Morrendo

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Algumas horas antes...

— Vamos Mia.

— Não é melhor comprar um teste de farmácia?

— Não, é melhor ter certeza no médico e saber de quanto tempo você está.

Minha mãe marcou uma consulta pra mim ontem a noite, ficamos acordadas conversando sobre o que fazer caso fosse mesmo positivo. Eu estava nervosa, não conseguia chorar mas minhas mãos estavam tremendo eu sentia que estava passando muito mal.

Eram quase seis da manhã e a consulta estava marcada para as seis e meia. Quando chegamos o médico tirou meu sangue, eu já estava fraca mas com isso me senti pior ainda..

— Sua pressão está muito baixa, acho melhor ser internada.

— Não, eu quero ir pra casa.

— Tem certeza? A senhora concorda?

O médico perguntou a minha mãe e ela apenas assentiu apesar de tudo ela nunca me obrigava a fazer algo que eu não queria.

— Doutor aqui está o resultado dos exames dela.

Quando a enfermeira entregou a ele os papéis eu comecei a suar, meu coração estava disparado e eu sentia meu corpo tremer. Minha mãe estava segurando minha mão sendo um apoio incrível pra mim como eu nunca imaginei que seria.

— Sim, suas suspeitas estão certas você está grávida.

Eu ainda tinha esperanças de não ser verdade, minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto mas eu não conseguia me mexer estava paralisada de medo... na verdade desesperada.

— Ainda está muito no início, está com exatos um mês hoje ao que parece.

Um mês atrás foi quando Oliver disse que me amava depois da gente transar na cozinha, lembro de me sentir diferente depois do que fizemos... eu senti ele dentro de mim..

— Tem que se cuidar muito os três primeiros meses são os mais delicados, se alimente bem, se você fuma ou bebe terá que parar e o mais importante tente não se estressar.

— Mia? Esta ouvindo?

.... quero... quero ir pra casa mãe..

Eu não estava me sentindo bem minha mente estava uma bagunça. O médico terminou de dizer a minha mãe o que restava e então nós saímos.

Quando chegamos ao lado de fora da clínica recebi uma mensagem da dona Vivian dizendo que queria conversar comigo. Pela primeira vez em tudo isso eu tive um pouco de esperança e isso me fez sorrir, ela não estava com raiva de mim como eu pensei.

— O que foi?

— A dona Vivian quer conversar comigo... eu vou pra lá agora..

— Espera o médico disse que sua pressão está baixa tem certeza de que não quer ir pra casa e conversar com ela depois?

Ela nunca se importou comigo mas agora estava preocupada, fui até ela e a abracei mesmo sabendo que ela não ia retribuir. Ela estava sendo a mãe que eu sempre precisei.

— Obrigada por me ajudar mãe... eu vou ficar bem, vou falar com ela e tenho certeza de que vamos resolver isso.

— É o que eu espero Mia, tomara que tenha mais sorte que eu..

Ela não parecia confiante mas suponho que seja por sua própria história.. não estávamos tão longe de casa então em menos de quinze minutos eu cheguei lá.

Ainda tinha as chaves mas estava com medo de entrar e Oliver me expulsaram de novo.. mesmo assim correndo o risco eu bati na porta e a abri vendo que não tinha ninguém.

— Tia Vivian?

Olhei no andar debaixo e não vi ninguém mas então comecei a ouvir uma voz no andar de cima. Subi ainda com receio e logo os gemidos começaram a ficar mais altos vindo do quarto dele...

Não eu só podia estar louca.... meu coração doía por antecipação, a medida que eu me aproximava os gemidos ficavam mais evidentes e quando abri a porta eu vi....

Ofeguei sem conseguir ter uma reação pra aquilo, eles estavam transando..... Sophia e Oliver estavam me traindo...

Eu vi quando ele a segurou e ela nem mesmo me notou ali... eu não consegui mais olhar pra aquilo, minha visão estava turva pelas lágrimas e a dor que eu estava sentindo no peito era absurda. Sai de lá correndo e sem perceber já estava no meio da rua.

A imagem ainda estava na minha mente, minha respiração começou a ficar desregulada e a crise estava vindo mais forte desta vez. Nem vi quando o carro freiou em cima de mim eu estava desnorteada.

— Mia? Ei o que houve?

Não... tudo menos ele... eu não queria ver o Trevor de novo.

Cai no chão sem conseguir manter o peso nas pernas, sentia meu corpo tremer mal podia puxar o ar.

— Calma, tenta respirar..

Ele segurou meu rosto mas eu não conseguia respirar aquilo estava horrível era como estar sufocando.

Não posso.... respirar...

— Concentra em mim, faz o mesmo que eu..

Ele começou a expirar e respirar profundo me ajudando a fazer e aos poucos comecei a sentir o ar voltando mas em contra partida minha cabeça estava explodindo.

tá... tá doendo...

— O que tá doendo?

.... minha cabeça...

Ele me pegou no colo e por mais que o odeie naquele momento eu me agarrei a ele como uma criança. Trevor me colocou no carro e assumiu o volante em seguida, tentava conter os tremores no meu corpo mas estava tão frio.

— Desliga... o ar condicionado.. do carro...

— Mia não está ligado.. espera deixa eu ver uma coisa.- Ele tocou minha testa e meu pescoço e pareceu assustado.— Você está queimando de febre, vou te levar pro hospital.

— Não.. me leva pra casa..

— Mia..

— Me leva... pra casa.

Estava tentando conter meu choro mas não estava conseguindo, Trevor começou a dirigir pra minha casa e quando chegamos ele saiu do carro e tocou a campainha. Eu não conseguia me concentrar em nada que não fosse o que eu estava sentindo, o frio, a falta de ar, e a dor no peito.... Era como ter uma overdose outra vez a dor era a mesma.

Trevor abriu a porta do meu lado e logo atrás dele estava minha mãe, ele me pegou no colo e me levou pro meu quarto e quando me colocou na cama senti que ia desmaiar.

— Meu Deus Mia... precisa ir pro hospital..

— Não... mãe eu não quero... eu só.. só quero morrer..

Ela olhou pra mim e não foi necessário que eu dissesse a ela. Pude ver a pena que sentiu de mim, eu estava sozinha assim como ela esteve comigo anos atrás e agora eu a entendo perfeitamente.

— Mãe... eu..estou com dor... de cabeça..

— Não sei se com sua gravidez seria bom te dar um remédio sem ir ao médico antes.

—..porfavor..

Ela olhou pra mim e depois para o Trevor, foi até o quarto dela e quando voltou me deu uma pílula e me ajudou a tomar.

— É específico pra dor de cabeça, mas não sei se vai funcionar.

Eles continuaram ali cuidando de mim, minha mãe acariciava meu cabelo em um carinho bom que estava me deixando confortável.

Só que derrepente depois de cerca de dez minutos comecei a sentir algo estranho no meu corpo. Era um calor repentino que me fez ficar agitada, minha mãe notou isso e começou a se preocupar, a dor na cabeça veio ainda mais forte me fazendo gritar..

— Mãe! O que tá acontecendo?! A-ha tá doendo...

— Merda.... Mia se acalma, filha por favor se acalma.. vamos pro hospital agora.

Isso foi a última coisa que ouvi antes de apagar.

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