Capítulo 10

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Assim que Gabe caiu no sono, faço que havia informado. Pego minhas roupas, tomo um banho e durmo em meu quarto.

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Vou para a sala ao acordar, ainda esfregando os olhos e cansada. Gavin já está de volta, terminando de colocar a mesa do café da manhã. 

- Bom dia, Amelie. Você sumiu ontem, aconteceu alguma coisa?

Puxo a cadeira a sua frente para me sentar.

- Passei mal e voltei para casa - Minto.

- Tudo bem agora? - Assinto.

Estou tão sonolenta que só noto a presença de Gabe quando me sento e tomo um gole de café. O rapaz está estirado no sofá jogando o que parece ser Good Of War, quanto consto isso, engasgo com a bebida. Talvez não estivesse pronta para vê-lo ainda, mas o fato de morarmos juntos não me dava outra alternativa. Vê-lo de relance, concentrado na TV, só fazia as memórias da noite passada ocuparem meu pensamento.

- Opa! - Meu irmão fala, com um meio sorriso, enquanto me recupero - Vai com calma. Ei, Gabe, sua torrada ficou pronta! - Grita.

Tomo um novo gole de café, pegando uma panqueca que estava no prato.

- Você cozinhou? - Franzo a testa. Gavin sorri, satisfeito consigo mesmo.

- Porque você acha que fiz torradas - Gabe fala, passando ao meu lado e voltando em segundos para se sentar a mesa, com sua torrada em um prato.

Meu irmão o empurra com o ombro e resmunga alguma coisa. Não consigo ouvir, com toda minha atenção voltada para Gabe. Seu mullet um pouco bagunçado, onde tanto tracei as mãos na noite anterior, seus olhos castanhos sem o desejo de antes e a boca que agora dá um meio sorriso, mas me beijava poucas horas atrás.

Provo a panqueca de Gavin, sendo surpreendida pelo sabor. Meu irmão olha para mim, ansioso pelo meu veredito, porém é o peso do olhar do outro rapaz que me atinge.

- E ai?

- Não está tão ruim - Concluo - Está melhor que sua outra tentativa feita a alguns meses lá em casa. Acho que seria bom você provar, Gabe.

Nos olhamos e posso sentir que alguma coisa mudou, esse fato faz cócegas em minha barriga.

É um pouco complicado fingir que nada aconteceu entre nós, como se ontem simplesmente não tivesse tido o melhor sexo da minha vida e que meu corpo não estava dolorido, por tê-lo sentido em todas as minhas partes.

- Se você diz, então vale a pena tentar - Abre um sorriso fraco. Tira o garfo das minhas mãos e roupa um pedaço da panqueca, colocando em sua boca.

Essa ação não tinha absolutamente nada de sexual, ele nem sequer estava olhando para mim, ainda sim quando vi o lamber o caldo em seus lábios, meus pensamentos se voltam para outra coisa.

Engulo em seco.

- É, até que está comestível dessa vez. Mas continuo pensando que o melhor é deixar os doces com sua irmã - Ele devolve o garfo para mim.

- Nunca entendi como você consegue fazer coisas tão gostosas - Meu irmão me encara, parecendo indignado.

Tomo um novo gole de café.

- Ela tem um dom com as mãos.

Engasgo mais uma vez, escutando a fala de Gabe. Uma frase inocente, mas facilmente de duplo sentido.

- Caramba, é melhor você ficar longe do café! - Gavin tira a xícara de perto de mim, com a testa franzida.

Acho que Gabe percebe o motivo da minha ação, pois começa a rir. Uma risada tão longa que ele coloca as mãos na barriga, conforme o rosto do meu irmão vai se transfigurando em uma careta.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora