Dois meses depois...
— Com cuidado...
— Eu ainda não estou sentindo as contrações Oliver.
— Eu sei mas pode começar a qualquer momento o médico disse...
A bolsa dela estou a cerca de uma hora, coincidentemente já estávamos no hospital pro último exame de rotina e o médico decidiu que seria melhor que ela já ficasse aqui porque nossa casa fica um pouco distante da clínica.
— Onde está sua mãe?
— Foi buscar as coisas em casa, já deve estar chegando... acho que eu estou mais nervoso que você.
— Não tem motivos, estamos no hospital a gravidez está correndo bem.. vai dar tudo certo não se preocupe.
Não entendo como ela pode estar tão tranquila, estou com uma sensação ruim a dias mas é claro que não vou dizer isso a ela afinal é até bom ela estar tranquila.
A barriga está enorme e é até engraçado ver como ela mal aguenta ficar de pé, Mia é magra mas pelo bebê ser grande sua barriga cresceu muito mais do que deveria.
— Acho que... a primeira está vindo... ainda é fraca mas eu posso sentir..
— Tenta andar um pouco vai ajudar na dilatação..
Estava tudo bem calmo, apesar do médico garantir que seria um parto difícil Mia não quis anestesia e disse que queria que fosse natural e assim estava sendo, as enfermeiras estavam dando o suporte necessário e sendo gentis com ela e aos poucos as contrações foram aumentando.
Minha mãe chegou com todas as coisas visivelmente assustada com medo de ter perdido o parto mas não estava nem perto da Olivia nascer.
— Como ela está?
— Sentindo dor, mas ela não quer anestesia...
— Você sabe...que eu aguento..
Ela disse com o mesmo duplo sentido em um bom humor até demais pelo momento... ela estava debruçada sobre a cama apertando o lençol com força em outra contração desta vez mais forte. Comecei a massagear suas costas colocando a toalha quente pra aliviar um pouco mas só ficava mais forte.
Já estávamos assim a cerca de 4 horas mas o médico disse que ainda não tinha dilatação o suficiente então ela precisava continuar estimulando.
— Mais um passo..
— Não dá... espera um pouco tá vindo outra...
Ela gemia e resmungava de dor e eu podia ver o quanto estava arrepiada, seu rosto começou a ficar pálido e ela começou a tremer.
— Oli...me leva pra cama...
Sua voz estava fraca, ela tinha começado o trabalho de parto com certeza.. minha mãe me ajudou a colocar ela deitada de uma forma que ficasse confortável, ela apertava minha mão com toda força que tinha e chegava a doer em mim..
— Acho que está na hora, estou preocupado com a passagem dela..
— O que tem?
— É estreita e o bebê é grande, tem certeza de que não quer uma cesariana?
— Tem... tem algum risco? Pro bebê?
— Não mas vai doer mais do que deveria pra você.. pode ser mais fácil não tem porque passar por uma dor quase insuportável.
— Se não tem risco... então eu.. quero continuar..
— Mia..
— Eu aguento Oliver.
O médico me olhou preocupado e eu já sabia que seria difícil, mas se a Mia não queria uma cesariana então iríamos respeitar.
Uma contração mais forte veio a fazendo literalmente gritar, ela apertou minha mão com tanta força que eu achei que quebraria, com certeza não era nem um terço do que ela está sentindo.
— Tudo bem vamos lá, quando estiver pronta..
O médico posicionou as pernas dela no suporte e Mia já estava completamente suada, sua boca tremia pela dor e quando outra contração veio ela empurrou com força.
— Está indo bem querida continue..- minha mãe a incentivava segurando sua mão.
— Vamos Mia está quase lá..
Ela estava fraca eu podia ver, o médico não estava com uma cara muito boa e isso me deixou preocupado. Novamente Mia voltou a empurrar gritando tão alto que tenho certeza que todo hospital ouviu.
— Merda.... tá insuportável....
Ela disse de olhos fechados pálida e trêmula, o médico garantiu que não tinha riscos então porque ela está assim?
— Doutor ela está bem?
— Não sei dizer ao certo... o bebê está preso..
— Preso?
— Mia preciso que pare de empurrar, vou precisar intervir..
Mia começou a chorar parecendo que estava com muita dor, muito mais do que deveria estar sentindo.. o branco de seus olhos estavam vermelhos e suas mãos estavam frias.
O médico fez alguma coisa em sua passagem que a fez gritar sem parar, minha mãe olhou pra mim assustada e logo vimos a quantidade de sangue nas luvas do médico.
— O cordão estava atrapalhando a passagem, o bebê iria sufocar... Mia está consciente?.- Ela assentiu sem conseguir falar e estava prestes a desmaiar.— Oliver não deixe ela desmaiar o bebê está saindo ela precisa fazer força..
Bati de leve no rosto dela e quando ela começou a voltar as dores vieram junto. Ela respirou fundo e de olhos fechados voltou a empurrar mais forte ainda até que finalmente ouvimos o choro alto do bebê.
O médico a ergueu colocando no berço e realmente ela era enorme, eu não conseguia parar de sorrir e de chorar vendo minha princesinha pela primeira vez.
— Ela está.... saudável?
— Até demais eu diria, pela balança ela pesa quase quatro kilos, é oficialmente o maior bebê que esse hospital já teve.
Mia riu ainda fraca mas logo depois de ver o bebê ela desmaiou. Não sabia se isso era algo preocupante mas fiquei desesperado.
— Isso é normal?
— Ela está exausta, foi uma queda de pressão não se preocupe.. mas precisamos conversar sobre a saúde mental dela.
— O que tem?
— Disse que ela está sem memória a cerca de oito meses, o pós parto é o momento mais delicado de toda maternidade. De forma nenhuma podem deixar ela se estressar nos próximos três meses, a perda da memória já não vai ser algo positivo pra ela e pode ser que ela fique confusa em muitos momentos.
— Confusa em qual sentido?
— Pode ser que comece a esquecer fatos recentes, rostos, nomes.. vou pedir a psiquiatra do hospital para falar com ela.
— E o que pode acontecer se ela se estressar?
— Depende, com cada pessoa é diferente... mas no pior dos casos ela pode ficar desequilibrada, louca..
Aquilo realmente me assustou, Mia já passou por muitas coisas eu não poderia deixar isso acontecer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Friendzone
RomanceOliver vive um conflito interno com seus sentimentos de uma vida toda por sua melhor amiga de infância Mia e vai precisar enfrentar seus próprios demônios para se encontrar. +18: Essa história contém conteúdo sexual explícito; gatilhos de todos os t...