Sempre foi você

Capítulo 19

Quando acordo pela manhã minha cabeça lateja e preciso tomar um remédio para espantar o impacto da ressaca. Felizmente o comprimido e um copo de água já estavam postos na mesa ao meu lado e sabia muito bem quem havia feito isso.

Esfrego os olhos com um resmungo e coloco o copo vazio no lugar. A pulseira ao lado me chama à atenção e sinto sua ausência em meu pulso, recordando que havia a tirado de modo definitivo antes de cair no sono.

Encaro os pingentes. Rosas. Jamais entendi o fato de Gabe me apelidar de rosa e ele nunca explicou o motivo ou me respondeu quando o questionava sobre o assunto. O modo que falava, parecia não ter relevância, mas essa palavra sempre fazia suas bochechas corarem, contradizendo-o. Eu me sentia especial ao ser chamada assim. 

Sempre foi um fato que deteve minha curiosidade. Por que rosa?

E agora ali estava o item, sem significado sob a mesa de cabeceira.

Forço meus pés a saírem da cama, pego a pulseira e sem pensar duas vezes a jogo no lixo ao lado da minha escrivaninha, antes de sair até a cozinha.

Meus músculos doem em lembrança das repetidas danças da noite passada e minha barriga protesta em fome.

A primeira coisa que vejo na cozinha é Gabe, usando o fogão para fritar ovos na frigideira. Contenho um suspiro e abro o armário, procurando algo prático e que possibilitasse minha saída rápida dali.

- Está com ressaca? - Ele quebra o silêncio quando seguro o vidro com cookies e fecho a pequena porta.

- Tudo sobre controle - Falo por educação, sentindo seu olhar queimar minha nuca ao avançar até a geladeira. Pego a garrafa de iogurte e me sirvo.

Silêncio recai sobre nós novamente e agradeço mentalmente.

- Quer ovos com bacon?

Dessa vez eu expiro com força e o encaro.

- Será que pode não fazer isso? - Estreito as sobrancelhas.

Gabe engole em seco e desvia os olhos para a frigideira. Não é de seu feitio forçar diálogos e, depois da nossa conversa ontem deveria estar fora de cogitação.

O som de gemidos rompe o clima desconfortável e nos entreolhamos.

- Gavin.

- Fala sério. Gavin e Madison estão demais - Penso alto.

A dureza no rosto de Gabe muda e noto que há algo errado.

- O que foi?

- É que não é a Madison - Dá de ombros.

Meu queixo cede pelo choque. Sabia que meu irmão era solteiro e ainda sim, era estranho vê-lo com outra pessoa sem ser Mads. Essa era a primeira vez desde que o semestre havia começado em que ele havia trazido alguém para casa.

Levo meu café da manhã para comer no meu quarto. Aproveito que Mads não está com Gavin e vejo uma oportunidade para termos um tempo de qualidade entre amigas. Mando uma mensagem para a ruiva e em quinze minutos estou trocando de roupa para ir até a sua casa.

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- Violet vai chegar mais tarde, dormiu na casa de Noah - Madison explica.

Estamos deitadas em sua enorme cama de casal, apenas conversando e compartilhando entre si, vídeos da internet.

- É ruim ficar aqui sozinha? Nunca passei a noite assim lá em casa, mas imagino que deva ser estranho. Tenho um pouco de receio...

Ela encolhe seus ombros.

- Sim e não. Com o passar do tempo você se acostuma e não sente tanto medo assim. Confesso que dessa vez foi um pouco estranho, acabei me acostumando a dormir com a presença de Violet ou ao lado do seu irmão.