O casamento estava perto e a cada dia mais próximo a ele Victória se fechava ainda mais. Passava horas do dia na biblioteca ou no jardim, sempre lendo! Talvez usasse isso como uma forma de escapar de tudo. O conde achou que com a presença dela a casa ficaria mais animada, com mais vida, de certa forma isso aconteceu pois além dela Marlúcia se encontrava no lugar, mas não era nem de longe o que ele vinha esperando no último mês quando começou os preparativos para o casamento. Nas refeições Victória comia calada, isso quando as fazia na mesa junto a ele, dava respostas monossilábicas a qualquer pergunta que Marlúcia fazia, nem o provocando estava mais e isso o preocupou. Não queria uma esposa sem vida ao seu lado, por isso precisavam ter aquela conversa, esclarecer como seria o casamento deles e deixá-la tranquila em relação a qualquer receio que tivesse. Preferia ela lhe odiando a depressiva como se mostrava naquela semana após o baile dos Robinson. Mas quando chegou a sala de música a encontrou brincando com as teclas do piano com uma expressão nada mais que dor e isso quase o desencorajou.
Deu dois toques na porta tendo a atenção dela.
– Podemos conversar?
Deu de ombros e se dirigiu ao sofá.
– Sobre o que quer conversar? – apesar da pergunta, ela não estava nem um pouco interessada nela.
– Nossa vida – ele respondeu com cuidado.
– Nossa vida... – ela repetiu devagar.
– Sim – sentou- se na poltrona ao lado – Preciso ser sincero com você sobre os motivos do nosso casamento.
Ela deu um sorriso sarcástico – Agora?
– Sinto que lhe devo isso – e muitas outras coisas – Descobri recentemente que pretendem tirar o título de mim pois julgam-me irresponsável. Espero que vejam o casamento como um ato maduro.
Ela o olhou incrédula
– Você espera?? Está fazendo isso e não tem a certeza de que funcionará?
– Sei que é injusto com você mas não posso perder isso! – sentia que era a única coisa que o ligava ao pai, a sua família.
Ela riu com escória – Claro que não, não se importa em sacrificar a vida de uma pessoa desde que tenha a porcaria do luxo que o título lhe fornece não é?
As vezes Victória não media o valor de suas palavras e acabava o magoando.
– Acha mesmo tão ruim assim ter de se casar comigo?
– Sim! – respondeu sem pestanejar.
O conde a encarou e viu no olhar frio que ela lhe direcionava que conseguir sua afeição seria quase impossível.
– Imagino que não vá querer usufruir dos benefícios de nosso leito conjugal.
Corou horrorizada – Evidente que não!
– No entanto – falou ao recostar-se na poltrona – Não pode me negar.
Ela abriu a boca várias vezes incrédula suspeitando que ele a forçaria e ele chegou a gostar de vê-la tão perturbada.
– Mas estou disposto a deixar de lado essa parte do nosso casamento se também estiver disposta a ser uma boa esposa fazendo todas as refeições ao meu lado, me acompanhando onde requisitarem nossa presença e sendo amável – sorriu quando ela fez careta no último requisito – E é claro não contar a ninguém que nosso casamento é arranjado, deixe que pesem que estamos apaixonados e haja dessa maneira diante delas.
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O amor vem devagar
RandomEra comum encontrar entre a alta sociedade da época, casais que estavam juntos por conveniência, necessidade financeira, poder ou exibição. Casar-se por amor era um privilégio para poucos. E para Victória, um sonho a ser alcançado. Como toda românti...