Destino

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Narrador

Isabelli

A peoa era sempre uma das primeiras a acordar e seguir para o trabalho, amava o que fazia e executava todas as tarefas com ótima desenvoltura.

Naquele dia em especial, tinha preferido seguir pelo caminho da lavoura de feijão, o campo estava sendo preparado para o plantio novamente e havia muito entulho de lixo, mas aquele era um dos pontos altos da fazenda, onde o céu amanhecia lentamente e ela podia ver o sol crescendo no horizonte.

Mas a vida era uma mistura de destinos.

Passou a escutar um miado rouco, e achou que poderia ser de algum filhote de jaguatirica, nem sempre, mas as vezes encontrava filhotes recém nascidos que se perdiam da mãe durante a noite de caça, ela sempre resgatava os animais e levava para o posto da policia ambiental.

Agora caminhava devagar para não pisar errado, mas a medida que caminhava entre os arbusto percebeu que o miado vinha de uma enorme pilha de casca seca das favas que haviam sido debulhadas no dia anterior, era para uma das senhoras ter ateado fogo, mas certamente deve ter esquecido e Isabelli achou estranho ao ver um saco de lixo e se abaixou tocando o plástico e seu coração se apertou assim que viu uma mãozinha.

Ali não tinha um animal, ela recuou um passo tapando o rosto com a mão, tentou puxar um pouco de coragem para si e se abaixou diante do amontoado de lixo e assim que rasgou um pouco mais a sacola percebeu que o filhote que miava era de humano.

- Ah não... ah não... – Respirou e ficou com uma certa dificuldade. – O que fizeram com você?

Ela não sabia para quem ligar naquele momento, emergência não chegaria ali nem se fosse o presidente, policia demoraria horas.

Sua mente deu um estalo ao lembrar-se de Michelli e seus dedos pegaram o celular e logo em seguida ligou para ela.

A morena demorou quase dois minutos para atender e assim que o fez sua voz estava ainda mais rouca e ela parecia zangada.

- Eu realmente espero que seja uma emergência para você me acordar... – Gemeu. – A essa hora da manhã.

- É... escuta Michelli... eu achei um menino... – Isabelli voltou a tocar o bebê que ainda estava no chão.

- Um menino? Perdido?

- Abandonado, igual lixo... a própria sorte. Eu não sei o que fazer.

- Bom... o conselho tutelar só abre as nove as horas... pode leva-lo até a delegacia para ver se a criança diz onde os pais moram.

- Michelli... eu achei um bebê... tá aqui no chão.

- UM BEBÊ? – Ela praticamente gritou do outro lado da linha. – MEU DEUS DO CÉU.

- Mulher... o que eu faço?! – Perguntou desesperada.

- Esquenta ele, você precisa esquentar ele imediatamente, enrola ele num pano e mantenha próximo de você. – Deu as coordenadas e Isabelli teve que retirar sua blusa xadrez e enrolar o bebê. – Ele ainda está com o cordão umbilical?

- Está sim... ele ainda tá com a placenta. – Isabelli gemeu. – Tava dentro de uma sacola plástica só com a cabeça de fora...

- Acho que ainda estar ligado a placenta o manteve nutrido e aquecido... – Michelli soltou um monte de palavrões. – Onde você está?

- A sete léguas da casa...

- Eu vou vestir uma roupa e ligar o carro, esse bebê precisa ir agora para um hospital.

Isabelli estava praticamente lutando contra o tempo enquanto percorria metade da fazenda com um pacotinho nos braços, o bebê tinha parado de chorar assim que ela o enrolou com cuidado e o manteve aquecido e protegido durante o percurso até sua casa.

A Fazendeira Versão Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora