CAPÍTULO 17 DYLAN: Ganhamos dicas de moda

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Jason conseguiu ser incrível em todos os pontos nessa sua última luta, é sério, Erebus ter se dividido em duas e ele usar aquelas correntes que pareciam ter vida própria foi algo sensacional. E enquanto desciamos aquela infinita escada eu refletia, Jason evoluiu demais em tão pouco tempo e ainda era capaz de continuar evoluindo, fiquei pensando se era só aquele negócio de confiar nas nossas antigas memórias, bem, em parte sim, elas continham a experiência de várias vidas e isso era muito útil, mas acho que também tinha haver com o nosso próprio poder, Alécia havia me dito em nosso último café da manhã, antes de Jason aparecer e enlouquecer, que os dragonianos também são conhecidos por serem seres cheios de surpresas, que sempre tinham uma carta na manga. Quando perguntei ao Jason como ele tinha ativado a habilidade especial das suas armas, ele só respondeu "eu ordenei" parecia fácil falando, mas acho que ele não queria facilitar pra mim, e eu concordava com ele, devíamos ser capazes de descobrir isso por conta própria e não depender de outros. Mas eu estava louco pra descobrir qual era a habilidade especial do meu arco, mas ia esperar Avalon me dizer.
Enquanto desciamos Jason disse:
- Será que essa escada leva direto a primeira camada ? - ele falou. - Já estamos descendo ao quê ? Quinze minutos ?
Eu não sabia dizer, minha noção de tempo também estava zoada, do momento em que entramos no inferno até agora não sei dizer quanto tempo se passou.
- Nós estamos saindo de uma camada dimensional para outra. - disse Alécia. - Isso é meio estranho para vocês entenderem agora, é como se existissem dois planetas muito pertos um do outro então nós estamos descendo de um e indo para outro, é difícil mas logo compreenderão.
Havíamos saído da primeira camada, o Limbo, um lugar enorme, não sei dizer o quanto, mas para abrigar todos os virtuosos e pagãos que já existiram no mundo devia ser do tamanho de um continente, ou até maior sei lá. Pensando bem, havia algo que eu não vi enquanto estávamos lá.
- Me explica só uma coisa. - eu disse. - Por que enquanto estávamos cruzando o Limbo em direção ao castelo de Belphegor não vimos nenhuma alma ? Tirando é claro, aquelas que estavam sendo torturadas por ele.
Edward que estava atrás de todos nós respondeu:
- Nós não vimos porque não podíamos ver. - ele explicou. - Nós viemos ao inferno ainda em vida, eles são almas condenadas, dois polos de existência opostos. Ou seja, é a mesma coisa que acontece em haled, os vivos não podem ver os mortos naturalmente.
Jason que estava na frente de todos disse:
- Mas espera um pouco. Eu usei a visão dragoniana pra poder enxergar naquela escuridão e ainda assim não vi nenhuma alma. - ele disse.
Enquanto ele andava, via suas novas espadas reluzindo em suas costas, eram lindas e pareciam mais mortíferas do que antes, quando ainda eram uma só.
- Você usou a visão dragoniana com o intuito de ver na profunda escuridão do Limbo, se quisesse ver as almas teria de usá-la de outra forma, com um encanto diferente. - Alécia que estava atrás de mim disse.
- Por isso, quando forem usar a visão de novo não devem tentar ver as almas, existem bilhares em cada camada, vocês iriam enlouquecer se as vissem. - disse Edward. - E dessa vez eu falo sério em.
Alécia parou e olhou para trás, o encarando.
- Como assim, dessa vez ? - Alécia perguntou.
Edward arregalou os seus olhos e eu e Jason nos seguramos para não rirmos. Ele estava visivelmente morrendo de medo do que Alécia poderia fazer.
- Na-nada, é que você sabe, é sempre bom dar uma ameaçada pra que eles possam entender e temer, não é mesmo meninos ? - disse quase embaralhando as palavras.
Alécia olhou para nós e dessa vez foi a gente que ficou de olhos arregalados.
- Sim, é claro, é sempre bom deixar bem claro um aviso. - Jason disse.
Alécia estreitou os olhos.
- Sei, mas que bom que entenderam o recado. - acho que ela tinha uma suspeita mas não quis falar.
Olhamos para Edward e ele fez um sinal de silêncio, ou seja, era bom Alécia não descobrir que vimos o lado charmoso de Nathanael.
Continuamos andando por mais um tempinho até que finalmente vi uma luz no fim do túnel, digo, escada. Apressamos o passo e fomos nos aproximando da tal luz, a atravessamos e chegamos na segunda camada. Bem, eu havia dado uma rápida estudada sobre o inferno durante nosso infeliz café da manhã, uma dica valiosa de Alécia.
Nós estávamos no Vale dos ventos, o destino dos luxuriosos.
Olhei pra cima esperando ver uma enorme torre que se estendia até o céu, mas o que vi foi uma torre de apenas uns cinco metros, Alécia tinha razão, essa coisa de atravessar camadas dimensionais era difícil de entender.
O lugar era um enorme deserto de areias negras, alguns poucos pontos eram de rocha firme que estavam afundadas pelas areias, e quanto ao clima, extremamente seco e havia muito vento, é sério, não conseguia deixar meu capuz no lugar e minha aljava parecia querer sair voando das minhas costas.
Quando olhei em volta vi o que parecia ser montanhas, mas elas se mexiam como se o vento conseguisse balança-las, espera não eram montanhas, aquilo eram enormes furações !? Estavam por toda parte, pra nossa sorte não havia nenhum perto da gente, mas o vento estava ficando cada vez mais forte, Alécia parecia dizer alguma coisa mas eu não ouvia nada, fora que eu sentia toda a àquela areia batendo no meu rosto e entrando em lugares que não deveriam.
Ela conjurou um selo dourado que apareceu na frente da sua mão e com ele ergueu uma barreira em forma de cúpula, ela era transparente mas dava pra ver que ainda tinha uma coloração amarelada.
- Ah, bem melhor. - ela disse. - Não conseguia ouvir nada com aquele vento ensurdecedor e fora que eu detesto areia.
Nós rimos, era um feitiço bem útil, acho que iria aprendê-lo pra usar em dias chuvosos.
- Então, para onde nós vamos agora ? - perguntou Edward. - Dessa vez não temos um guia turístico demoníaco.
- Onde está aquela runa infernal ? - perguntei. - Belphegor disse que ela nos garantia passagem segura a todo inferno.
Jason abriu seu baú e a tirou de lá, ela ainda emanava aquele brilho vermelho macabro. Era hipnotizante.
- Não sei como funciona essa coisa. - ele disse. - Talvez funcione apenas como um selo imperial de um rei, apenas diplomático.
Todos nós olhamos para Jason perplexos.
- Que foi ? - ele disse. - Tem um demônio atrás de mim ?
Disse isso já colocando a mão em uma das suas espadas.
- Você sabe o que é um selo imperial ? - perguntei.
- É claro que eu sei o que é a droga de um selo imperial ! - ele respondeu bravo. - Eu vi isso num filme uma vez.
Bem até que fazia sentido, Jason detestava estudar, mas amava ver filmes. Mas vamos deixar isso de lado por enquanto.
Nisso, enquanto ele mexia freneticamente naquele treco, ele deixou-a cair, que deu uma leve afundada na areia negra.
- Jason, tome cuidado ! - disse Alécia. - Não sabemos se essa coisa é totalmente segura, afinal ela foi entregue por Mephisto.
Jason se abaixou para pegá-la, mas antes disso aquilo brilhou mais forte e se ergueu sozinha, flutuando à nossa frente, ela então começou a ir em uma direção no meio de uma duna.
Nós levamos um pequeno susto, mas Edward conseguiu falar alguma coisa.
- Mas como que... ? - disse Edward.
- Ela está nos mostrando o caminho. - disse deduzindo na hora. - É melhor seguirmos ela.
- Ou está nos levando direto pra uma armadilha. - disse Alécia. - Como disse antes, foi entregue por Mephisto.
- A solução chega milagrosamente e nós vamos simplesmente segui-la ? - Jason disse. - Isso é bem suspeito pra mim.
- Qualquer coisa que acontecer de agora pra frente será suspeita, se ficarmos desconfiando de tudo nunca chegaremos ao nosso destino. - Edward disse. - Além do mais não temos nada melhor para nos guiar, o jeito vai ser ficarmos alertas a qualquer sinal de emboscada, estamos entendidos ?
Concordamos juntos, mas ainda com um pé atrás.
E assim fizemos, enquanto ela ia em direção a algum lugar nós íamos atrás com medo de onde iria nos levar.
Comecei a reparar melhor naquele lugar, havia muitas dunas, eram baixas ou altas como a que andávamos, estava de noite, por isso levantei a cabeça esperando ver a lua e as estrelas mas não vi nada além de um enorme rochedo que ficava no lugar do céu, estava extremamente alto, até dava pra ver algumas nuvens mas só isso, tudo aquilo era sem vida ou mórbido. Comecei a entender o porquê daquele lugar ser o destino dos luxuriosos, era sem graça, ou melhor, esquecido, quando alguém quer ser luxurioso ele quer ser o centro das atenções, se destacar em meio a muitos mesmo que isso signifique humilhar ou machucar alguém, ali era um lugar sem vida ou ânimo.
Com o tempo comecei a ver melhor os furações, eram imponentes e robustos, alguns conseguiam erguer até mesmo pedras enormes e lançá-las para longe, coitado de quem estivesse no lugar e na hora errada.
Continuamos a caminhada infernal, parecia ter passado uma eternidade e não havíamos chegado a lugar nenhum.
- Ahh qual é ! - disse Jason. - Quanto tempo mais nós vamos ter que seguir essa coisa ?
Jason estava aflito, eu até o entendia, não aguentava mais ter que andar

As Crônicas Dragonianas 1° A Prisão da DeusaOnde histórias criam vida. Descubra agora