Eu não sei como ela sabia mas hoje era o dia em que eu mais precisava vir a esse lugar e me distrair. Me custou muito falar com a Sophia e explicar meus motivos porque afinal eu não tinha motivos.
Mia me pediu e eu obedeci foi exatamente isso.
Minha mãe está certa estou vivendo por cada migalha que ela me dá mas isso já se tornou um hábito tão grande que não posso mais parar, está automático.
— Primeira parada, montanha russa.
— Mia eu tenho medo da montanha russa da última vez eu passei mal.
— Da última vez eu não estava com você, vem logo eu seguro sua mão.
Ela decidiu que iríamos em todos os brinquedos aproveitando que o parque estava praticamente vazio, não a contestei nem um minuto porque queria que ela comandasse o dia.
Entramos na montanha russa e ela segurou minha mão entrelaçando nossos dedos ao sorrir pra mim, eu gostei disso mas não queria me iludir pensando que significava alguma coisa.
Se tem algo que aprendi com a Mia todos esses anos é que nunca significa nada mesmo quando significa pra mim.
Durante todo o percurso da montanha russa ela segurou minha mão, eu tenho medo de velocidade então quando o carrinho do brinquedo dispencou do alto eu fechei os olhos apertando a mão dela com força.
— Ei olha pra mim, assim não vai ficar com medo.
Ela tocou meu rosto me fazendo olhar pra ela enquanto o brinquedo subia e descia fazendo curvas rápidas. Eu estava entretido em seus olhos de um jeito que nunca tinha ficado. Quando finalmente o brinquedo parou de rodar eu percebi que não fiquei com medo, eu nem estava prestando atenção.
— Tudo bem? Quer ir em outro?
Apenas assenti sem palavras pra descrever como eu me sentia, fomos até o bate-bate e eramos os únicos na pista. Me sentia uma criança disputando com ela e gargalhando cada vez que nossos carros batiam, juro que sentia falta de rir tanto como estava agora.
Quando saímos de lá Mia me puxou até os jogos de tela, disputamos isso por cerca de duas horas até irmos a outro brinquedo e depois a outro e depois a outro.
Foi um dos melhores dias da minha vida, não falamos sobre nada, estávamos sendo amigos e apenas nos divertindo mas foi especial. Ver ela sorrir e poder sorrir com ela sem pensar em nenhuma preocupação.
— Se derrubar mais um você ganha Oli..
— Shii deixa eu me concentrar...
Mirei a arma de brinquedo nos bonecos a frente me concentrando em atirar, já era a terceira tentativa e eu estava apreensivo mas quando disparei derrubando o fantoche eu finalmente ganhei o prêmio.
— Você conseguiu!! Puta merda você conseguiu mesmo!
— E você estava duvidando de mim! Tá pode pode escolher a pelúcia que você quer.
Ela observou os ursinhos nas prateleiras e pegou um escolhendo o mais feio, era pequeno, com a boca aberta e olhos separados.
— Sério?com todos aqueles ali você escolheu esse?
— E o nome dele vai ser Oli... tem os olhos laranjas.
— Obrigado? Não sei se foi um elogio.
— Claro que foi.. vem já está tarde e ainda falta a roda gigante e o algodão doce.
Eu também odeio lugares altos, mesmo assim ela não me deixou questionar apenas me arrastou até a máquina de algodão doce pegando um e depois até o brinquedo.
Já estava entardecendo e o céu começava a ficar laranja, Mia encostou contra meu peito observando o pôr do sol enquanto comia o doce, mesmo com medo da altura eu estava amando esse momento.
Ali abraçado a ela foi como um primeiro encontro, foi um momento especial pra mim porque pela primeira vez eu pude demonstrar a ela o que sentia sem parecer estranho. Acariciava seu braço sentindo ela arrepiada, talvez estivesse com frio.
— O céu parece seus olhos... tão bonito..
Ela olhou pra mim, eu não conseguia descrever a sensação era como estar olhando o paraíso. A imensidão dos seus olhos castanhos me atraía como uma armadilha que eu não podia escapar.
Seu rosto estava tão perto que eu poderia jurar que ela estava tão hipnotizada quanto eu, vi quando ela sorriu descendo os olhos até minha boca, eu tinha tanta vontade....
O brinquedo parou nos fazendo notar que já tinha terminado o tempo, Mia se levantou e eu fiz o mesmo novamente frustrado por não ter acontecido nada, afinal o que eu esperava?
— Posso tirar uma foto do casal?
O fotógrafo do parque perguntou assim que saímos do brinquedo.
— Não somos um ca....
— Pode sim.
Ela respondeu na minha frente antes que eu pudesse explicar ao homem que somos só amigos. Ela me abraçou olhando pra mim e sorrindo estava tão confuso com sua atitude que nem notei quando o homem tirou a foto.
Ele nos entregou a foto e depois saiu, Mia e eu olhamos vendo que realmente parecíamos um casal na frente da roda gigante com o pôr do sol bem ao fundo.
— Eu gostei..
— Ficou boa mas faltou uma coisa Oli.
— Falta? O que?
Ela me encarou novamente mas desta vez segurou meu rosto, com sua respiração ofegante ela desceu os olhos até a minha boca e como um impulso eu fiz o mesmo. Mia puxou meu rosto pra mais perto do seu e sem hesitar ela me beijou.
Desta vez não é um sonho isso é real e eu estava arrepiado, minhas mãos envolveram sua cintura a puxando contra meu corpo e minha língua invadia sua boca de forma sedenta assim como ela estava. Ela comandava bem em um beijo intenso se movendo calma e com vontade e era diferente.
Puta merda como era gostoso.
Eu não estava esperando por isso mas porra como eu gostei dela ter tomado a iniciativa que eu tanto desejei por anos, ela arfava contra minha boca buscando o ar que falava arranhando meu pescoço de leve.
Eu estava fora de mim, possuindo sua boca com vontade esquecendo completamente que estávamos em público, esperei por isso a vida toda e agora que aconteceu estava me deliciando como se fosse o último beijo da minha vida.
Podia sentir o calor subindo ouvindo seu quase gemido contra minha boca cada vez que apertava minhas mãos nela, Mia sorriu parando o beijo aos poucos depositando leves selinhos na minha boca ainda de olhos fechados grudando nossas testas enquanto recuperavamos o fôlego.
— Nossa... foi o melhor beijo que já dei na vida...
Ela ainda estava ofegante e isso me fez rir, não sei o que a fez querer me beijar mas isso não importava agora. Ela me considerou o melhor beijo da vida dela e eu me sentia lisonjeado e com o ego alto.
— Sua boca tem gosto de algodão doce...
Ela soltou uma risada alta e olhou pra mim voltando a me beijar, a sensação é incrível, muito melhor do que pensei que seria ultrapassou tudo que eu já imaginei.
— Oli... vamos pra casa.. acho que precisamos conversar.
— Vamos mas... só mais um beijo porfavor.
Isso era como uma recaída nas drogas eu não podia parar, a agarrei com força e ela retribuiu no mesmo instante com sua língua quente e desesperada na minha boca. Assim como eu ela estava com vontade disso eu podia sentir.
— Oli se... a gente continuar vai ser difícil parar..e estamos em público...
— Tá... tem razão...
Nos afastamos ao mesmo tempo mesmo a contra gosto ofegantes e vermelhos. Ela olhou pra mim e foi automático começarmos a rir juntos.
Foi o melhor dia da minha vida.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Friendzone
RomanceOliver vive um conflito interno com seus sentimentos de uma vida toda por sua melhor amiga de infância Mia e vai precisar enfrentar seus próprios demônios para se encontrar. +18: Essa história contém conteúdo sexual explícito; gatilhos de todos os t...