Imensidão

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Narrador

Simone Tebet

Precisava colocar sua cabeça em ordem antes de ter aquela conversa com Soraya, para isso daria seu tempo para Nelissa, e a menina parecia muito animada em lhe contar como tinha sido seu dia na escola.

Como em todas as noites, ela olhava a agenda da menina para saber se tinha algum recado importante, e sempre dava um visto nas informações diárias, aparentemente a menina comia bem, mas não parecia interessada em fazer amizade e até mesmo se recusava em fazer as atividades e Simone estava sendo convidada a conversar com a orientadora da escola na próxima semana.

- Quer dizer então que você prefere comer o giz de cera do que prestar atenção na professora? – Simone perguntou a menina que estava sentada no sofá enquanto tomava uma mamadeira de achocolatado.

- Mamãe... a mamãe... ma... não. – Ela debochou fazendo um biquinho e Simone frisou os olhos na criança.

- Eu sei que você gosta de ficar aqui comigo, mas eu preciso trabalhar e você precisa estudar pra ser alguém nessa vida.

- Ma... mamãe!

- Nao, você acha que vai entrar no menor aprendiz como? Precisa ir bem na escola para conseguir uma vaga no mercado de trabalho.

- Não mamãe.

- Sua sorte é que menor aprendiz só começa com quatorze anos e tem dez anos para melhorar esse seu comportamento e se tornar uma aluna melhor, amanhã eu vou ligar para sua professora pra saber se você melhorou. – Disse seriamente e a menina se inclinou para frente a abraçando com carinho. – Vamos fazer o seguinte, se você melhorar seu comportamento na escola, eu vou te levar comigo na próxima semana para Goiás, mas se você não melhorar, vai ficar com o seu babá.

A menina resmungou algumas coisas ao mesmo tempo em que se entregava ao sono e a fazendeira ainda ficou um tempo ali tendo aquela conversa "séria" até Nelissa dormir.

Simone assim que saiu do quarto deu de cara com Soraya, a loira estava vestindo apenas uma camisola minúscula e ela teve que controlar o inferno dentro de si para não olhar os seios fartos.

- O que você está fazendo aqui?

- Precisamos conversar.

- agende um horário... e saia da minha casa.

- Eu não vou sair até você escutar o que eu tenho para dizer. – Estava séria, porém Simone não queria saber de conversa.

- O que você quer de mim?!

- Quero saber porque está sendo tão indiferente comigo? Que caralho neste inferno eu fiz para você?

- Falou no nome da minha mãe, o que você e o seu banco querem com a minha mãe? Ela sempre foi uma pessoa integra, ela jamais faria um empréstimo com aquele valor exorbitante.

- Eu sei... – Suspirou pesadamente. – Por isso eu estou aqui... tem cinco idosos nessa cidade que fizeram empréstimo numa soma muito elevada, o sistema está dando baixa como se eles estivessem pago as parcelas, mas pelo visto, nenhum desses idosos tem renda o suficiente para isso.

- Onde você está querendo chegar?

- Deve ter uma quadrilha nessa cidade, ou na cidade vizinha que está usando essas pessoas.

- Tenho certeza que é o Carlos César , ele foi muito ligeiro em me fazer assinar os papéis do empréstimo. – Simone disse e Soraya ficou pensativa por alguns instantes. – Estou brincando, o almofadinha mora numa casa minúscula com a mãe, dificilmente ele seria algum golpista.

A Fazendeira Versão Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora