Sentada no táxi, passo todo o percurso até o apartamento quieta, sem qualquer tipo de som sair da minha boca, apenas observando os prédios da cidade passando pela janela. Não sei se esse fato era graças a bebida ou a anestesia do compilado de emoções pelos últimos minutos ocorridos.
Ao meu lado Gabe segura minha mão e me observa de soslaio, me admirando com uma certa curiosidade. Chega a ser cômico como minha pele parece queimar sobre seu olhar, considerando que agora ele é praticamente meu namorado. Eu acho. Não tenho dúvidas de que minhas bochechas estão vermelhas.
Assim que chegamos ano nosso apartamento e adentramos, Gabe fala:
- Você está bem? Não disse nada da boate até aqui. Acho que nunca vi você calada por mais de vinte minutos.
Estamos sozinhos e muito provavelmente passaremos a noite sem Gavin. Antes mesmo que saíssemos da varanda para encontrá-lo junto a Madison, minha amiga me enviou uma mensagem, informando que os dois iriam para sua casa devido a uma emergência. Não deu nem uma informação além dessa, mas entendia muito bem à que emergência ela estava se referindo.
Jogo a bolsa na poltrona e me sento no sofá. Gabe acompanha meus movimentos, puxando minhas pernas para o seu colo, então começa a desabotoar meus saltos para retirá-los.
- Só tentando processar tudo isso - Suspiro, mas o ofereço um meio sorriso.
- Você sabia que gostava de você. Deixou isso bem claro na verdade.
- Eu sei. Ainda sim, é diferença escutar isso. Se torna real. Real de verdade - Faço uma pausa, analisando o cuidado de suas ações, deixando meus pés em fim livres - Você sabe toda a história da minha insegurança, estou evoluindo aos poucos, mas ainda parece difícil de acreditar que alguém goste de mim.
A fagulha da dúvida paira em minha mente, aquela pequena parte de mim que existe em desacreditar. Ela é pequena e não vejo a hora em que esteja fechada completamente.
Toda sua atenção vai de encontro ao meu rosto.
- As pessoas te amam, Amelie.
Dou uma risada frouxa.
- E eu ainda estou aprendendo a me amar.
- Espero poder te ajudar - Seus olhos transmitem um misto de solidariedade e confiança.
Sabia que essa seria uma caminhada somente minha. Eu e o meus fantasmas. Mesmo assim, sorrio em agradecimento. Evitando me apegar em meus pensamentos mais profundos, respiro fundo e mudo de assunto.
- É bom que você não seja apenas meu amigo agora - Agora é a sua vez de sorrir.
- Eu digo o mesmo - Faz um carinho em meu joelho - Acho que seria uma boa ideia pensarmos em como contar a novidade para Gavin.
Gabe tenta parecer otimista, mas basta estudar todos os detalhes de sua expressão para saber que sente receio em tudo dar errado.
Mordo o lábio, pensativa. Não consigo saber qual seria a atitude do meu irmão.
- Gabe... Acho que talvez, possamos deixar isso em segredo por enquanto - Minha fala o pega de surpresa e seu nariz torce.
- Você quer esperar? Por que?
Porque conheço meu irmão e sei que o medo quanto a sua reação é muito bem estruturado, pois definitivamente Gavin vai surtar e brigar com a gente, principalmente com você. Muito provavelmente ele vai ficar sem olhar na sua cara e demorara dias até aceitar a ideia de que estamos juntos! Respondo mentalmente.
Forço um sorriso.
- Vamos esperar o melhor momento para falar. Podemos ir falando indiretamente só para ver sua reação. Um passo de cada vez.
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Sempre foi você
RandomQuando Amelie embarca em uma nova fase de sua vida, em uma cidade completamente nova graças a sua faculdade, terá que morar com o seu irmão e com Gabe. Melhor amigo de seu irmão, seu antigo vizinho e paixão da adolescência. Morar com dois homens se...