Hospital Católico

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A mãe de Rosa que já desconfiava da sua gravidez, ficou paralisada quando teve a certeza. Rosa não disse mais nada e desabou em lágrimas. Dona Regina queria gritar, mas não pôde pois não queria que seu Olavo soubesse. Ela andava de um lado para o outro no quarto enquanto Rosa se encolhia num canto da cama chorando. E após alguns minutos sem falar nada dona Regina disse.

— Quem é o pai dessa criança?

— Eu não posso dizer. — A jovem disse entre lágrimas.

— Sua perdida. Você se entregou a um homem casado?

— Não, mãe.

— Até quando você pretendia esconder essa gravidez, sua desnaturada?

— Me perdoa, mãe?

— O pai dessa criança sabe?

— Não, ele não sabe de nada.

— Menos mal. Vamos continuar escondendo essa gravidez, você ouviu? Não conte pra ninguém. Eu vou resolver tudo.

Regina não disse essas palavras de um jeito amigável, ela ameaçou Rosa, deixando bem claro que se ela falasse para qualquer um que estava grávida, ela ia para o meio da rua se virar sozinha com aquela criança. Rosa ficou em silêncio, ela estava com medo do seu pai descobrir, com medo da sua mãe, medo dos julgamentos, medo de não ter condições de sustentar o seu bebê, porque ela não podia contar com a ajuda do pai da criança, ela nem sabia se ele iria aceitar ter esse filho com ela. Então a única coisa que lhe parecia certa naquele momento era obedecer a sua mãe. Depois dessa conversa Regina proibiu Rosa de sair de casa, para ninguém descobrir que ela estava grávida, claro que todos os moradores da pequena cidade acharam estranho não verem a jovem perambulando pelas ruas, ou até mesmo ajudando nos afazeres na igreja como sempre fazia, mas dona Regina sempre arrumava uma desculpa.

Dona Regina também passou a obrigar Rosa a tomar chás de ervas para a jovem desinchar. Rosa tinha medo do que aquilo podia fazer com ela e o seu bebê. E quando conseguia ela jogava o líquido fora sem a sua mãe perceber, mas na maioria das vezes ela ficava esperando a jovem beber.

[...]

Enquanto Rosa enfrentava todo esse caos, padre Davi estava pleno distribuindo doces para as crianças da pacata cidade onde agora residia. O jovem padre estava com o polegar na bochecha de uma das crianças quando Figueiredo, o responsável por trazer as cartas dos moradores se aproximou entregando uma delas para o padre Davi.

No conteúdo da carta o hospital católico da capital solicitava a sua presença, pois Infelizmente o pároco de lá havia se envolvido em um escândalo recentemente depois de declarar-se envolvido com uma mulher.

Um assombro invadiu padre Davi quando ele pensou nisto mais a fundo.

Naquele mesmo dia Davi enviou a sua resposta dizendo que compareceria no dia seguinte.

A viagem não foi longa, a cidade ficava há sessenta quilômetros, de onde residia padre Davi, e logo o padre estacionou uma velha rural em frente ao grande, hospital branco e com várias janelas.

Assim que desceu três freiras estavam lhe esperando. Duas mais nova e a terceira uma velha senhora.

— Padre, que bom vê-lo! Estavamos à sua espera. — A freira mais velha falou, abrindo os braços para eles.

— Obrigado.

— Entre.

Eles passaram pela porta, e logo foram inundados pela visão de outras freiras, com olhos curiosos voltados ao belo e jovem visitante.

Padre Davi foi levado até o seus aposentos onde foi deixado sozinho.

Após algumas semanas Regina disse ao seu marido Olavo que ia visitar uma parente e levaria Rosa junto, e sem questionar o marido acreditou. Rosa não sabia o que a sua mãe estava planejando, porque por mais que a jovem perguntasse ela não dizia absolutamente nada. A barriga de Rosa já estava enorme e ela não aguentava mais ser obrigada a amarrar a barriga, usar roupas largas e pesadas, no calor escaldante que fazia na pequena cidade, só para esconder do seu pai que estava grávida.

As duas então seguiram viagem, e só quando chegaram ao destino Rosa descobriu o que a sua mãe havia planejado.

— Assim que essa criança nascer ele será colocado para adoção…

— Não faz isso, mãe.

— Não temos escolha, Rosa. Eu já até escolhi uma família para ficar com ele.

Dona Regina havia levado a jovem para um hospital católico, ela tentou fugir, mas os seguranças a prenderam.

Rosa gritou, esperneou, se debateu tentou fugir, mas de nada adiantou, pois dona Regina já havia combinado tudo com aquelas pessoas que estavam ali, e não havia nada que ela pudesse fazer.

O pecado do padreOnde histórias criam vida. Descubra agora