Juliette não parava de pensar em Pedro.
Sendo tão jovem merecia ter outra perspectiva de vida.
Juliette chegou ao edifício onde se situavam os escritórios da empresa do seu pai.
Perguntou por ele na recepção e foi logo em direcção ao elevador que a levaria ao 47° andar.
Bateu à porta e logo veio Irene a assistente de seu pai, abrir a porta.
- Bom dia Irene. Preciso falar com papai.
- Bom dia Juliette, pode entrar.
- Minha filha! Deve ser muito importante para te dares ao trabalho de vir aqui. Que foi? Mais ajuda para as tuas obras sociais?
- Não, papai. Desta vez para uma pessoa específica.
Juliette contou sobre o encontro com Pedro e como queria ajudá-lo.
- Minha filha! Nem o conheces verdadeiramente, como sabes se deves confiar nele?
- Eu sinto que preciso ajudar. Sabes aquela casinha pequena que está devoluta? Eu vou emprestar para ele morar e queria um emprego também.
- E o que ele sabe fazer? Quais as habilitações dele?
- Isso não sei, mas ele tem um bom discurso. Parece letrado. Vou tentar saber.
- O que eu não faço para te ver sorrir. Espero que estejas certa quanto a esse jovem. Empresta a casa e vê o que ele sabe fazer para lhe arranjar ocupação.
- Obrigada. Tenho o maior pai do mundo, disse ela sentada no colo dele e dando-lhe muitos beijinhos.
- Melenta. Tu sabes que isso me quebra todo e aproveitas.
- Amo-te papai.
- Também te amo, filha. Agora vai embora que eu tenho muito que fazer.
- Adeus Irene.
- Adeus menina Juliette.
Juliette saiu dali com o seu carro e dirigiu até perto do Sweet cafés.
Já era hora de almoço e ela procurou por Pedro ao redor. Atravessou a rua e foi encontrá-lo no meio do jardim, sentado num banco.
- Bom dia Pedro.
- Bom dia menina. Que bom lhe ver.
- Vim conversar contigo. Vamos almoçar?
- Não precisa. Hoje comi.
- Foste à pastelaria conforme eu disse?
- Não. Ontem consegui um dinheiro e fui ao supermercado. Fica mais barato, sabe? Ali é muito caro.
- Mas eu disse que pagava. Podes ir sempre.
- Está bom assim. Se precisar muito, eu vou.
- Olha, mas eu ainda não almocei. Vem, fazes-me companhia e tenho novidades para ti.
Juliette e Pedro dirigiram-se a uma esplanada perto e pediram as suas refeições.
Hoje Pedro estava com roupa limpa e um pouco mais apresentável.- Pedro, eu estou a tentar arranjar um trabalho para ti, mas nem sei o que queres fazer.
- Eu faço qualquer coisa.
- Mas que profissão tinhas antes disto? Que habilitações tens?
- Eu era gestor de uma cadeia de restaurantes e hotéis.
- Meu Deus, as voltas que o mundo dá. Como é que se passa de 8 para 80?
- Pois é. Às vezes, olhando as estrelas eu peço ajuda aos meus pais para reverter a situação.
- Olha, eu consegui um lugar para morares. A seguir podemos ir lá. A casa é da minha família mas está fechada. É pequena mas está mobilada. Tem o mínimo de conforto.
- Porque é que a menina decidiu ajudar-me? Há tanto mendigo por aí, porquê eu?
- Não sei. Eu gostei de ti. Eu ajudo muitas obras sociais e faço muito voluntariado.
- A menina parece ser rica. Não tem necessidade de ser vista com mendigos.
- Os meus pais são ricos. Eu apenas nasci numa família rica e o dinheiro
para mim só faz sentido quando o utilizamos para fazer o bem.- Gosto de roupas boas, boas bolsas, sapatos e viajar, mas o que mais gosto é sentar-me numa esplanada como agora e conversar. Por isso não tenho muitas amigas da alta sociedade. Elas gostam de coisas supérfluas e eu não.
- Eu também gosto de coisas simples. Já tive vida boa e nem por isso fui totalmente feliz. Quando o dinheiro atrai pessoas interesseiras, isso não é bom.
E namorado, menina. Tem?- Não. Já tive um que só estava interessado na vida que eu lhe proporcionava, e eu, burra, quase caía no papinho dele.
- Também já passei por isso.
- Vamos ver a casa tenho o meu carro além.
- Vamos.
A distância que percorreram não foi muita. Chegaram a um bairro bem agradável. Não era um bairro de luxo, mas também não era modesto.
Pedro entrou na casa e sorriu. Era mais do que um mendigo podia sonhar.
"A partir de agora estou fodido. Tinhas falta de sarna para te coçares?" questionou ele interiormente.
Os móveis eram modernos. Não havia muitos, mas os essenciais. A cozinha estava completa.
- Senta-te aqui, Pedro.
Toma este telemóvel e tens aqui um dinheiro para comprares algumas roupas. Eu vou mandar trazer alguns alimentos para te manteres até arranjar-mos um trabalho.
- Eu não posso aceitar. A menina já me ajudou tanto. Esta casa é muito mais do que eu mereço.
Segurou as mãos dela e beijou-as.Serei grato toda a minha vida. Conte sempre comigo para tudo.
Juliette saiu e voltou uma hora depois com várias sacolas de supermercado.
- Julgo que comprei o essencial. O que faltar é só dizer.
- Permite que eu a convide para almoçar amanhã aqui comigo? É o mínimo depois do que fez.
- Venho sim, e talvez traga noticias sobre o emprego. Até amanhã.
- Adeus menina Juliette. Até amanhã.
Juliette saiu deixando um Pedro atordoado, sem saber o que fazer ou pensar.
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Não pise
FanfictionDevia ter uma placa no meu coração escrito não pise, Devia ter um outdoor na minha vida escrito não brinque. ....