O centro comercial de Hanford era mais que agitado, para onde olhasse havia alguém em busca de vender seu produto, quando um terminava o anuncio outro já começava em seguida como se fosse uma sinfonia ensaiada e trabalhada, a única coisa que poderia vir a ser um problema seria a multidão, a empurravam de uma lado para o outro sem se importar com quem era, era nítido que aquela parte pertencia as classes mais baixas, mas o intrigante era que seu avô andava entre eles como um conhecedor do ritmo, esquivava-se com uma precisão que das vezes que Victória tentou acompanhar esbarrou em outros, mas ele estava sorrindo e isso era o que importava, segundo seu avô, só conhecia-se a cultura de um povo quando se andava com ele. Mas ela teve de admitir que foi um alívio ao entrar na pequena loja de brinquedos artesanais em meio a tanta confusão.
– O que o senhor pretende comprar para Andrew? – ela perguntou ao tomar fôlego.
– Esse é o problema, o que dar a um jovem barão que já possuí tudo?
Ele acabou por levar uma bola de couro junto a um cavalo de madeira que Victória não teve dúvidas de que o irmão associaria ao pequeno pônei no estabulo de sua casa. Se alguns podiam dizer que cães eram os melhores amigos do homem, para Andrew certamente era seu bom alazão. Ele e Alex se dariam bem nesse quesito.
Quando deixaram a loja ela respirou fundo ao adentrar a multidão, mas dessa vez já com mais facilidade. Subiram as ruas estreitas até elas se tornarem espaçosas e mais vazias, as lojas daquela área competiam pela criatividade, cada placa mais chamativa que a outra. Como ainda não tinha ido ao centro do coração de Hanford antes?
– O que acha daquela? – o avô apontou para uma joalheira de esquina e seguiram até ela.
Precisava de um colar para combinar com o vestido que usaria no baile de Giorgina e ainda não tinha encontrado a peça certa para tal. Queria algo brilhante e ao mesmo tempo modesto, elegante ao ponto de ser digno do maravilhoso vestido. A loja era modesta, tanto por fora como por dentro, nada comparada as joalherias da parte nobre de Hanford, mas as joias de dentro eram o suficiente para encantar qualquer um que entrasse.
– Senhor, senhora – um senhor de cabelos como nuvem polia um relógio ao cumprimentá-los – Procuram algo especial?
Victória assentiu ainda admirando as pedras.
– Por que não me ajuda a escolher vovô? – sugeriu – Sempre amei as joias que comprava para vovó.
E de fato passara anos usando um anel de rubi que herdara.
– Como quiser querida– Ele deu um sorriso galante se afastando rumo as outras prateleiras ao redor e ela se perguntou a quanto tempo o avô não comprava uma joia a uma mulher.
Um pouco mais ao canto, sobre a mesa, havia um colar prateado de safiras, lindo e de um azul tão profundo que desejou que seus olhos fossem daquela forma, intensos, brilhantes.
– É encantador não? – A espinha de Victória gelou com a voz de Crowley atrás dela.
Ele se pôs a ficar ao seu lado apoiado com os braços para trás admirando o colar. Abaixo do seu olho esquerdo havia um hematoma roxo deixando os olhos levemente inchados.
– Sempre achei que mulheres de bom porte e elegância deveriam estar cobertas de joias como esta – passou o dedo sob as pedras – Não acha que são lindas Lady Turner?
Ele parecia hipnotizado pelas pedras. Victória olhou para trás em busca do avô que estava distraído com o vendedor.
– Sim, são.
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O amor vem devagar
De TodoEra comum encontrar entre a alta sociedade da época, casais que estavam juntos por conveniência, necessidade financeira, poder ou exibição. Casar-se por amor era um privilégio para poucos. E para Victória, um sonho a ser alcançado. Como toda românti...