Capítulo 13

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Quinta-feira

Os biscoitos de Gavin estão bem embalados, esperando-o sob a mesa, quando chego da faculdade me sentindo exausta. Meu irmão não havia retornada para casa e provavelmente foi para o campus diretamente do lugar em que dormiu.

Jogo a mochila sobre a cama e atravesso o corredor, batendo na porta a minha frente. Ninguém me responde e confirmo que ele ainda não chegou em casa.

Suspiro e passo as mãos pelos cabelos. Desde o embate com a minha mãe, tudo o que mais queria era ver e falar com irmão, não para contar o que aconteceu e sim para apenas saber que ele estava ali por mim. Sentir que tinha pelo menos um apoio em minha família. Já tinha certeza sobre isso, mas queria afirmar mais uma vez.

Pego um Hq do homem-aranha da minha estante e me sento no sofá da sala, encolhendo as pernas, determinada a esperar Gavin chegar.

Meia-hora se passam e finalmente escuto o barulho da porta se abrindo uma segunda vez. Gabe já havia chegado a alguns minutos e estava trancafiado no quarto desde então.

- Resolveu aparecer? - Fecho minha Hq, acompanhando os passos de Gavin, com um sorriso colado no rosto..

Ele deixa a mochila ao meu lado e cruza os braços, não parecendo muito contente.

- Você brigou com a mamãe, sério? Reclama tanto que ela não conversa com você que quando ela o faz é para discutirem? - Cerra o cenho.

Meu sorriso desmancha e meus ombros caem. Engulo em seco, surpresa.

- Não é bem assim... - Sibilo e levanto, ficando abafada de repente, incapaz de permanecer sentada e parada.

Cruzo a sala, sentindo o olhar do meu irmão queimando contra as minhas costas. Tenho que conter minha vontade repentina de andar de um lado para o outro, graças ao efeito do nervosismo. Paro poucos metros do sofá, próximo de Gavin. Seu olhar agora é mais cauteloso, parece entender minha postura.

- Amelie, você está bem? O que aconteceu? Você nunca brigou com ela antes.

Entreabro a boca. Meu coração dispara e se torna difícil encará-lo. Meu desejo era fingir que nada havia acontecido, mas agora com a sua pergunta eu tinha necessidade de abrir o jogo para ele. Sentia o sangue em minhas veias borbulharem e sabia que não podia mais sustentar aquela situação. A briga com Sophia havia sido o estopim.

Meu peito se aperta. Os olhos do meu irmão estão arregalados e ele parece notar a batalha interna que traço. Contar ou não. Demonstrar minha fraqueza ou permanecer agindo como se tudo estivesse bem.

- Amelie, olha pra mim - Gavin segura meus ombros, seus arregalados irradiam preocupação - Eu sou o seu irmão e você é a minha irmã, beleza? Eu vou sempre estar aqui para você. Você pode falar comigo, ainda mais sobre coisas da família.

Permaneço calada, tentando reprimir as lágrimas que parecem prontas para serem derramadas a qualquer momento.

- Por que você não fala comigo? - Seu tom é mais alto e sua aflição é quase palpável.

- Porque não quero magoar você!

- Por que você me magoaria? - Rebate com rapidez.

- Não quero que você sinta culpado e muito menos que ache que tenho inveja de você...

Um vinco se forma em sua testa e ele franze o cenho.

- Estou tentando entender o que você quer dizer. Eu nunca acharia que você tem inveja de mim, você é literalmente a irmã prodígio, meu orgulho e o da família.

Balanço a cabeça em negação, sentindo meu peito se apertar.

- O orgulho? Sério?

Sua expressão denota confusão.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora