O cabelo degradê

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Rodolffo percebeu pela conversa com Ju que ela estava no hotel.

Sabendo qual era o da sua preferência,  ligou a apesar da relutância da recepção em dizer, como ele era o patrão não teve como esconder.

No entanto optou por não ir lá e deixá-lá por esta noite.

Juliette acordou cedo e pediu o café da manhã.   Fez a sua higiene e teve que usar a mesma roupa.

Bateram à porta.   Era o café.  Vinha acompanhado de uma sacola e um buquê de flores.

Na sacola vinha um vestido e roupa íntima.  No cartão que acompanhava as flores, apenas um Amo-te.

Tomou café, trocou de roupa e saiu.  Na recepção disse que talvez não voltasse.

Dirigiu até ao escritório do marido.  Não viu o carro dele no estacionamento, pelo que deduziu que ele não estava.

Entrou sem bater à porta e encontrou Leonor sentada na secretária do marido.

- Juliette,  bom dia.  O Rodolffo não  está.

Juliette colocou-se por trás da cadeira e prensou-a contra a secretária.

- Eu sei que não está.  É contigo que eu quero ajustar contas sua vaca.

- Está a magoar-me.  Deixe-me tirar a cadeira.

- Depois de terminar o que eu vim fazer.  Meter-se com o meu marido foi o pior que fizeste.  Se me conhecesses bem jamais terias tentado.

- Não aconteceu nada.

- Porque ele não quis, mas fica sabendo que as idas a minha casa, as risadinhas e provocações têem consequências.

Juliette pegou a tesoura da sua bolsa.

- O que vai fazer?  Por favor não me magoe.

- Eu devia riscar esta carinha de puta, mas não sou nenhuma criminosa.  Vou só deixar-te uma recordação para que te lembres da noite com o meu marido, quando fores seduzir qualquer homem casado.

- Não, por favor, não.

Juliette,  simplesmente cortou o cabelo dela, num degradê um tanto ou quanto diferente.

- O meu cabelo não.   Como eu vou sair na rua.  Eu estou careca!

- Ainda não,  mas da próxima vais ficar.
Quero a tua carta de demissão ainda hoje em cima desta secretária ou nunca mais conseguirás trabalho algum.

E só para terminar, antes de eu ir embora,
SLAP, SLAP.

Juliette desferiu dois tapas em Leonor e dirigiu-se para a porta.  Pegou no telemóvel e tirou uma foto sem que a outra tivesse tempo de reagir.

- Presta queixa contra mim que eu divulgo o que aconteceu e ainda posto esta foto.  Estás uma beleza.  Vai lá agora dar em cima de homem casado, sua vagabunda.

Quando chegou ao elevador encontrou uma das recepcionistas.

- Vá lá ajudar a vaca da secretária do meu marido a arrumar a trouxa e desaparecer daqui.

A moça não entendeu mas assim que Ju entrou no elevador e a porta se fechou ela dirigiu-se ao gabinete do chefe.

Ficou chocada com a cena, mas por dentro ria.  Ali todos achavam Leonor uma prepotente.  Todos a suportavam, mas não gostavam dela.

Mal chegou à rua,  Juliette  respirou fundo.  Entrou no carro e dirigiu para casa.

Passou no mercado, comprou frutas, verduras e outros alimentos e comprou um bolo com cobertura de chantilly e recheio de brigadeiro.  Precisava de uma coisa reconfortante.   Comprou também alguns chocolates.

Rodolffo ouviu o carro da esposa chegar e imediatamente veio até à porta.

Ela abriu o porta bagagens e retirou várias sacolas de dentro.

Ele dirigiu-se a ela e deu-lhe um beijo.

- Bom dia, Ju.

- Muito bom mesmo.  Levas as sacolas?

- Onde estiveste, amor?

- Sabes bem onde estive.  Mas agora vim do teu escritório.   Já  ajustei contas com aquela piranha, só não sei o que faço contigo.

- Ju, eu juro.  Não aconteceu nada.

Não quero discutir agora.  Vou comer aqui o meu bolo que foi para isso que eu o comprei.

Cortou uma fatia enorme e guardou o resto na geladeira.

- Não vais dividir comigo.  Esse é o meu preferido também.

- Nem sonhes tocar com uma unha no meu bolo.

Fiquei a vê-la comer o bolo todo e eu a salivar.  Para alguns podia ser pouco mas ela sabia que para mim era uma punição.   Nunca resisti a um bom bolo.

- Isto é só o começo.

- Ju, o que aconteceu no escritório?

- Vai lá.  Podes ir lá ver com os teus próprios olhos.  Vai.  Sou eu que peço.

- De certeza?  Ju, estou com receio que tenhas feito algo diabólico.

- Falta um tiquinho assim para me conheceres de verdade.  Hoje foi só a primeira aula.  Vai lá e faz de novo para tu veres uma coisa.

- Eu vou lá.  Estou assustado, Ju.

- Não matei ninguém embora quisesse.  Mas vai.

Rodolffo pegou as chaves do carro e saiu.

Juliette pegou e foi comer mas bolo e ainda abriu um chocolate.

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