Destino

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Narrador

Michelli

Para a sorte da assistente social os dias seguintes passaram rápidos, ela estava com trabalho acumulado na prefeitura e ali nem era o seu local de atuação, só estava fazendo um favor para o sistema e seus momentos de descanso era quando dirigia até a fazenda.

Ainda tinha muito relatório para escrever sobre a integração da menina, que pareceu sempre ter morado com Simone, a fazendeira já tinha organizado um quarto para a pequena Neli e além do necessário também havia brinquedos.

Seu único problema atual se chamava Clemência, a senhora sempre passava na prefeitura as manhãs e lhe levava um pote cheio de bolos, tortas ou doces, e a medida que Michelli conseguia contato com um pai de alguma criança que estava tempo demais longe da escola, ela marcava um ponto na sua lousa e isso fazia com que Dona Clemência fosse todos os dias conferir o seu quadro enquanto tomava café.

Seu único problema ainda era Felipe, que por mais que ligasse para a mãe a mulher não atendia suas ligações e o endereço que possuía nem o google maps conseguiu lhe ajudar e no quinto dia de trabalho ali, aguardou Clemência chegar trajando algum vestido florido e segurando um pratinho de comida para lhe perguntar o endereço do menino.

- Ela mora lá nos açudes... bem depoooois do riacho, quase chegando em Tamandaré... pra lá... eu já lhe disse, a mãe está cuidando da avó com Alzheimer e assim que ela conseguir as medicações ela vai deixar o menino ir para a escola. – Dona Clemência disse, como se só suas palavras significassem algo, e se Michelli não estivesse comendo, era certo que soltasse um palavrão.

- Pois eu não vou esperar nada disso, e se eu tiver que ir até lá pessoalmente eu vou! - Michelli reclamou enquanto mordia o bolo de laranja com cobertura de goiabada, odiava ter que bloquear o auxilio de alguma família, não acreditava que deixar pessoas com fome adiantariam alguma coisa, seu único método era usar a intimidação, sempre funcionava.

Ao ver o mapa da cidade que ficava no hall de entrada da prefeitura, percebeu que não conseguiria chegar ali sozinha, precisaria de um guia que conhecesse a região muito bem.

E ela respirou fundo enquanto tentava pensar em outro nome que não fosse na diaba que usava jeans surrados e chapéu de couro.

Isabelli que tinha acatado uma ordem da sua chefe, estava parada diante daquele momento de Michelli, a assistente tinha pedido para a fazendeira ajuda pra encontrar o sítio da família da criança que estava procurando.

A peoa estava parada diante da assistente social baixinha ela estava usando um calças social preta e um terninho, além de uma blusa fresca branca e ela tentou não olhar para o decote onde estava o crachá.

- Já está pronta? – Isabelli perguntou, estava usando óculos de sol estilo aviador e Michelli tentou não

- Sim... – Entregou as chaves do carro para ela e em seguida se sentou no banco ao lado do motorista. – O tanque está cheio e eu chequei os pneus, tem uma bolsa térmica com água e sanduíche natural no banco de trás.

Isabelli estava muito diferente do que da outra animada, que não havia calado a boca por um segundo, seu silêncio estava deixando Michelli confusa, mas não se queixaria e logo colocou seus fones de ouvido, tentando olhar para outro lugar que não fosse para as mãos que seguravam o volante.

- O que você vai fazer na casa de dona Roseli ? – Isabelli perguntou.

- Ela não manda o filho para a escola há trinta e oito dias e eu quero saber o porquê, se completar cinquenta dias as crianças vão perder a matrícula desse ano.

A Fazendeira Versão Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora