóia por causa da mordida do Totó mas fora isso ele parecia bem.
- Jason ! - tentei levantar mas a dor me fez lembrar imediatamente que não podia. - Desculpa cara mas não consigo nem mesmo levantar sozinho.
- Ei não esquenta com isso tá bom. - ele respondeu com um sorriso. - O importante é que você está vivo, ou o mais perto de vivo o possível. Mas eu vim aqui porque precisamos discutir um assunto sério.
Assim que disse isso ele fechou a porta e garantiu que ninguém estaria olhando ou ouvindo, a trancou e se sentou em uma poltrona do lado da minha cama.
- Primeiro, onde estamos exatamente ? - ele perguntou e eu respondi calmamente.
- Se lembra que eu disse que meus pais são médicos e que nos mudamos da Inglaterra porque eles aceitaram uma proposta melhor ? - disse.
- Sim eu me lembro. - ele falou.
- Poisé, este hospital era a proposta. É um hospital que dizem ser o hospital do futuro pois ele está cheio de equipamentos médicos de última geração.
- Caraca ! - ele parecia espantado. - Imagino que deve ser top ser filho de dois médicos renomados.
- Acredite não é. - respondi na hora. - Eu penso que deve ser massa ser filho de dois advogados.
- Definitivamente não ! - ele respondeu e então rimos.
Daí me lembrei da segunda coisa.
- Mas qual era o assunto sério que você queria discutir ? - perguntei.
- Você se lembra de tudo o que aconteceu não é ? - ele perguntou isso com uma expressão mais séria.
Senti medo quando comecei a lembrar de tudo o que havia ocorrido conosco. Mas tomei coragem e respondi:
- Sim, eu me lembro de tudo perfeitamente. Do anjo caído Samael, do cão do inferno o Totó e daqueles dois encapuzados que apareceram no final. Mas até agora não consegui digerir essa história por completo. - respondi sinceramente.
Jason me olhava e percebeu que eu fui sincero, ele também sentia a mesma coisa mas precisávamos resolver isso logo.
- Nós fomos atacados por seres que só existem em histórias ou lendas e um deles acabou sendo totalmente destruído no final e ainda por cima fomos ajudados por completos estranhos. - Jason disse. - Mas uma coisa está me incomodando ainda mais, os nossos olhos, eles brilharam das mesmas cores que aquele show de luzes esquisito que matou o Totó.
Pela cara de Jason ele estava mal, ele não ficou em coma igual a mim mas percebia-se que ele precisava de um tempo só pra ele pra entender tudo aquilo.
- Ah, preciso te falar algo antes que eu me esqueça. A polícia veio aqui e conversou um pouco comigo, eles disseram que fomos atacados por uma louca com um cão raivoso e concerteza eles também vão vir conversar com você, pediram pra eu descrever quem nos atacou e eu descrevi a tal Samael, se pedirem faça o mesmo eu duvido que vão encontrar um anjo caído por aí em Nova York.
- Nossa, boa jogada. - respondi surpreso, ele realmente tinha pensado certo. - Mas como eles ficaram sabendo dessa história ?
- Eles disseram que haviam testemunhas perto e que eles disseram assim. - Jason explicou. - O que eu acho esquisito já que aquele lugar era bem vazio e não parecia ter ninguém por perto.
- Entendi, mas e o anjo, não acha que ela vai tentar nos matar de novo quando descobrir que milagrosamente escapamos do seu Totó e que ainda estamos vivos ? - perguntei.
- Eu acredito que não, o cara que nos ajudou disse que já tinha tomando uma atitude quanto a isso, ele parecia confiante de que daria certo. - Jason tinha prestado mais atenção naqueles encapuzados do que eu.
Acabamos conversando mais um pouco, decidindo tudo o que eu ia falar caso a polícia fosse me procurar também, Jason era até bom em inventar essas mentiras, elas eram bem elaboradas e faziam sentindo. Depois de combinarmos tudo ele se despediu e foi pro seu quarto, conversamos tanto que nem vimos o tempo passar, eu sabia que Jason estava preocupado comigo e eu com ele. Uma amizade feita em um dia já estava parecendo uma em que nos conhecíamos já se faziam anos. Horas depois eu ainda continuava pensando em toda aquela história de anjos caídos, resolvi entrar internet e pesquisar mais pra ver se eu conseguia entender, não demorou muito pra achar e dizia assim.
"Nas teologias protestante e católica, o Anjo Caído, ou Decaído é o anjo que, cobiçando um maior poder, se acaba entregando às trevas e ao pecado e é expulso do Paraíso."
"A expressão anjo caído indica que é este, justamente, um anjo que caiu dos céus."
"Anjos Caídos são bastante comuns em histórias de conflito entre o bem e o mal."
Como que um anjo que servia a Deus desceu tão baixo ao ponto de tentar assassinar dois garotos, isso realmente não fazia sentido. Resolvi pesquisar também sobre cães do inferno.
"Características que têm sido atribuídas ao hellhound incluem um grande cão com uma pelagem preta emaranhada, olhos vermelhos (ás vezes flamejantes), super força e velocidade, características fantasmagóricas e um odor fétido."
Descreveu exatamente como aquele bicho feio era, até o fedor que aquele bicho soltava. Depois dizia:
"Em outras lendas, o hellhound é visto como um mensageiro ou cobrador do inferno, que vem buscar as almas vendidas."
Será que alguém comprou minha alma ou algo do tipo, e se tiver comprado quanto será que eu estou valendo ?
"Eles são muitas vezes atribuído como guardiões da entrada para o mundo dos mortos, como cemitérios, ou realizar outras funções relacionadas com a vida após a morte ou o sobrenatural, tais como a caça de almas perdidas ou almas que guardam um tesouro sobrenatural."
Guardiões do inferno ah ótimo, e se me lembro bem Samael disse que aquele cão não era lá grande coisa, imagino como deve ser um barra pesada então.
Resolvi parar, minha cabeça já devia estar saindo fumaça de tanto que eu estava fissurado naquilo.
Mas uma coisa ainda me preocupava, por que Samael disse que aquela lança de luz iria doer bem mais no Jason do que em mim ? E se não estou enganado ela disse que não teria que lidar com aquelas "chamas irritantes" já que não havíamos despertado ainda. Foi aí que minha cabeça quase estourou de vez, e se as chamas que ele estava se referindo foi aquele show de luzes que acertou o Totó ?
Quando o Totó foi acertado os olhos dele que brilhavam como uma labareda ardente simplesmente se apagaram e ficaram brancos e ele ficou feito um defunto, como se a alma dele tivesse sido destruída, destruída não e sim queimada !
Me lembro de ver uma névoa esbranquiçada saindo da boca dele e se dissolvendo, e seu corpo logo em seguida se desintegrou sem deixar qualquer vestígio da sua existência.
Será que uma chama podia fazer aquilo. A resposta é não ! Havia dois tipos de luz naquela espiral, uma era negra com detalhes vermelhos e o outro branco com detalhes azuis, as duas estavam juntas mas não se misturavam, e meu olho brilhou naquele tom azulado, já o de Jason com aquele olho vermelho, tudo estava começando a fazer sentido. Mas já chega tô pensando demais nisso, eu preciso dormir um pouco, minha cabeça já estava a mil e eu não conseguia organizar meus pensamentos direito.
No dia seguinte eu acordei, tomei meu café e logo em seguida fui para fora tomar um pouco de luz e ar fresco novamente. Fiz alguns exames e a infecção que me atacou tinha sumido, minhas feridas estavam bem melhores e os médicos disseram que eu teria alta logo. E como Jason previu os policiais vieram ao hospital conversar comigo, era uma dupla um homem e uma mulher, expliquei a eles tudo o que eu "sabia", uma maluca com um cachorro ainda mais doido me atacaram depois de voltarmos da casa de uma senhora não qual ajudamos a levar umas sacolas pesadas, ela queria dinheiro e como não tínhamos ela soltou o cão, eles me agradeceram e se despediram rapidamente.
O dia foi passando e meus pais vieram novamente ao meu quarto pra ver como eu estava, disseram que eu e Jason teríamos alta semana que vem, na hora eu me animei mas no fundo estava com medo porque eu me sentia seguro dentro daquele hospital.
Já era quase de noite quando Jason apareceu novamente no meu quarto, eu já estava conseguindo me levantar ainda com certa dificuldade, ele entrou perguntando:
- Deu tudo certo ? - disse esperançoso.
- Sim até agora. - respondi. - se até a noite eu não for preso por falso depoimento.
- Fica tranquilo. - ele tentou me acalmar. - Agora preciso dizer algo pra você que não podia dizer ontem.
- Diga então, não deve ser algo ruim. - disse aquilo mas estava com medo.
- Vamos prometer que nunca vamos comentar nada sobre o que realmente aconteceu nesse dia, nem pra outros amigos ou família. - seu tom de voz era sério. - Concorda comigo ?
- Concordo, se nossos pais souberem dessa história vão achar que enlouquecemos de vez. - no fundo eu sabia que Jason estava certo, isso era doido demais pra sair espalhando.
- Certo cara, logo vamos ter alta e então poderemos ter uma amizade comum como qualquer pessoa normal.
- Olha confesso que quando meus pais disseram que íamos nos mudar pra os EUA eu já imaginava que seria uma emoção, mas isso já é demais. - desabafei.
Nós rimos e novamente ele se despediu, na outra semana tivemos alta e tentamos aproveitar o resto das férias em casa já que nossos pais não queriam que fossemos pra longe deles, bem ao menos podíamos ir na casa um do outro. Logo depois as aulas também voltaram, eu entrei no grupo de amigos de Jason e fiquei bem amigo de Percy e Léo.
O tempo foi passando e as lembranças daquele dia se tornaram mais fáceis de lidar, quando percebi já haviam se passado três meses. Um dia nós chegamos juntos na sala como de costume, já que morávamos perto um do outro então íamos juntos pro colégio, quando chegamos a sala percebemos que havia aparecido mais uma novata.
Uma garota.
Ela era linda, e não era apenas um elogio ela realmente era linda. Tinha um tom de pele moreno, seus cabelos eram negros e curtos com cachos perfeitos e seu rosto era fino com lábios grossos, seus olhos eram estonteantes já que sua íris era de um violeta hipnótico e usava óculos.
A Sr.Rose esperou todos se sentarem e deu a notícia.
- Bom dia para todos ! - ele já estava elétrica logo cedo. - Hoje temos mais uma aluna que foi transferida para nossa sala, Amélia poderia vir aqui um instante por favor.
Ela concordou e se levantou, ela era bem alta pra nossa idade e bem magra, mais um magro atlético, ela caminhava perfeitamente como se treinasse os seus passos todos os dias a anos. Ela se colocou a frente da sala e estava tranquila nem parecia nervosa de conhecer aquele monte de gente nova. Tomou iniciativa e disse:
- Bem olá a todos, meu nome é Amélia Grace Cartier e eu me mudei recentemente da França já que minha mãe recebeu uma proposta de emprego melhor, eu nasci e fui criada lá. - em nenhum momento eu senti medo na voz dela, ela era bem objetiva e direta.
- Que interessante. - a Sr.Rose disse entusiasmada. - E com o que sua mãe trabalha ?
- Ela é modelo profissional em desfiles de roupas ou de maquiagem. - quando ela disse isso a sala inteira ficou surpresa.
Nisso Sophia uma garota da nossa sala que era bem curiosa não aguentou e quebrou o momento perguntando:
- Sua mãe por acaso não é Elaine Grace não é ? - ela perguntou com a voz um pouco gaga.
- Sim é ela mesmo. - ouvi um pequeno alvoroço na sala e a Sr.Rose pediu silêncio imediato.
Não era a toa que ouve aquele falatório, Elaine Grace era conhecida mundialmente como uma das mulheres mais lindas do mundo, várias pessoas a incentivaram a entrar em concursos de miss pois tinham certeza que ela iria ganhar facilmente. Até pessoas mais desatualizadas sobre modelos já devem ter ouvido falar nela, ela participou de filmes e séries famosas em muitos lugares. Mas por que uma garota que tem uma mãe rica como ela iria vir estudar numa escola como essa, era loucura.
- Alguns concerteza estão se perguntando o porquê estou estudando aqui e não em uma escola particular. - ela por um acaso lia mentes ? - A resposta é que eu escolhi, não gosto de lugares onde tem pessoas que disputam quem é mais rico ou quem tem mais fama.
Aquilo foi um baque em todos, Jason estava tentando segurar o riso mas quase não aguentava mais, eu fazia sinais pra que ele ficasse quieto mas ele simplesmente me ignorava, olhei para Percy que estava atrás dele e ele estava do mesmo jeito e depois olhei para Léo atrás de mim ele estava tranquilo mas porquê estava desnorteado olhando para Amélia.
- Acorda Léo. - o cutuquei levemente dizendo.
- Cara ela é muito gata. - ele estava quase babando.
- Dá pra parar de ficar apaixonado e prestar atenção. - disse a ele.
Mas era quase inútil dizer, ele já havia se perdido. Mas ele tinha razão ela era linda, quase me deixei viajar por causa dela.
Ela agradeceu a Sr.Rose e então se sentou na mesa desocupada na minha frente, se ajeitou e virou pra mim e eu vi aqueles enormes olhos violetas, ela então disse:
- Nossa eu pensava que meus olhos eram marcantes mas esses seus olhos azuis parecem um céu sem nuvens. - ela disse e eu tenho certeza que fiquei vermelho, mas tentei responder.
- O-obrigado. - DROGA !
Nunca pensei que uma garota iria mexer tanto assim comigo, olhei pro lado e vi Jason e Percy rindo da minha cara, fiz uma careta pra eles e a aula continuou.
Quando chegou a hora do intervalo Percy e Léo foram resolver um assunto pessoal enquanto eu e Jason fomos ao refeitório e enquanto caminhávamos pelo corredor em direção ao refeitório encontramos Amélia, ela estava parada encostada na parede perto da porta do refeitório, parecia estar conversando com alguém no seu celular. Nisso Sophia, Emily e Alessia as fúrias como eram chamadas saíram do refeitório e fixaram o olhar em Amélia.
- Ah não vai cair uma bomba. - disse Jason.
- Como assim ? - perguntei
- Espere e verá.
Sophia era a líder do trio e foi a primeira a falar:
- Olha só a nova celebridade da escola, vejo que já está até marcando que dia você vai poder fazer seu show. Mas também com ajuda da fama da mamãe você consegue tudo não é mesmo. - ela disse aquilo com fogo em seu olhar.
- Sim ha ha, já decidiu o qua vai ser, moda ou maquiagem ? Talvez sei lá humor e se caso for isso pode ter certeza que você como atração principal o riso é garantido. - Alex disse, ela era como uma vice-líder do trio.
- Ah pobre garotinha, eu já vi uns documentários sobre sua mãe. Dizem que ela foi uma noviça em um convento em Paris, mas fez o clássico noviça rebelde e namorou um cara, teve uma filha você no caso e foi expulsa da igreja e até de casa. - Emily conseguiu ofender até mim que não tinha nada a ver com o assunto.
Vi que Jason também não se sentia bem com aquela situação.
Quando percebi ele já havia falado.
- Ei trio sem noção. - ele disse. - Deixem ela em paz agora.
Amélia levantou o dedo indicador indicando para ele parar de falar e nos olhou.
- Obrigado pela ajuda mas eu consigo lidar com três dessas serpentes sozinhas, aprendi isso desde cedo. - uau ela era incrível até nisso. - Vocês se acham um máximo só porque tem uma tradicional família americana, mas escutem bem o que vou dizer, se pensam que vão me derrubar somente com palavras estão bem enganadas eu escuto essas mesmas coisas a muito tempo e nunca me deixei entregar, então terão que fazer melhor que isso se quiserem me chatear.
- Olha só a gatinha tem garras, tudo bem garota vamos te deixar em paz por enquanto, mas aguarde porque a qualquer momento podemos atacar. - Alex respondeu.
- Pois podem vir. - Amélia parecia decidida. - A qualquer momento estarei pronta.
As três patetas se olharam e admitiram a derrota a deixando em paz, enquanto caminhavam pra longe Amélia disse algo em outra língua eu acho
- Reviens en rampant vers le troupeau de serpents. - Ela disse com um sorriso.
Eu e Jason nos entre olhamos sem entender nada.
- Mas o que foi que você disse ? - Jason perguntou.
- Foi em francês, significa "Voltem rastejando para a toca bando de serpentes"
- Nossa, engraçado você nem mesmo tem sotaque. - eu disse.
- Eu falo inglês desde pequena, além de outras línguas já que minha mãe insistiu pra que eu aprendesse pois um dia posso me tornar uma grande modelo como ela.
- É nós também sabemos como é ser treinado pelos pais. - Jason confessou.
- Estamos indo para o refeitório quer ir com a gente ? - perguntei.
- Claro, por que não ? - ela disse entusiasmada. - Ah e obrigado pela ajuda.
E assim eu acabei fazendo mais uma amizade só que desta vez foi diferente, me senti mais confiante, será que era efeito do ataque do anjo caído, pra alguma coisa aquilo tinha que servir.
O tempo novamente foi passado e Amélia foi se tornando cada vez mais nossa amiga, com o passar das semanas nós fomos ficando mais próximos e juntos, defendiamos ela e ela nos defendia. Um dia ela nos convidou pra irmos na casa dela e jantarmos com a mãe dela e o padrasto, confesso que no começo não gostei da idéia mas por ela eu fazeria e tenho certeza de que Jason também não se importaria. Marcamos o dia e a hora e Jason então foi pra minha casa onde combinamos que iríam nos buscar lá, estava terminando de me arrumar quando ele chegou, ele estava com uma calça jeans rasgada, com uma camisa preta e um all star meio surrado.
- Eu odeio usar essa camisa. - ele disse bravo abotoando ela.
- Cara você não é único. - disse rindo. - Mas vamos fazer isso pela Amy, sei que isso é importante pra ela.
- Tá certo. - ele assentiu. - Vou tentar por você e por ela.
Eu tinha colocado uma camisa social branca e um jeans também, mas a diferença é que eu estava indo com sapatos sociais também, eu não queria causar uma má primeira impressão na mãe da Amy, ia ser a primeira vez que nos veríamos já que todas as vezes que íamos lá ela estava fora em algum ensaio de fotos ou outra coisa.
Amy então chegou, buzinou e nós ouvimos rapidamente. Era um carro enorme de cor preta e estava sendo dirigido por um motorista particular, nós entramos e ela estava sentada no banco do carona na frente e nós sentamos atrás e seguimos em direção a casa dela. Amy morava no Upper East Side considerado o bairro mais nobre de Manhattan.
- E ai estão preparados ? - ela perguntou mas concerteza já sabia a resposta.
- Eu não diria preparado e sim apavorado. - eu desabafei.
- Amy tem certeza que isso vai dar certo ? - Jason dizia aquilo com medo.
- Tenho sim relaxem. - falar é fácil né. - Minha mãe é muito tranquila vocês vão se dar super bem.
- Tomara. - Jason disse.
- Un bébé qui pleure. - ela sussurrou.
- Eu ouvi isso Amy. Só não sei o que significa. - Jason estava até vermelho.
- Eu só disse "bebê chorão". - ela riu.
- Eu juro que um dia eu vou aprender uma língua que você não conheça só pra te xingar disfarçadamente. - ele ficou mais vermelho ainda.
- E enquanto esse dia não chega eu vou continuar te zoando em francês. - dava pra ver pelo espelho que ela estava sorrindo.
Amy era uma garota incrível, do tipo que gostava de rir e zoar sem distinção, nossa amizade combinou muito bem e ela estava feliz como se fizesse muito tempo que não tinha uma amizade assim.
