Ela de volta

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A médica da ambulância estava examinando Olivia para saber se estava tudo certo com ela enquanto os policiais estavam levando Sophia de volta a clínica de onde ela fugiu, eu só queria ir pro hospital e entregar a menina pra Mia voltar a ser como antes e depois ir pra cada com a minha família.

— Uau, ela é muito esperta já aprendeu a segurar o dedo... ela está bem, está saudável e tem se alimentado com leite materno.

— Onde ela conseguiu leite materno?

— Tem um estoque no hospital para bebês órfãos ela deve ter roubado... Olivia está saudável pode levar ela pra casa..

Essa era a melhor notícia que eu podia ter recebido, a ambulância me levou até o hospital e assim que chegamos minha mãe já me esperava na porta.

— Ela está bem?

— Está, a médica já examinou ela está ótima..

— Ah meu Deus... eu não consigo descrever o peso que saiu de mim agora, Mia está acordada, leva a menina e veja se ela vai reagir..

Eu corri até o quarto e a primeira coisa que fiz foi colocar a menina no seu colo, ela segurou mas foi por impulso ela nem estava olhando.. talvez se chamasse sua atenção seria diferente..

— Mia? Amor olha... é a Olivia você disse que queria ela.

Comecei a me preocupar porque ela olhava pra menina sem nenhuma reação e depois voltava a encarar o nada, o médico garantiu que com a menina ela reagiria e se não esse estado seria permanente. Eu estava tentando não chorar mas eu sentia um desespero dentro de mim que não conseguia conter e eu continuei tentando falar com ela.

— Ela está aqui, Mia ela está aqui.

Aproximei a Olivia de seus olhos mas ela não reagiu e eu comecei a perceber que isso não aconteceria, o médico entrou e eu já não podia conter meu desespero pela situação minha mãe chorava claramente sem esperanças e os médicos não diziam nada

— O que está acontecendo porque ela não reage?!

— Sinto muito mas avisamos que poderia ter essa possibilidade...

Não... isso não estava acontecendo, eu não podia perder a Mia dessa forma ,Olivia precisa dela e eu preciso dela. Eu tinha que continuar tentando.

— Mia, amor você precisa acordar... precisa ver nossa menina, olha pra ela.

— Oliver meu filho..

— Olha pra ela Mia porfavor.... porfavor..

....................................................

Olivia faz um mês hoje, Mia não responde ela nem sequer sabe o que está acontecendo... eu acordo todos os dias com a mesma rotina.

Preciso dar banho, dar comida, sair pra tomar sol e conversar... isso com Olivia e Mia...

Eu não me importo em fazer tudo isso, é meu jeito de demonstrar que a amo na saúde e na doença mesmo que oficialmente não estejamos casados. Eu amo ela, faria qualquer coisa por ela.

Olivia não quis a fórmula, tentamos dar todo tipo de vitaminas a ela mas ela só aceita o leite materno e Mia está cheia e as vezes parece doer o peito. Deixamos que Olivia se alimente dela, afinal é uma forma de manter o vínculo entre as duas.

Como todas as manhãs Olivia acordou chorando com fome, troquei sua fralda e acendi apenas a luz do abajur. Mia sente muita dor de cabeça, é o único momento que ela demonstra alguma reação porisso mantemos a luz apagada, felizmente ela já estava acordada sentada na cama a uma hora encarando o vazio como sempre.

— Mia está na hora dela comer, vou precisar tocar em você tudo bem?

Eu sempre peço permissão porque não quero deixá-la desconfortável, coloquei Olivia em seu colo e toquei seu peito fazendo a menina comer um pouco quando.....

— Oli?.... estamos..em casa?

Eu não podia acreditar que ela tinha reagido... podia sentir meu corpo ficar gelado pela emoção do momento, me afastei dela pra observar se eu estava louco mas não, ela estava aqui.. não pude segurar as lágrimas e saí correndo até o corredor para gritar minha mãe.

— Mãe! Mãe rápido vem aqui!

Voltei ao quarto sem poder me conter e a beijei por todas as partes apenas querendo matar a saudade, podia sentir minhas mãos tremendo ela estava bem, estava acordada eu não podia acreditar nisso..

— O que tá acontecendo?... eu não tô entendendo...

— Ah meu Deus... ela acordou...Mia..

— Dona Vivian eu... não estou entendendo...

Ela parecia tão confusa que tive medo que estivesse mal ainda, eu não conseguia parar de tremer e chorar ao mesmo tempo. Eu não estava preparado pra isso foi literalmente do nada. Minha mãe acendeu as luzes e ela ofegou fechando e abrindo os olhos provavelmente ainda muito sensível.

— Como você está meu amor? Porfavor me diz que está bem...

Me sentei a sua frente na cama e ela ainda estava bastante confusa e parecia estar com dor.

— Minha cabeça está doendo... Oli... o que tá acontecendo?

— Qual a última coisa que se lembra?

—... eu amamentei a Olivia e você pegou ela no colo... e depois eu dormi... Estava tão cansada e.... acordei aqui..

Ela se lembrava apenas do último dia em que vimos a Olivia o trauma deve ter sido grande o suficiente pra apagar por completo o último mês.

—...tá eu não sei como te explicar isso... vou ser direto.. você ficou catatonica por um mês.

Ela pareceu não estar entendendo nada, olhou pra menina a tocando depois pra mim e depois pra ela mesma se analisando. Entendo que pra ela não foi um mês foi apenas uma noite, ela dormiu e acordou aqui então felizmente não precisou lidar com a perda da Olivia.

— Porque?... o que houve? Eu não entendo... eu estava bem..

— Não meu amor você não estava, e ficou pior depois do que aconteceu com a Olivia.

— O que aconteceu com minha filha?

Eu precisava explicar a ela de uma forma que ela não fosse se alterar demais, minha mãe se aproximou me encorajando e eu tomei coragem para começar.

Contei sobre a Sophia, sobre o plano da polícia e sobre Trevor, a cada frase ela se agarrava a menina mais ainda parecendo que estava com medo de perdê-la outra vez. Dava pra ver que ainda não estava recuperada a diferença é que agora ela respondia.

— Mas ela está bem não é? Fizeram alguma coisa com ela? Machucaram?

— Não ela está bem, não se preocupe mais, está tudo bem agora..

Ela olhou novamente pra Olivia e começou a chorar derrepente depois de alguns minutos, não entendi porque mas ela parecia triste com alguma coisa e me surpreendeu quando ela disse

— Disse que ficaria tudo bem depois da overdose... não cumpriu sua promessa..

Minha mãe olhou pra mim notando a mesma coisa e meu olhos se encheram de lágrimas por perceber.

— Mia... isso foi a quase três anos, quer dizer que...

Ela parecia bastante confusa mas assim como eu ela tinha acabado de notar o que acontecia e sorriu ao perceber.

— Seu lugar favorito é o parque o mesmo lugar onde fez o aniversário de doze anos... o mesmo parque em que demos o nosso primeiro beijo... eu me lembro..

—...lembra?... de tudo?

— De tudo...

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