Capítulo 4

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Assim como a noite anterior Victória não conseguiu dormir, estava estranhando a casa, o quarto e principalmente a cama. Para onde olhava se sentia presa e sem escapatória, apesar do lugar ser enorme estava sufocando aos poucos. Tomara café no quarto mesmo depois das varias alegações de Nena de que ela deveria descer e se juntar ao conde e a tia. Mas por mais que odiasse fazer as refeições a sós, não achava que tinha estômago para aturá-lo, ainda mais depois do que fizera na noite anterior a desrespeitando daquela maneira, como ele ousara invadir o quarto dela daquela forma? Achava que o quarto seria o único lugar que poderia se refugiar quando quisesse fugir e não ser incomodada, mas ele havia deixado bem claro que aquela casa era dele e ele fazia o que queria, em outras palavra, que ela lhe devia obediência, então boa parte da birra para não descer foi mostrar a ele que as coisas não seriam como ele quisesse, se ele não a respeitaria ela tão pouco o faria.

Mas quando encontrou Marlúcia Turner com um largo sorriso pronta para bater na porta do quarto quando enfim decidiu tomar um ar, sabia que teria que aturar a companhia da mulher.

– Pois não? – perguntou tentando restaurar o bom o humor que sabia que ainda residia nela.

– Desculpe, não queria lhe perturbar mas estava preocupada. Gostaria que chamássemos um médico? – ela parecia mesmo preocupada.

– Não é nada para se preocupar, a viagem se mostrou mais cansativa que o esperado – como era bom usar essa desculpa.

– Bem – A mulher abriu um sorriso parecendo revigorada – Gostaria de um chá? Temos muito o que conversar.

Ela assentiu e seguiu sem muito animo. Quando chegou na escada percebeu que não deixara Phillip terminar de lhe apresentar a casa e portanto não sabia se situar decidindo ficar ao passo de Marlúcia quando esta lhe deu abertura.

– Estou tão animada com seu casamento! – exclamou quando sentaram no sofá da sala de visitas – Precisamos correr com a decoração, Alex me pediu para aprontar tudo mas achei que gostaria de planejá-lo, só nos casamos uma vez e você deve ter sonhado a vida inteira com esse momento.

Victória agradeceu mentalmente a empregada quando ela apareceu servindo-as o chá por não permitir que Marlúcia visse como seu semblante passara de desinteresse a comoção.

– Não entendo o porque da correria mas imagino que não veem a hora de estarem juntos depois de um ano apenas nas cartas.

Ela precisou de um momento para entender aquela pergunta, mas foi só associá-la ao boato que Phillip comentou que deduziu que seria isso

– Desculpe – ela falou diante do silêncio de Victória – As pessoas falam e é uma história linda.

Muito bem, ela não deixaria aquilo ir mais adiante, no entanto quando abriu a boca para falar, Marlúcia se adiantou animada com o casamento como se fosse o evento mais esperado de Hanford, se bem que se tratando do Conde provavelmente teria certa importância. Ela pegou uma agenda que estava sobre a mesinha de centro junto com os biscoitos.

– Quantos lugares devo reservar para sua família?

Aquela era a lista de convidados, sua lista de convidados, a lista que sonhara que faria reunida com sua mãe e a irmã após o jantar, ambas tomando um cálice de vinho para animá-las e rindo de cada pessoas peculiar acrescentada uma a uma a lista, conhecidos, alguns amigos de seus pais, outros mais íntimos, suas próprias amigas, sua família...que estaria no topo da lista pois eram os mais importantes, porque eram aqueles que ela teria certeza que não deixariam de comparecer aquele dia importante, mas agora...

O amor vem devagarOnde histórias criam vida. Descubra agora