Era o segundo dia sem a minha filha e Mia parecia nem estar aqui, seu olhar estava tão distante e até para comer precisava de ajuda.
— Vamos achar ela Mia... está ouvindo?.... você está com fome? Ou com sede?.....
Ela não respondia, nem estava me ouvindo na verdade, os médicos disseram que seria bom conversar com ela pra estimular sua mente a reagir mas faz dois dias e nada.
— Oliver a polícia está aqui..
— Acharam ela?!
— Não filho.. ainda não... pode ir lá eu fico com a Mia..
A cada vez era uma falsa esperança, eu não consigo dormir nem comer já nem me lembro a última vez que tomei banho me sentia um lixo..
— Conseguimos uma nova pista, falamos com os pais da Sophia. Provavelmente ela ainda está com o bebê em uma casa da família onde estava se escondendo esse tempo todo.
— Escondendo? Como assim?
— Quando ela perdeu o bebê entrou em uma psicose profunda, ela já tinha mas o caso se agravou.. conversando com o primo Trevor descobrimos que foi ela quem deu os remédios pra que ele te envenenasse..
— Porque?! Eu não consigo entender nós... nós sempre fomos amigos..
— Trevor disse que ela teve uma fascinação por você desde o primeiro dia.. é uma longa história mas o importante é saber que provavelmente ela só está cuidando da sua filha como se fosse dela.
— Como podem ter certeza?
— No hospício onde estava precisaram dar a ela uma boneca, ela só está fantasiando.
Eu nunca poderia imaginar que Sophia teria algum distúrbio, por mais que ela tenha sido cruel comigo e com a Mia de propósito sinto que abusei de uma pessoa e esse sentimento era horrível.
Mas uma coisa passou pela minha cabeça, Sophia gosta de mim e se fantasia que Olivia é nossa filha talvez isso seja um ponto positivo pra gente.
— Posso tentar me aproximar dela..
— Seria arriscado pra você.
— Acha que eu me importo comigo? Olha pra mim, olha pra minha mulher lá dentro acha que estamos nos importando? Eu sei que pode dar certo só me coloca na frente dela.
Ele pareceu analisar a situação e embora eu não saiba exatamente como fazer isso eu sei que pode funcionar, Sophia não queria terminar comigo e ela ainda me quer eu tenho certeza.
— Tudo bem mas tem que ser feito com cuidado, vamos investigar antes e pode ser que leve um tempo talvez um ou dois dias..
— Mais tempo?
— Precisamos saber em que condições esta sua filha, saber se tem armas na casa, se Sophia está estável pra você intervir. É por segurança.
— Tá tudo bem... fiquem em contato por favor.
Pelo menos agora eu já sei onde está minha filha e mesmo não sendo o suficiente isso me deixa mais focado.
..............................................
Dois dias depois.
— Tem armas na casa.
— Armas?
— É uma casa de caça, tem armas e munições. A parte boa é que a observamos de longe por dois dias e ela trata a criança como se fosse a própria filha amorosa e carinhosa.
— Qual o plano?
— Vamos te entregar uma sacola de compras precisa parecer normal.. você vai só entrar na casa como se tivesse acabado de voltar das compras e começar a conversar com ela como se fosse o marido. Os pais dela disseram que ela age normal quando não a tratam como uma pessoa doente.
— E se ela fizer alguma coisa? Se atacar minha filha?
— Contanto que haja normal ela não vai... vamos entrar assim que estiver com sua filha no colo então seja rápido..
Já estávamos no carro chegando na casa, eles colocaram uma escuta na gola da minha camisa e me deram uma sacola cheia de comida.
— A escuta é pra saber se podemos entrar, é só dizer a palavra café tem um pouco na sacola tente encaixar numa frase aleatória e saberemos.
Havia uma viatura e uma ambulância escondidos próximos dali, agarrei a sacola e fui em direção a casa com minhas mãos trêmulas.
Respirei fundo e entrei na casa da forma mais natural possível e ela estava na sala segurando a Olivia e olhou pra mim assustada
— Oi amor, eu comprei algumas coisas... desculpa acho que demorei o mercado estava cheio.
Coloquei a sacola sobre a mesa de madeira a vendo me encarar ainda confusa, seus olhos tinham olheiras profundas e ela parecia não pentear o cabelo a dias realmente parecia louca. Ela veio até mim com Olivia nos braços e felizmente minha filha estava bem cuidada.
— Você voltou...
— Claro que voltei..
— Senti saudade..
Ela disse começando a chorar e isso me deu pena, eu sei que ela me fez mal mas eu também fiz a ela. Eu a abracei e ela correspondeu no mesmo instante chorando sem parar..
— Ta tudo bem, eu tô aqui...
—Porque demorou tanto?
— Eu já disse o mercado estava cheio..
— Mentira. Estava com a Mia... estava me traindo?... eu uso o perfume dela e deixo você fingir que eu sou ela isso não é o suficiente?
Ela estava começando a me assustar, ela sabia sobre o perfume que dei a ela... Olivia começou a acordar de tanto que Sophia a balançava em seu colo.
— Sophia porque não guarda as compras eu vou colocar o bebê pra dormir..
— Ela já esta dormindo, ela gosta do meu colo... pensei que eu tinha perdido ela mas não ela está aqui, olha que linda... linda ...
— Eu sei é muito linda mas sabe de uma coisa, eu tô triste..
— Triste? Porque?
— Porque faz muito tempo que eu não seguro ela e eu sinto muita falta de segurar ela... eu posso?
Ela olhou pra mim e pra menina parecendo tentar tomar uma decisão, com relutância ela me entregou Olivia e eu respirei aliviado.
— Gosta de segurar ela?
— Gosto muito..
— Ela é nossa filha não é?
— Claro é nossa... Sophia pode fazer um café por favor? Estou com vontade.
— Consegue ficar com ela? Tem certeza? Não pode machucar ela é delicada..
— Tenho certeza, pode ir fazer o café..
Ela caminhou até a sacola de compras ainda olhando pra mim como se estivesse obcecada pela criança e no mesmo instante os policiais entraram na casa a assustando e vindo pra cima dela.
Ela começou a gritar quando os policiais a imobilizaram no chão, ela estava chorando e gritando pelo bebê e por mim esperando que eu fizesse alguma coisa.
— Oliver! Não deixa eles fazerem isso comigo! Oliver! Eu preciso do bebê da nossa filha! Oliver!
Eu sai de lá sem conseguir ouvir mais aquilo, doía meu coração e felizmente minha filha já estava nos meus braços, olhei para seus olhinhos semi abertos notando o pequeno brilho laranja enquanto ela resmungava no meu colo e não pude conter minhas lágrimas.
— Eu senti tanta saudade meu amor..

VOCÊ ESTÁ LENDO
Friendzone
RomanceOliver vive um conflito interno com seus sentimentos de uma vida toda por sua melhor amiga de infância Mia e vai precisar enfrentar seus próprios demônios para se encontrar. +18: Essa história contém conteúdo sexual explícito; gatilhos de todos os t...