Chegamos na casa dela, era um prédio enorme com mais andares do que conseguia se ver, lembro que da primeira vez que estivemos lá foi para um projeto da escola eu e Jason ficamos desnorteados com o tamanho daquele lugar. Entramos no elevador e seguimos até o andar dela. Seguimos até o seu apartamento e entramos.
O apartamento dela era incrível, tinha janelas enormes que por elas dava pra ter uma vista incrível da cidade. Seguimos até a sala onde sua mãe e seu pai estavam, Ah e um detalhe que ela já havia nos falado sua mãe havia se casado com um cara chamado Greg que era seu agente, e ele se dava muito bem com Amy então sua mãe sabia que os dois combinariam.
- Mãe ah pai, esses são os meus amigos Dylan e Jason. - Amélia disse com um sorriso.
- Olá, como vocês dois estão ? - a mãe de Amy perguntou, ela era linda, quase que como uma versão adulta de Amélia, uma das únicas diferenças era a cor dos olhos pois enquanto Amélia tinha seus olhos violetas sua mãe tinha olhos cor de mel que eram extremamente lindos.
- Olá, eu estou bem. - respondi com medo
- Bem até demais não é. - Jason tentava quebrar o clima.
A Sra.Grace riu baixo e seu marido também.
- Ei não precisam ficar nervosos assim. - o Sr.Grace disse. - Não sei o que a Amy disse sobre nós mas eu garanto que somos boas pessoas, vamos venham o jantar já está na mesa e não quero que esfrie.
Sentamos e conversamos sobre vários assuntos, ficamos vermelhos em alguns momentos e Amy ficou em outros mas sempre riamos independente da situação. Quando o jantar terminou os pais de Amy pediram licença e foram a algum lugar pra buscar algo, Jason e eu ficamos juntos de Amélia.
- Ufa ! - Jason respirou fundo. - Achei que essa noite acabaria em um desastre mas parece que ocorreu tudo bem.
- Concordo com você cara. - disse isso tirando um peso do peito.
- Vocês são muito bobos. - Amélia ria. - Mas não se preocupem a noite ainda não acabou, ainda pode acontecer alguma coisa.
- Detesto quando você diz isso. - Jason disse com um tom de voz assustado.
Eu pedi licença deixando os dois sozinhos e fui até a sacada do apartamento pra apreciar a vista e refletir, eu e Jason havíamos passado por tanta coisa juntos e agora estávamos lá fingindo que nada aconteceu e que o mundo continua normal, será que um dia nós veremos um anjo caído outra vez ou quem sabe um demônio. Eu já estava ficando fissurado nesse assunto e quando olhei pro céu pra apreciar as estrelas vi algo que me chocou, e a última vez que eu levei um susto daqueles foi quando nos encontramos com Samael.
No céu voando um pouco acima do prédio, estava um ser que batia aquelas asas enormes pra se manter no ar e segurando uma lança dourada e um escudo, um ser que só era conhecido em lendas ou histórias um ser que eu havia testemunhado de perto e quase fui morto, no céu havia um anjo.

No céu voando um pouco acima do prédio, estava um ser que batia aquelas asas enormes pra se manter no ar e segurando uma lança dourada e um escudo, um ser que só era conhecido em lendas ou histórias um ser que eu havia testemunhado de perto e quas...

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Quase caí pra trás de susto mas aí pensei, se ele me escutar vai perceber que eu o vi e se ele está parado no meio do céu significa que ele pensa que ninguém consegue vê-lo então o melhor que eu podia fazer era me calar e não deixar que ele me perceba.
Mas foi ai que algo estranho aconteceu, meu olho direito começou a doer e sentia como se algo dentro do mim se agitasse, tive aquela mesma sensação de quando fomos atacados pelo Samael e o Totó. Jason havia se separado de Amy pois ela foi ajudar seus pais então o chamei com a mão no meu olho o tampando. Ele chegou perto e eu disse
- Olhe para céu fingindo que o está admirando e não se assuste com o ser que está lá ok, se ele perceber já era. - eu disse bem baixinho.
- Como assim ? - ele fez cara de perplexo.
- Só olha logo ! - fiquei um pouco irritado.
Então ele olhou arregalou os olhos e olhou de novo pra mim tentando acreditar que aquilo era uma ilusão ou brincadeira sem graça.
- Aquilo é ? - ele disse.
- Não é um anjo caído se quer saber, suas asas são brancas e ele usa uma armadura reluzente, dúvido que seja um vilão mas por precaução não vamos arriscar. - tentei parecer calmo mas estava mais apavorado do que Jason. - Tente não fazer barulho e finja que não está o vendo.
- Tudo bem. - sua voz estava trêmula. - por que você está tapando seu olho direito ?
- Começei a sentir algo estranho e ele também começou a doer. - respondi sussurrando. - Tô com medo que ele brilhe igual naquela vez, mas e o seu olho esquerdo não tá sentindo nada de diferente ?
- Sinceramente não, senti quando aquele cão do inferno estava nos atacando. - Jason não era de mentir a não ser se fosse pra polícia. - A única coisa que sinto é uma sensação ruim do fundo da alma.
Percebi que meu olho havia parado de doer repentinamente daí retirei minha mão de cima dele, tínhamos que sair dali ao menos para que o anjo não nos percebesse. Mas antes que pudéssemos pensar em uma desculpa pra sair dali a mãe de Amy apareceu com o que parecia ser uma sobremesa.
- Acharam mesmo que não iria ter uma sobremesa. Torta de limão que eu mesma fiz - ela disse contente.
- Obrigado Sra.Grace. - agradeci e provei a sobremesa, era incrível e deliciosa.
Por um momento eu perdi o foco de que precisávamos sair dali, pensei muito e inventei a desculpa perfeita.
- Eu e Jason ficamos muito agradecidos pelo jantar e hospitalidade, mas nós precisamos ir pois já está ficando tarde e não queremos preocupar nossos pais. - tá eu sei, isso foi o melhor que eu consegui inventar.
- Temos mesmo ? - Jason disse aquilo e eu imediatamente dei uma cotovelada pra ele se lembrar do perigo que estavamos correndo. - Ah sim precisamos mesmo ir, minha mãe é paranóica com horário.
- Tem certeza crianças ainda está cedo, se quiserem posso ligar para as mães de vocês e peço para dormirem aqui o que acham ? - por um momento me senti mau mas não tinha outro jeito tínhamos que ir.
- Não Sr.Grace está tudo bem, agradecemos de coração. - continuava olhando para a sacada pra ver se conseguia ver o anjo.
- Está bem então garotos. - disse o Sr.Grace. - Vou levá-los para casa.
E mais do que depressa nós descemos e entramos no carro e seguimos até em casa.
Quando cheguei o meu primeiro pensamento era que tinha que falar com Jason, peguei meu celular e liguei, e imediatamente ele atendeu.
- Primeiro, verificou se não foi seguido ? - perguntei com medo da resposta.
- Fica tranquilo, até agora não vi nenhum par de asas brancas rodando por cima da minha casa. - e ele estava fazendo piada com algo sério de novo.
- Cara isso não é brincadeira, primeiro Samael e o Totó e agora isso. - eu estava furioso
- Ei se acalma tá, eu sei que pra você também foi traumático, mas nós combinamos de esquecer isso.
- COMO EU VOU ME ESQUECER DISSO !!! - percebi que exagerei e me corrigi. - Aí cara me desculpa eu passei dos limites, sei que a culpa não é sua mas eu acabei exagerando.
- De boa, eu também tô me segurando pra não gritar de medo. - não perecia.
- Eu preciso dormir antes que a minha cabeça exploda de vez. - Jason estava certo eu tinha que me acalmar. - Tchau cara, vê se fica bem.
- Beleza, até mais. - ele estava sendo super compreensível e eu um completo babaca.
Tudo que estava acontecendo era demais pra mim, mas mal imaginava que daqui alguns anos isso se tornaria fichinha pro que eu teria que passar se quisesse sobreviver, anjos e demônios se tornaram algo do meu cotidiano.

4 ANOS DEPOIS.....

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