Sorte No Azar

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Narrador

Simone Tebet

Estava aborrecida com o seu trabalho, por mais que estivesse lutando bravamente para manter sua fazenda funcionando, estava sendo difícil e muito exaustivo, sabia que não podia desistir no primeiro problema, mas ao mesmo tempo se sentia encurralada num ciclo de outros micro problemas, onde tinha que os concertar, para logo em seguida descobrir outros problemas.

Os bezerros precisavam de um alojamento novo, e ela teve que pilotar o trator praticamente sozinha, já que seus peões tiveram que ir atrás dos demais novilhos que pareciam adolescentes rebeldes e saíram correndo desvairados pela fazenda.

E as vacas mais velhas também, tinham caminhado atrás de sombra e arrebentaram quilômetros de cerca e invadido a fazenda vizinha pela lateral.

Tudo o que Simone queria, ter que lidar com Waine De Fátima e seu ego maior que suas terras, pedir desculpas e arrumar as cercas.

Sentia que estava numa canoa furada e remando contra a correnteza.

Simone ainda teve que deixar a construção de lado para ir auxiliar o veterinário, mais duas vacas leiteiras tinham dado a luz bezerros natimortos e após pedir para o veterinário coletar uma amostra de sangue, ainda teve que encontrar um lugar adequado para enterrar aqueles animais.

- Porra! Merda! – Disse zangada enquanto chutava uma pilha de feno. – Odiava aquilo, havia feito tudo certo para que as vacas prenhas que sobreviveram chegassem ao final da gestação, mas a natureza estava lhe cobrando uma conta injusta.

- Epa... calminha ai patroa... – Isabelli se aproximou dela, havia deixado o concerto da cerca de lado para ir cuidar das animais do curral. – Tem mais oito bezerrinhas saudáveis... as vezes acontece, o veterinário disse que isso podia acontecer por causa do susto que elas tomaram.

- Eu sei... mas eu já perdi tanto bicho já esse ano! Deus está me castigando! – Prendeu os cabelos morenos nervosamente.

- Ok... vou fazer o seguinte, separar as vaca que tá prenha, cada uma vai ficar em um celeiro diferente, quem sabe assim não ajude, com sombra e água fresca, paparicar elas que nem as madame da cidade.

- Faça isso... eu preciso ir até a cidade resolver umas coisas e vou demorar pra voltar... – Disse enquanto se voltava para pegar seu cavalo, com a chegada da criança, sua cabeça agora tinha que se dividir entre o bem estar dela.

Pé de pano estava sempre aposto e relinchou alto quando ela o montou e seguiu rapidamente em direção a casa, tomou um banho rápido e estranhou o fato da casa estar silenciosa, geralmente ela escutava ou o choro de Neli ou seu jeito fofo de conversar com dona Conceição.

- Como ela ficou dona Conceição? – Simone perguntou ao entrar na cozinha, estava penteando os cabelos.

- Chorando, chorou, chorou, até a moça que mora no chalé aparecer... pegou a menina e seguiu lá para trás. – Ela apontou e Simone ergueu as sobrancelhas chocada, não sabia que a menina tinha ficado tão aborrecida daquele jeito e rapidamente colocou suas botas, e seguiu quase correndo até o chalé e já ia bater na portando com força e só então percebeu que ela estava entreaberta.

Assim que entrou, seus olhos seguiram até onde Neli estava, sentada no tapete brincando com alguns blocos enquanto Soraya digitava algumas coisas no computador que estava no seu colo.

- Vim buscar ela... – Simone murmurou e Neli ao ouvir a voz da irmã olhou em sua direção, mas diferente de antes, Neli apenas voltou a brincar ignorando completamente a sua presença

- Pode levar. – Soraya disse olhando por cima da tela.

- Vamos Neli... – Simone pediu e a menina tornou a olhá-la, mas logo voltou a ignorar o pedido. – Vamos Nelissa!

A Fazendeira Versão Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora